Guia da Semana

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Quando adolescente, eu era muito tímido. Lembro de um episódio que me marcou muito, e que até relatei no meu novo livro, um fato que para mim, na época, foi terrível.

Saí com um amigo e fomos a um baile. Lá, vi uma garota linda junto com outras amigas. Queria me aproximar, conversar com ela mas, na minha cabeça de tímido, uma voz falava: "Você vai tomar o maior fora na frente de todos". Esse era o filme que passava na minha mente, ininterruptamente e cada vez pior. Eu me via indo até a garota, ela nem olhando para mim, e eu ficando em uma situação ridícula e patética sob os olhares e os risos dos amigos.

Eu me sentia humilhado e rejeitado antes de ir até ela e, sem nada ter acontecido, tudo se desenvolveu na minha cabeça, apenas na minha imaginação. No entanto, era tão real que o meu corpo reagiu. Fiquei com o rosto vermelho, o coração disparado, suando frio e tremendo. E desisti antes de dar o primeiro passo.

Porém, foi este episódio que me fez decidir que não queria isso para a minha vida, que me fez tomar consciência que precisava mudar e, se necessário, pedir ajuda. Decidi que queria construir um caminho novo para mim, abandonar comportamentos inadequados que me faziam sofrer.

É justamente no período da adolescência que a timidez se manifesta de maneira mais forte, às vezes com falta de autoestima, de autoconfiança e com sentimento de inadequação e incapacidade. Isso acentua a tendência do jovem ao isolamento, pois o que mais assusta é a opinião negativa dos outros, o ridículo, o medo de ficar vermelho, de chorar na frente das pessoas, medo especialmente de se relacionar com o sexo oposto.

Neste período, o adolescente pode se sentir sozinho, não se sentir aceito e compreendido, e isso o faz ter comportamentos irritáveis, intolerantes e, às vezes, agressivos com as pessoas mais próximas, ou atitudes autodestrutivas, como começar a usar drogas, álcool ou deixar os estudos.

O adolescente e, claro, os pais, educadores e adultos que convivem com ele, precisam lembrar que a adolescência é um momento da vida muito delicado, de transição e descoberta da própria identidade, e que precisa ser vivido e acompanhado com muito amor e respeito.

Para o adolescente, é importante ter consciência deste momento de transição e dos eventuais problemas e desafios que precisam ser enfrentados. Para isso, é importante saber pedir ajuda e estar aberto a recebê-la. Pode ser da família, de um professor, de um amigo, de um livro, etc.

Um ponto importante também é não se definir e se etiquetar toda hora como tímido: "eu sou tímido". Parece que se está confirmando cada vez mais uma identidade impossível de ser mudada.

Aprender a reconhecer e expressar as próprias emoções, se comunicar, falar de si mesmo e dos próprios sentimentos também é fundamental. Saber se comunicar vai fazer toda a diferencia na própria trajetória de vida, pessoal e profissionalmente. Às vezes um curso de teatro pode ajudar, por exemplo.

A vida exige, tem seus altos e baixos, mas é, com certeza, bonita. É amar, semear o entusiasmo, a confiança, a coragem e as energias para superar os desafios, viver com esperança e ser feliz.

Quem é o colunista: uma pessoa curiosa e entusiasta que busca o aprimoramento da qualidade de vida para vencer desafios e alcançar a realização.

O que faz: Palestrante, consultor, escritor e especialista em desenvolvimento das competências de liderança e preparação de equipes.

Pecado gastronômico: Filé a parmegiana.

Melhor lugar do mundo: Brasil, minha casa .

O que está ouvindo no carro, rádio, mp3: Gosto muito de música em geral, em especial de MPB.

Fale com ele: [email protected].


Atualizado em 6 Set 2011.