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Foto: sxc.hu |
Impulsivos, entusiasmados com as novidades que o mercado oferece, principalmente dos eletrônicos e vestuário, e seduzidos pelo status da suposta liberdade trazida pelo uso de cartões de credito ou contas bancárias, jovens menores de 20 anos, com pouca renda ou sem trabalho e experiência, contraem dívidas com juros altos e deixam o nome no vermelho antes de entrar na vida adulta. Uma pesquisa divulgada pela Telecheque, no primeiro semestre de 2006, revelou que essa faixa etária representa 16% dos inadimplentes de cheque sem fundo. De acordo com a CDL-BH, Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, 65% das pessoas menores de 21 anos estão devendo para as operadoras de cartões de créditos.
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Foto: Renata Fiore |
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Théo: "carrego a dívida até hoje" Foto: arquivo pessoal |
Característico, o perfil do adolescente endividado, segundo o economista da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solineu, é a falta de maturidade na administração do próprio dinheiro. "Geralmente esses jovens são de famílias de classes B e C, que não têm uma preparação de administração e nem responsabilidades com a família. Além disso, sofrem o efeito da propaganda e da influencia dos amigos", diz. Outro ponto levantado por Solineu é a sensação de poder consumir. "Com um cartão ou talão de cheques na mão, eles se sentem potentes e logo querem mostrar isso ao mundo".
Quem paga a conta?
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Marcela: "Sou muito consumista" Foto: arquivo pessoal |
O economista Fernando Sasso é categórico ao afirmar que boa parte dos adolescentes não faz a dívida no próprio nome porque não tem renda e, quando tem, a idade breca o crediário. "O final da história quase sempre é o mesmo. Para não ficar com o nome sujo, ou os pais pagam a conta feita pelo filho, ou o jovem procura a loja e parcela, em média, de cinco a nove vezes o montante da dívida e acaba se enrolando para pagar".
Quantas possibilidades...
Uma análise feita pela Credicard/Itaú mostrou que 70% dos adolescentes portadores de cartões de crédito estão entre 12 e 15 anos e que esse público efetua em média três transações ao mês, contra duas realizadas pelo mercado total. Falando em crédito, o Real, por exemplo, foi o primeiro banco, em 1986, a oferecer a conta universitária sem comprovação de renda com várias opções de cartões e talão de cheques. Segundo o coordenador do segmento universitário e jovem profissional do Real, Daniel Mitraud, hoje eles representam 17% da base de clientes.
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Foto: Renata Fiore |
Como eles pré - aprovam o crédito? Será que existe um controle para que os jovens não sejam inadimplentes? Segundo Marcel Solineu, a abertura da conta é feita sem muito critério. "Se, por exemplo, o jovem pagar uma conta com um cheque e estiver sem fundos é o comercio que vai correr para receber e não o banco. A relação de parceria é menor porque a instituição financeira não tem perdas com isso". No caso das operadoras de cartões de crédito, o economista afirma: "cruzando os dados de inadimplência e taxas de juros, o limite dado compensa a perda".
Será que eu saio dessa?
A punição pelos gastos incontidos: nome sujo, restrição de crédito e uma conta cinco vezes maior, além de uma bela lição de administração. Para o professor de finanças da Trevisan Escola de Negócios, Edemir de Melo, a primeira atitude a ser tomada é não entrar em pânico. "Esse sentimento é um péssimo conselheiro", diz. A segunda é procurar um órgão de defesa do consumidor, "esse tipo de delegacia pode orientar sobre os juros abusivos praticados pelas instituições". Em terceiro lugar, pare de gastar. "Se a pessoa continuar na roda viva ela não coloca cabo na situação".
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Foto: Renata Fiore |
* O nome foi trocado a pedido da entrevistada
Atualizado em 6 Set 2011.