Guia da Semana

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As dúvidas sobre sexo são muito comuns, principalmente durante a adolescência. Ninguém precisa sentir vergonha por tê-las, mas é importante esclarecê-las com especialistas. Afinal, ninguém quer quebrar o clima na hora H por causa de uma dúvida boba, não é mesmo?

As meninas, por exemplo, devem saber que antes da 1ª vez, é legal dar uma passada no ginecologista para tirar dúvidas e entender mais sobre o próprio corpo. Se informar sobre os métodos anticoncepcionais e se prevenir contra as DSTs também é indispensável.

O Guia da Semana traz a resposta para 10 dúvidas freqüentes, todas foram respondidas por especialistas (Dras. Cláudia Salomão, Tarina Rubinger e Tânia Giarolla - Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais). Confira:

1. Os efeitos colaterais que a pílula anticoncepcional pode causar dependem do organismo de cada pessoa ou dos componentes de cada medicamento? Tem algo que possa ser feito para evitar ou amenizar os sintomas?
Dra. Cláudia: Os efeitos colaterais das pílulas dependem do organismo de cada pessoa e também da qualidade hormonal dos hormônios que elas contêm. Outros efeitos colaterais, além do inchaço e retenção de liquido, podem surgir como escapes menstruais (às vezes como borra de café), dor mamária e outros, porém não se deve pensar neles, pois a pessoa pode ficar sugestionada e sentir o que talvez não fosse sentir... Caso sinta alguma coisa, fale com seu médico e ele te orientará e ajudará a amenizar os sintomas.

2. Pode acontecer da garota menstruar durante a gravidez?
Dra. Cláudia: A mulher pode sangrar durante a gravidez por vários motivos e achar que é menstruação. Porém, trata-se de sangramento gestacional (implantação da Placenta, Placenta baixa, ameaça de aborto, etc.). Menstruação mesmo não ocorre estando-se grávida.

3. Quais são os efeitos colaterais que a pílula do dia seguinte pode causar? E o que acontece se usada com muita freqüência?
Dra. Cláudia: A Contracepção de Emergência pode causar náuseas, cefaléia, dor mamária, mas especialmente mudança no ciclo menstrual, adiantando ou atrasando o fluxo menstrual. As irregularidades do ciclo são mais comuns quanto mais se usa, podendo diminuir a eficácia do método se usada com freqüência.

4. A ejaculação precoce é apenas um problema psicológico ou pode ser algo mais sério? O que, por exemplo? O que pode ser feito para evitá-la?
Dra. Tânia: A ejaculação precoce é considerada basicamente uma anormalidade psicológica das disfunções sexuais. Estudos recentes têm mostrado associação da involuntariedade ejaculatória com alguma alteração neurológica genital, recebendo indicação de tratamento psicológico. Define-se a ejaculação precoce como a incapacidade de controle voluntário da ejaculação em 50% das oportunidades sexuais. Para evitá-la, é preciso que se consulte um especialista que avaliará se existe mesmo a ejaculação precoce, se é somente um problema de adequação sexual ou algo situacional. Se for mesmo este o problema, existe tratamento específico medicamentoso e psicológico a ser indicado. É bom lembrar que o preservativo pode ajudar a controlar melhor a ejaculação. O homem com esse problema deveria usar camisinha, de preferência de textura mais grossa.

5. É verdade que, se tomar pílula anticoncepcional por muito tempo sem interrupções, a mulher pode ter dificuldades para engravidar quando parar de tomar o medicamento?
Dra. Tarina: O tempo é um fator importante na fertilidade. A pílula evita a gravidez enquanto em uso e, portanto, adia a mesma. Caso seja utilizada por muitos anos, ao interromper a mulher pode não estar mais tão fértil como antes, mas pelo fator idade. O uso da pílula, principalmente se contínua, não pode ser implicada como causa de infertilidade, já que evita a progressão de doenças que causariam infertilidade como a endometriose e a dificuldade de ovulação. Desta forma, se não fosse por adiar a gravidez deixando a idade dificultá-la, a pílula poderia até ser considerada protetora.

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6. É verdade que é praticamente impossível engravidar durante a menstruação? Transar durante o período menstrual traz algum perigo?
Dra. Cláudia: Dificilmente isso ocorrerá. Porém um fluxo menstrual prolongado pode "esbarrar" com o período ovulatório e, considerando o tempo de sobrevivência do espermatozóide (48-72 h), ao ocorrer a ovulação, as condições poderiam estar propícias para uma gravidez, mesmo o sangramento ainda existente. Os cuidados higiênicos devem ser intensificados porque a mudança de PH que o sangue menstrual causa na vagina pode alterar a flora de defesa e facilitar a ocorrência de infecções urinárias, por exemplo.

7. Além da pílula anticoncepcional e da camisinha, quais são os outros métodos contraceptivos indicados às adolescentes?
Dra. Cláudia:
Outros métodos usados na adolescência são o Diafragma, anticoncepção hormonal não oral como injetáveis, anel vaginal, implante (no braço, debaixo da pele, de onde libera hormônio), camisinha feminina, e até mesmo o DIU e o Endoceptivo Hormonal Intra-uterino excepcionalmente.

8. Pode acontecer de o hímen só ser rompido em uma segunda ou terceira penetração? Por que algumas meninas sangram e outras, não?
Dra. Tarina:
O hímen pode não se romper na primeira penetração. Ele é uma membrana que separa a vagina da vulva da mulher virgem. Pode ter forma e espessura diversas entre as meninas e assim o rompimento também é diferente. Grande parte é complacente, ou seja, com um orifício central de certa forma elástico o que torna possível o não rompimento na primeira relação. O sangramento tem a ver com a vascularização desta membrana. Os vasos mais calibrosos e de maior pressão (arteriais) tendem a sangrar mais.

9. Por que muitas meninas dizem sentir mais tesão durante a menstruação?
Dra. Tânia:
A mulher é cíclica bifásica, ou seja, ela tem as fases do ciclo menstrual influenciando toda a sua vida, assim como o seu comportamento sexual. Apesar do hormônio responsável pelo desejo ser a testosterona, existem vários outros hormônios e nefro transmissores envolvidos na resposta sexual. Quando menstruada, a mulher está saindo da fase progestínica, que a leva mais a introspecção e a um desejo menor, e entra na estrogênica, que a leva a leva a uma maior euforia e disposição para o sexo.

10. Transar na piscina/banheira apresenta os mesmos riscos de engravidar que transar em lugares ´comuns´?
Dra. Cláudia:
Os riscos de engravidar nesta situação existem, com certeza; o que pode dificultar ligeiramente a ocorrência de gravidez é a diluição do sêmen pela água.

Fontes:
Dra. Cláudia Salomão
Presidente do Comitê de Ginecologia Infanto-puberal da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Mingas Gerais
Dra. Tarina Rubinger
Diretora de assuntos comunitários da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Mingas Gerais
Dra. Tânia Giarolla
Vice-Presidente da Associação de Ginecologistas e Obstetras de Mingas Gerais
Telefone: 0xx31 3222 6599

Atualizado em 6 Set 2011.