Guia da Semana

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Problemas respiratórios, intestinais e de pele podem indicar que algo está errado com a alimentação. A alergia alimentar afeta cerca de 6% a 8% das crianças com menos de 3 anos e possui difícil diagnóstico. É uma reação do sistema imunológico provocada pela liberação do hormônio histamina, que acontece apenas com a ingestão de proteínas, principalmente relacionada com ovos, leite e trigo. Assim, o organismo identifica tal substância como perigosa ao corpo e coloca as células de defesa para combater "a invasora".

Entre os fatores de risco, está a predisposição genética, já que filhos de pessoas alérgicas possuem maior probabilidade de desenvolver o mal. De qualquer forma, é posível prevenir, basta realizar o aleitamento materno. Crianças que mamam pelo menos até os 6 meses possuem maior resistência ao problema por terem flora intestinal mais saudável e imunidade mais alta.

Como descobrir

Os exames para detectar as causas da reação alérgica não são invasivos. O diagnóstico deve ser realizado por etapas, sendo que cada uma avalia uma forma diferente de manifestação da doença. A primeira coisa que o médico precisa fazer é ouvir as queixas do paciente. Em seguida, ele observa se o caso é realmente de uma alergia, pois o problema apresenta sintomas que podem ser confundidos com urticária e intolerância, como vermelhidão na pele e diarréia.

O próximo passo é fazer um leve arranhão na pele e aplicar compostos alergênicos. É importante lembrar que neste exame não há dor. Além disso, podem ser administradas doses controladas dos produtos via oral, para uma análise de sua absorção ou rejeição pelo corpo.

Sintomas

A reação do organismo pode ocorrer em diversas formas. Na pele, há o aparecimento de urticárias (inflamação do tecido), já no sistema digestivo, acontecem manifestações no trato intestinal, como cólicas e diarréia. É raro o sistema respiratório ser afetado, porém, caso isso ocorra, o problema fica ainda mais sério, trazendo sinusite, rinite, asma e anafilaxia, quando a passagem de ar é bloqueada na traquéia. A última reação é a mais grave que pode ser observada, podendo levar à morte. Quando o quadro se apresenta, é preciso administrar noradrenalina, substância que vem em embalagem semelhante a uma caneta e deve ser injetada na coxa.

Nesses casos extremos, o pai ou responsável pela criança é instruído pelo hospital a administrar a medicação caso o quadro se repita e deve assinar um termo de compromisso. É recomendável que crianças maiores também aprendam a aplicar a noradrenalina em si mesmas, deste modo, podem se socorrer em caso de ataque.

Como cuidar

No dia-a-dia, o tratamento é simples, mas é preciso retirar totalmente o produto da dieta. De qualquer forma, é bom ter cuidado na hora de comprar produtos industrializados, pois os nomes podem enganar. Albumina, por exemplo, é como a clara do ovo aparece nas embalagens, portanto, fique atento(a) à composição.

Por lei federal, o glúten, que causa reações indesejáveis em celíacos (pessoas com intolerância permanente à substância), aparece destacado nos rótulos. Para evitar possíveis processos, as indústrias também apresentam na inscrição traços para deixar claro que eventuais resíduos de outros ingredientes que causam alergia ou intolerância podem estar presentes no produto. Estes resíduos não são necessariamente parte da fórmula do produto, mas estão presentes em outros alimentos produzidos na fábrica.

Saiba Mais


Doença celíaca
É uma doença mista, que, além de reações alérgicas, também apresenta quadros inflamatórios. A reação é ligada exclusivamente ao glúten, proteína presente em trigo, aveia, cevada, malte e centeio. A intolerância é permanente e surge principalmente em crianças de 1 a 3 anos de idade. Os sintomas e o tratamento são iguais aos de qualquer alergia, a abstenção total.

Intolerância
Com os mesmos sintomas da alergia, a intolerância é um problema que está relacionado à absorção dos açúcares dos alimentos e não tem presença do sistema imunológico. Algumas vezes, certo produto desencadeia a produção de histamina. O exame é feito através da medição do índice de açúcar no sangue após a ingestão do mesmo.

Urticária
É uma irritação na pele que pode vir acompanhada de inchaço, vermelhidão e coceira. Pode ter causas alimentares, como a ingestão de chocolate, ou psicológicas, relacionadas a estresse e depressão. Para saber o que desencadeia, o médico administra uma pílula sem princípio ativo, placebo, e uma com o alimento que supostamente estaria causando a reação. No dia seguinte, ele troca a ordem das pílulas e analisa a resposta do paciente.



Conseqüências

Quando não tratadas, alergia, intolerância e doença celíaca, atrapalham a absorção de nutrientes e podem levar ao déficit de crescimento, anemia e desnutrição. Os pais devem ficar atentos aos sintomas apresentados por seus filhos e sempre procurar a orientação de um nutricionista.



Fonte:
Dra. Roseli Sarni
Nutróloga pediatra da Unifesp, presidente Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria e do Instituto Girassol, Grupo de Apoio aos Portadores de Necessidades Nutricionais.
www.girassolinstituto.org.br

Associação de Celíacos do Brasil - Seção Rio de Janeiro (ACELBRA-RJ)
www.riosemgluten.com

Atualizado em 6 Set 2011.