Guia da Semana

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"Minha vovó é espanhola", "a minha é cearense", "a minha tem 80 anos e ainda trabalha como geóloga", "o meu avô fugiu da guerra", "o meu me deixa comer de tudo quando estou com ele", "e o meu carrega lá no alto todos os netos ao mesmo tempo"... Graças a todas essas histórias, em 26 de julho comemora-se o Dia dos Avós. A data foi escolhida porque esse é o dia de Santa Ana e São Joaquim, pais de Maria e avós de Jesus Cristo.

Conta a bíblia que, no século I a.C., Ana e seu marido, Joaquim, viviam em Nazaré e não tinham filhos, mas sempre rezavam pedindo que o Senhor lhes enviasse uma criança. Apesar da idade avançada do casal, um anjo do Senhor apareceu e comunicou que Ana estava grávida de uma menina, a quem batizaram de Maria. Santa Ana morreu quando a garota tinha apenas 3 anos. Devido a sua história, ela é considerada a padroeira das mulheres grávidas e dos que desejam ter filhos. E, junto de São Joaquim, ela é também a protetora dos avós.

Em homenagem a esse dia especial, o Guia da Semana entrevistou a terapeuta familiar e autora do Guia Prático dos Pais, Suzy Camacho, que falou um pouco sobre a relação entre avós e netos. Confira!

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GUIA DA SEMANA: Os avós têm um papel definido na família?
SUZY CAMACHO: Muita gente acaba confundindo esse papel e acredita que eles devem educar os netos, mas eles querem mesmo é se divertir com os pequenos e acredito que a educação tem que vir dos pais e de uma instituição de ensino (a não ser quando os avós são os responsáveis legais pelas crianças). Eles foram mais rígidos quando eram pais e agora querem curtir esta nova fase, passar experiências, contar a história da família, compartilhar os valores e mostrar os limites de uma maneira mais tolerável e tranqüila que em relação aos pais. Eles desejam desfrutar da companhia dos netos.

Existe alguma característica que todos os avós, sejam eles mais jovens ou mais velhos, têm em comum?
SUZY: Geralmente, eles cedem mais. No fundo, acabam premiando o neto, sentem prazer em ver a felicidade dos netinhos nas pequenas coisas do dia-a-dia. Outra coisa que os pais devem entender também é que os avós são velhos e não têm a mesma energia de pai e mãe. Então, os programas com eles costumam ser mais light.

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Muitas mães, porque trabalham fora, deixam seus filhos com os avós. Isso interfere na formação da criança?
SUZY: Faz muito bem para os pequenos conviver com os avós, desde que na outra parte do dia eles freqüentem a escola. Quanto às divergências de limites entre uma casa e outra não vejo problema. Acho que a criança deve saber que na casa do avô ela vai poder fazer muita coisa, e na sua casa não, ou vice-versa. Ela terá que se adaptar. Isso claro, se as regras não forem as mesmas. Se por exemplo, a criança responde lá o meu avô deixa, os pais terão que mostrar que aqui é diferente e que ela vai ter que obedecer, nem que isso seja sinônimo de uma punição ou castigo. Porque senão os pais ficam desmoralizados e perdem a autonomia dentro de sua própria casa.

São os pais que devem ensinar os filhos a serem carinhosos com os avós?
SUZY: As crianças imitam e são condicionadas pelos atos de seus pais. Se eles forem carinhosos com os avós, elas vão seguir o exemplo e também terão grande afeto por eles. Porém, não adianta a mãe apenas falar e não demonstrar carinho nenhum pela avó. Além disso, esta relação depende muito da personalidade da criança e do vovô ou da vovó. Naturalmente, se eles têm uma convivência intensa, a tendência é que os valorizem muito e sejam sempre carinhosos.

Atualizado em 6 Set 2011.