Guia da Semana

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A besteirologia, aplicada pelos Doutores da Alegria, começou a ser implementada nos tratamentos de crianças há 19 anos. Essa vertente terapêutica é baseada em fazer os pequenos - e também os grandões - rirem e se divertirem, enquanto estão internados. Foi o ator Wellington Nogueira que começou a iniciativa no Brasil, após nove anos trabalhando no Clown Care Unit, em Nova York, com o ator-palhaço Michael Christensen, que foi o precursor dessa vertente divertida.

"Realmente parecia apenas um sonho, pois precisávamos de infraestrutura, de atores treinados, de apoio financeiro; sem contar que seria algo completamente novo colarmos um palhaço no hospital", lembra Nogueira, que ainda é o coordenador geral dos Doutores da Alegria. Após muito bom humor e força de vontade, Wellington foi transformado em Dr. Zinho e hoje conta com uma trupe de 43 palhaços espalhados por três cidades-sedes: São Paulo, Belo Horizonte e Recife. Nesses 19 anos de trabalho, os Doutores da Alegria foram os responsáveis por causarem mais de 725 mil sorrisos em crianças de todo o Brasil, sem contar nos pais e profissionais da saúde, que se divertem por tabela.

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A expansão do riso

O trabalho começou com uma parceria com o Hospital e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes -que é o atual Hospital da Criança-, em São Paulo. Ainda na capital paulista, o tratamento de riso acontece em mais oito hospitais. Em Recife são atendidas quatro casas de saúde; outras duas delas recebem o tratamento da besteirologia em Belo Horizonte. A chefe de enfermagem do serviço de oncohematologia do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, Débora Cristina Rodrigues, está há 13 anos na instituição e se orgulha por acompanhar de perto o trabalho dos Doutores da Alegria por todo esse tempo.

"Convivemos com uma rotina de muito estresse, muitas responsabilidades e os Doutores quebram nossa rotina de uma maneira positiva. O benefício é tanto para as crianças quanto para os profissionais. Até mesmo os pais entram na brincadeira", revela Débora. Ela afirma que os pequenos ficam esperando o dia que os palhaços vão visitá-los, tanto que durante e após a encenação, as brincadeiras, as cirandas e as apresentações musicais, as crianças ficam com os olhinhos brilhando e muito mais otimistas com a vida.

A enfermeira se lembra de uma paciente chamada Janaína, que sofria de Síndrome do Intestino Curto. O momento mais feliz da semana era quando os Doutores da Alegria iam brincar com ela. "Janaína os esperava ansiosamente. Quando chegavam, só víamos aqueles olhos brilharem", relembra Débora. Wellington afirma que são muitas as histórias marcantes e que outro dia chegaram a interagir com a avó de uma menina, que estava internada, através do Skype.

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A parte séria da brincadeira

Quem pensa que para fazer palhaçada basta ser engraçado, está enganado! Para integrar o grupo dos Doutores da Alegria precisa ser palhaço profissional e ter registro na DRT - Delegacia Regional do Trabalho - ou ser ator especializado em linguagem do palhaço. A seleção acontece, em média, a cada dois anos e é feita em três etapas: análise de currículos, oficinas e teste no hospital. Os artistas são remunerados por cada vez que transformam os hospitais em picadeiro, através da verba proveniente dos patrocínios, doações, eventos e palestras. Nada é cobrado das casas de saúde e nem mesmo das crianças ou dos pais.

"Os parceiros dos Doutores estão divididos em empresas e sócios mantenedores. Muitas instituições privadas fazem doações por meio de leis de incentivo fiscal; já as pessoas físicas destinam recursos próprios, sem deduzir do Imposto de Renda", explica Wellington. O maior patrocinador da ONG é a White Martins e outras corporações como BB Seguros, GSK, 3M, Bauducco, Mahle, Drogasil, entre outros.

Quem quiser tornar-se incentivador da causa, pode entrar em contato com o grupo através do site www.doutoresdaalegria.org.br, contratar as palestras dos Doutores da Alegria e adquirir o Riso 9000, que é um certificado emitido por eles atestando níveis saudáveis de alegria no local de trabalho. A contribuição desses parceiros foi muito importante no ano de 2009, pois esses palhaços-doutores levaram alegria - onde muitas vezes havia tristeza- através de suas 72.858 visitas nos hospitais em suas três sedes.

Atualizado em 6 Set 2011.