Guia da Semana

Foto: sxc.hu


Quem já presenciou uma, nunca esquecerá. A sensação é de que a criança vai morrer mesmo. Ela começa chorando, vai jogando o ar para fora, após alguns segundo não inspira mais, fica toda roxinha, amolece, parece que desmaia, cai, adormece e após algum tempo acorda como se nada tivesse acontecido.

As perdas de fôlego em crianças têm sido objeto de preocupação há muito tempo. A primeira descrição de uma crise é atribuída a CULPEPER (citado por LIVINGSTON) no século XVIII.

Essas crises ocorrem mais freqüentemente em crianças entre 6 meses e 3 anos, aumentam com a idade, chegando a 4 a 5 vezes ao dia, desaparecem por volta dos 5 anos e são, na verdade, acreditem ou não, "crises de birra".

Essa "catástrofe" acontece, normalmente, nas primeiras vezes, após uma contrariedade, por menor que ela seja. Pode ser porque a criança cai, por um susto, por ser contrariada, porque alguém tirou um brinquedo da mão dela, etc. (olha ele aqui de novo e põe etc. nisso). Podem ocorrer crises mais severas, seguindo o mesmo script, e a criança perde a consciência, tornando-se rígida e assumindo a posição em opistótono (fica esticadinha arqueando o corpo para trás).

Mas até termos certeza do diagnóstico de "birra" precisamos afastar outras possíveis causas (cardiológicas, neurológicas, hematológicas) de crises de cianose (ficar "roxinha").

Segundo alguns estudiosos no assunto, este quadro acontece em crianças super-protegidas e muito mimadas, que não conseguem trabalhar uma frustração de forma sadia.

A grande dificuldade, para quem não presencia a crise e não conhece a criança e sua dinâmica familiar, é diferenciar a crise de perda de fôlego de uma crise convulsiva (epilepsia).

Pela seqüência dos sintomas, podemos ter uma forte suspeita da perda de fôlego:

1. Presença de fator precipitante representado por estímulo emocional e/ou doloroso.
2. Choro, de duração curta.
3. Parada respiratória na fase de expiração.
4. Cianose (roxinho) ou palidez, usualmente perilabial.
5. Rigidez generalizada (opistótono), com perda de consciência.
6. Movimentos convulsivos clônicos.
Por outro lado, se for um quadro de epilepsia, a ocorrência dos ataques é espontânea, sem um fator precipitante aparente. O choro, antes do ataque epiléptico, nem sempre aparece; a cianose, se presente, aparece depois do início dos movimentos convulsivos e, finalmente, o opistótono é ocorrência rara.

E o que fazer na hora da crise ?
Tentem manter-se tranqüilos, sem deixar a criança perceber que a situação preocupa a família. Quando a criança percebe que a crise de perda de fôlego chama a atenção de todos, inconscientemente, passa a ter mais crises. Segundo alguns psicólogos, o mais adequado é deixar o bebê sozinho, vigiando às escondidas e não acalentá-lo tão logo cesse a crise. Não adianta assoprar o nenê.

Para o tratamento da "crise de perda de fôlego" deve-se visar principalmente uma orientação psicológica para adequar as relações entre os pais e a criança, pois na grande maioria dos casos, distúrbios de conduta formam a parte integral do problema. Lembre-se que:

1. As crises, por piores que possam parecer, não deixam seqüelas nem provocam morte;
2. A tranqüilidade de todos perante a crise, por mais difícil que seja, é fundamental;
3. As crises só desaparecem com o passar do tempo.
Quem é o colunista: Dr. Yechiel Moises Chencinski
O que faz: Médico pediatra e homeopata
Pecado gastronômico: Brownie da padaria Bella Paulista quente com sorvete de creme
Melhor lugar de São Paulo: Qualquer lugar num feriado prolongado (Avenida Paulista, por exemplo)
Fale com ele: www.doutormoises.com.br

Atualizado em 6 Set 2011.