Guia da Semana

Foto: Getty Images


Conversando sobre bullying um dia desses lá em casa, meus pais, que foram professores, ficam indignados atualmente com a violência que existe na juventude. Na época dos meus pais, o termo bullying não existia, mas xingamentos e "zoações" na escola sempre aconteciam. Vou contar uma experiência que minha mãe teve quando adolescente. Uma vez, ela foi para o colégio com um sapatinho um pouco mais velhinho. Por descuido - ou azar mesmo - no meio do recreio, apareceu um buraquinho no sapato e o dedinho dela ficou aparecendo. Muitos coleguinhas que se diziam amigos começaram a rir e a apontar para ela, como se fosse uma criminosa ou sei lá o quê. Ela ficou de cabeça baixa enquanto os outros riam. Dona de uma personalidade calma e supermeiga, minha mãe resolveu não fazer nada, voltou para sala de aula e contou para a professora o ocorrido. No dia seguinte, aconteceu uma situação como esta, de gozação com uma outra coleguinha que estava com a franja torta. Minha mãe foi a única a defendê-la, e essa mesma professora mostrou que a prática dessas brincadeiras maldosas pode retornar para nós mesmos.


Olha só como o comportamento infantil e adolescente se repete e isso já faz mais de 40 anos - e infelizmente o bullying só tem crescido cada vez mais. Pais, educadores e diretores de escola se preocupam e criam campanhas contra essa prática, que pode prejudicar quem pratica e quem recebe. Mas você sabe o que é bullying? É uma situação que se caracteriza por agressões intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais alunos contra um ou mais colegas. A palavra vem de bully, que significa valentão, briguento. Não há uma denominação em português, mas é entendido como ameaça, intimidação e humilhação.

Sempre fui gordinha, principalmente depois dos dez anos. Sofria muito com a balança. Efeito sanfona, sabe? Engordava e emagrecia. Mas a sorte é que eu era muito ágil e da turminha popular da sala. Era tímida, mas, quando me enturmava, era engraçada e uma menina muito fofa, modéstia à parte, é claro! Mas, na hora da educação física... Aí era meu sofrimento. Eu amava jogar qualquer tipo de jogo, principalmente handebol, mas o professor tinha a brilhante ideia de colocar duas meninas para escolher os dois times. Eu, por ser gordinha e correr menos, sempre ficava entre as últimas. Não era um bullying definido, mas era meio omitido, sabe? Isso me magoava muito, pois eu jogava superbem e fazia vários gols. Minhas colegas de sala foram percebendo isso e, mesmo gordinha, passei a ser uma das primeiras a ser escolhidas na hora de montar o time.

Confesso que não sofri tanto com o bullying na infância e adolescência, pois eu era amiga de todos. Claro que aconteceram situações chatas, como alguns meninos bobos que cantavam musiquinhas ou que me chamavam de bujãozinho, mas eu não ligava e eles acabavam cansando. Contei tudo isso para você perceber que, na minha época, o bullying era light. E que, hoje, a coisa está big! O bullying não só existe dentro da escola, como também fora dela. Ataques violentos a metros da escola, turminhas se reúnem para bater em gordinhos, emos e tantos outros tipos de adolescentes. Para mim, quem faz isso não tem personalidade. Não entendo a mente dessa garotada que pratica essa humilhação contra seus colegas. Com as redes sociais, nasceu o cyberbullying, mensagens difamatórias e ameaçadoras que circulam por e-mails, sites, blogs e celulares. O anonimato aumenta e a crueldade também, pois não há o cara-a-cara.

Se você está lendo esse texto, pense bastante antes de iniciar um bullying, pois quem recebe não fica feliz e se lembrará disso a vida inteira. A adolescência passa tão rápido... Vamos rir juntos, ir ao shopping, jogar vídeo game ou uma bola. Falar de alguém, violentar fisicamente ou verbalmente não está com nada. Cada um é do jeito que é. Aceite! Quer uma dica? Reúna sua turminha e veja os filmes Garotas Malvadas e As Melhores Coisas do Mundo. Com certeza vocês irão pensar duas vezes antes de iniciar qualquer bullying. E lembre-se: Se você rir de alguém hoje, amanhã rirão de você! Paz e amor sempre!

Leia as colunas anteriores de Joyce Müller:

Fazer intercâmbio: eis a questão

De volta às aulas

Deprê pós-formatura

Quem é a colunista: Joyce Müller. Ama São Paulo. Uma jornalista por formação. Uma escritora por amor. Por esporte escreve crônicas. Gosta de tudo um pouco e adora misturar. Blogueira. Ama o mundo teen, coisas fofas e cuties.

O que faz: Sou Jornalista na área de beleza, saúde, cultura, decoração, teen e o que mais me permitirem falar.

Pecado Gastronômico: Doces ! Quindim e Brigadeiro de panela.

Melhor lugar do mundo: Minha casa e meu jardim. Sou uma Alice no meu país das maravilhas!

Fale com ela: [email protected], a siga também no twitter (@joymuller) ou acesse seu blog.


Atualizado em 6 Set 2011.