Guia da Semana

Foto:Sxc.hu
Corte fora da sua vida as porcarias

Um avatar no Second Life
Pense bem: o próprio nome já demonstra quão inútil é a coisa. Para quê você precisa de uma segunda vida? E pior: uma vida que só se pode administrar na frente do computador? Não consigo entender porque a mídia faz tanto furdúncio em cima do Second Life. Para quem não sabe, é como um mundo virtual onde você cria o seu avatar (um bonequinho). Ele supostamente deveria se parecer com você, mas a verdade é que ele é mais magro, mais bem vestido e mais bem penteado. E então milhares de zé manés se sentam na frente de seus respectivos computadores e se prestam a viver uma vida de mentirinha. Já criaram até uma réplica da cidade de São Paulo e filiais de empresas no Second Life. Agora, só me diz: pra quê, Deus do céu, pra quêêê?? Se você não tem vida, pra quê precisa de uma segunda?

Uma bota pata-de-bode
Você sabe do que eu estou falando. São aquelas botas de camurça, com um solado bem pesado. Não é nada feminino nem delicado. E, se tiver alguma figura vazada na sola, como uma flor ou um golfinho, aí é de matar. E tem uns modelos que desafiam a consciência fashion humana e aglomeram toda tosquice possível, um pacote completo: bota pata-de-bode com sola vazada e um montão de fivelas, para dar um ar "rústico". Use com mini-saia e um top camuflado e pronto: modelito perfeito para ser apedrejada.
(Um amigo meu costumava contar um causo. Segundo ele, na av. Liberdade, em São Paulo, um trombadinha bateu a carteira de uma garota que estava usando uma pata de bode. Ela não pensou duas vezes: tirou a monstruosidade do pé e arremessou na direção do mão-leve, que caiu no chão com um corte bem no meio do cocoruto. Depois, quando a polícia chegou, não se sabia quem iria prestar queixa contra quem).

Uma cadeira do papai high tech
Na rua Teodoro Sampaio, aqui em São Paulo, tem uma loja de móveis que mais parecem saídos de um episódio dos Jetsons. A estrela da vitrine é uma cadeira do papai que no braço direito (pois é, canhoto não tem vez quando se trata de uma série de produtos) tem grudado um controle remoto universal, botões que acionam a luz do cômodo e um pequeno laptop. No encosto para as costas, tem um massageador e, na aba para esticar os pés, dois buracos para encaixar as batatas da perna. Ou seja: o troço foi especialmente desenhado para que o sr. Sedentário não precise mover um músculo, exceto as pálpebras, para piscar. Não duvido que de algum lugar daquela cadeira saia uma tupperware e uma colherinha para quando o dono sentir fome. Basta abrir a boca. Ah, sim: a loja também tem sofás com os porta-batatas-da-perna em todos os lugares. Quando todo mundo insiste em apontar os males do sedentarismo e da necessidade de fazer exercícios, surpreende que as pessoas paguem tão caro para ter um negócio desse.

Um twitter
Mais uma das estranhas novidades da internet 2.0. Há alguns anos, quando surgiram os blogs, eu achava que qualquer internauta que caísse num blog estilo "hoje eu acordei, fiz xixi, escovei o dente e tomei café" sentiria vergonha alheia pelo blogueiro bocó. Mas não é que a coisa virou moda? Saia com seu celular na mão e informe ao mundo o que é que você está fazendo.

8:30 - To amarrando o tenis.
8:31 - To pegando a chave.
8:32 - To abrindo a porta.
8:35 - To pegando elevador.
8:40 - To indo p/ ponto de onibus.
8:43 - To sendo assaltado pq dei bobeira com o celular na mao.


Uma tatuagem de um par de cerejas
Para que enfrentar a dor de uma tatuagem se você não sabe direito o que tatuar? Dou cem reais para quem der uma justificativa plausível para tatuar duas cerejas onde quer que for. Quem se tatua, geralmente escolhe uma figura ou palavra que signifique muito para ela (por isso eu adoro o programa "Miami Ink", do canal People + Arts. Ele mostra que tatuagem não é mais coisa de "mal encarado", afinal gente de tudo quanto é jeito tem. São comuns as homenagens aos pais, filhos ou parentes mortos*, coisas que a pessoa gosta ou com que se identifica). Agora só me diz: que é que significa aquele raio daquelas duas cerejas? Nada, absolutamente nada. Há quem diga que é uma referência às pin-ups, mas ora bolas, se você gosta de pin ups, tatue a Betty Davis, a Brigitte Bardot ou mesmo o primeiro pôster de borracharia que vir pela frente: faz bem mais sentido. Além disso, a gente nem come muita cereja no Brasil. No máximo, no natal, em cima do sundae ou daquele bolo da padaria - mas, nesse último caso, é só uma imitação grotesca feita de gelatina.

(eu sei que há bons tatuadores por aí, capazes de reproduzir o que você quiser. Mas nada justifica tatuar a cara de alguém na sua pele, por um simples motivo: a gravidade vem para todo. Se você tatuar a cara do seu filho, pai ou namorado no braço, ele ficará um fofo por algum tempo. Mas, daqui a vinte anos, vai estar parecendo a máscara do serial killer de "Pânico". E, se você engordar (o que pode acontecer em bem menos de vinte anos), ficará parecendo o Fofão).

Leia a coluna anterior da Marjorie:

  • Passado: Quem tem medo de foto antiga?

    Quem é a colunista: Marjorie, uma paulistana tipicamente apressada.

    O que faz: Estudante de jornalismo e repórter da revista Pais e Filhos.

    Pecado gastronômico: Qualquer coisa com chocolate.

    Melhor lugar do Brasil: A minha cama.
    Fale com ela: [email protected]
  • Atualizado em 6 Set 2011.