Guia da Semana



Quando escuto pais preocupados, dizendo que precisam levar o filho ao psicólogo, minha reação inicial é pedir um pouco mais de tempo para emitir minha opinião. Avalio a situação durante meu trabalho de Consultoria Familiar e, em boa parte das vezes, não julgo necessário fazer este encaminhamento.

Muitas vezes, a solução do problema trata-se de ter bons hábitos de educação familiar, atividades adequadas que não negligenciem e nem extrapolem as necessidades da criança, boa higiene, boa alimentação, estabelecimento de limites, diálogo, olhar para o filho e pensar nele.

A grande maioria das famílias, que busca terapia, relata questões referentes à agressividade, ansiedade ou qualquer outra questão que incomode. Digo isso, porque as crianças boazinhas ou tímidas (e eu fui uma criança boazinha e tímida), raramente são vistas como carentes de uma terapia infantil. Mais tarde, quando já adolescente, busquei por iniciativa própria fazer análise e parei somente quase quinze anos depois.

Algumas famílias se preocupam com certos comportamentos dos filhos e, desesperadas, pensam em algo patológico, traumático, de difícil condução que só mesmo o psicólogo pode resolver. Santo psicólogo! Incrível como a responsabilidade pelo momento do filho passa a pertencer ao profissional. Como se ele fosse resolver tudo, inclusive questões que muitas vezes estão nos pais!

Claro que uma terapia ou análise é muitas vezes aconselhada, inclusive para crianças. No entanto, a decisão de levar uma criança ao psicólogo deve ser algo seriamente pensada. Não pela qualidade do serviço do profissional em questão, mas sim pela necessidade real e, mais importante, como a criança irá lidar com isso.

Certa vez, ainda na faculdade, atendíamos em grupo na clínica de psicologia. Uma das famílias trazia um garoto de 9 anos que já tinha passado por vários profissionais.

Estávamos todos em grupo quando o garotinho perguntou: vocês são psicólogas? Todos olharam para ele tentando esboçar um sorriso acolhedor e então a orientadora perguntou: o que é uma psicóloga? Após um longo instante de silêncio, ele respondeu: -eu não sei, mas já passei por muitas!

A questão não é que a terapia seja prejudicial ou desnecessária, meu olhar é na atitude dos pais em pensar que só o psicólogo dará jeito. E assim achar que, nada que a família faça seja válido, só mesmo o santo profissional. E se nada surtir efeito, o que fazer? Trocar, claro!

A educação dos filhos é custosa mesmo. O desenvolvimento infantil não é linear. São momentos que se sobrepõem e retrocedem o tempo todo. E nada existe de preocupante nisso.

A Psicologia é uma profissão extremamente séria e importante. Não dá pra sair por aí analisando e passando laudos e conselhos. Isso mais piora do que ajuda, estejam certos.

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Quem é a colunista: Filósofa e educadora. Criadora da empresa Babá Ideal.

O que faz: Orientação familiar e cursos personalizados para babás

Pecado Gastronômico: Panetone.

Melhor lugar do mundo: Qualquer um, ao lado da minha família!

Fale com ela: antoniele @babaideal.com.br ou acesse seu site

Atualizado em 6 Set 2011.