Guia da Semana

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Basta sentar no meio de uma rodinha de amigos para alguém da turma logo puxar o coro de reclamações: "A minha mãe me deixa maluca e estressada com suas cobranças" ou "Ela me controla e quer saber tudo: onde estou, com quem, um saco!". Contudo, no meio de tantas críticas, você já parou para pensar que sua mãe um dia também teve sua idade e se revoltava com tantas cobranças de sua avó para cima dela?

"Sei como são as coisas. Quando era adolescente, achava igualmente um absurdo alguns conselhos que a minha mãe dava e não queria seguir de jeito nenhum", conta a representante comercial Monica Louro Biazioli, de 41 anos. Porém, ela confessa que parando para pensar percebia a razão da mãe. "Os pais sabem o que falam. Por isso, é legal prestar atenção nas dicas deles".

Ainda que não goste da marcação que a sua mãe faz para cima de você hoje, saiba que na adolescência dela o diálogo com os mais velhos era bem mais fechado - para não dizer impossível. Até bem pouco tempo atrás, os tabus nas conversas entre pais e filhos eram muitos - sexo, por exemplo, era assunto proibido "Apesar de termos um bom relacionamento, não tínhamos papo. Eu perguntava alguma coisa e minha mãe sempre desconversava", conta Monica. Ela acredita que isso tenha relação com a forma como a própria mãe, hoje com 60 anos, foi criada, com muita rigidez, como era a prática.

Trocando de papel

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Monica, ao centro, com as filhas Giuliana e Giovanna.

Quando tinha 20 anos, a representante comercial passou a jogar no time das mães, com a chegada de Giuliana, hoje com 21 anos. Tempos depois, vieram Giovanna, agora com 17, e Carla, de 16 anos. Apesar de entender a criação da mãe, ela explica que tenta lidar com as garotas de forma diferente, principalmente na parte da conversa, tentando suprir um aspecto do qual ela própria sentia falta quando era adolescente. "Acho que essa relação [dela com a mãe] poderia ter sido diferente em alguns aspectos. Não que tenha sido difícil, mas eu sentia muita falta de ser mais amiga dela, de poder desabafar", ela relata.

Na opinião dessa mãe de três adolescentes, é muito saudável que as filhas e mães conversem sobre os certos e errados da vida. E estaria tudo ótimo se a avó das garotas não considerasse essa postura um pouco 'avançadinha' demais. Pois é. Pode ser um choque para você, mas a sua mãe também está sujeita ao famoso 'conflito de gerações': "Às vezes minha mãe me pergunta: 'Como você tem coragem de falar disso com elas?'", conta Monica, de forma bem-humorada. "Respondo que é melhor eu explicar certo do que elas aprenderem errado na rua".

E, em meio a essa postura mais aberta e receptiva da mãe, será que as garotas conversam tudinho com ela mesmo? "Na verdade, elas contam até a página dois, depois disso há uma certa reserva", diz Monica, aos risos. Por se considerar uma mãe mais aberta ao diálogo, ela assume que imaginava ter outro tipo de relação com as filhas, mas diz que as garotas ficam com vergonha e não se abrem muito. "Até entendo, pois, mesmo sendo super prafrentex, não tenho tanta certeza se estaria preparada para uma ou outra confissão mais íntima", pondera.

Vivendo e aprendendo

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Durante a conversa com Monica, constatamos o que já desconfiávamos: sim, nossas mães, às vezes, não sabem como agir. E, sem querer, acabam exigindo demais dos adolescentes. No caso de nossa entrevistada, foi Giuliana, a primogênita, que sofreu. Ela explica que não deixava a menina fazer várias atividades, como andar de ônibus sozinha ou dormir na casa da amiga, por puro medo. "Com a segunda melhorei e na terceira filha relaxei mesmo. Acredito que, com isso, a Carla se tornou até um pouco mais descolada e responsável que as outras duas", diz.

Monica conta que um dos únicos motivos de atrito dela com as filhas é em relação ao namoro, problema parecido com o de muitas garotas nessa fase. Isso porque duas delas assumiram o namorado em casa, mas, às vezes, querem sair para curtir uma balada com as amigas. Ela diz que não deixa. "Se a pessoa decidiu assumir a relação, não tem que ficar saindo. Minha filha até brinca, dizendo 'Mas não sou casada! Até concordo, mas não acho certo. Então, desculpe, mas sozinha não sai!".

Apesar de toda a dificuldade que teve em criar as filhas, em especial as menores, que nasceram num espaço de tempo de um ano e um mês apenas, ela sintetiza seu sentimento em relação à maternidade numa frase. "Se tivesse que começar tudo de novo, não mudaria nada do que aconteceu".

Atualizado em 1 Dez 2011.