Guia da Semana

Impossibilidade de ter filhos, perda de entes queridos, vontade de fazer o bem a alguém... Existem diversos motivos que levam um casal a optar pela adoção de uma criança. Independentemente deles, alguns fatores devem ser levados em consideração quando se considera essa opção.

A chegada do primeiro filho em uma família é um momento de transformação e mudanças na vida dos pais, porque traz aumento da responsabilidade, diminuição da liberdade, mudança na rotina, programas familiares, e até na vida sexual do casal. Seja essa criança um filho biológico ou adotivo, é necessário que os pais estejam preparados
emocionalmente para lidar com essas mudanças e com as frustrações delas decorrentes.

Quando falamos de filhos adotivos, essa situação pode se agravar, uma vez que não houve o período de gravidez, no qual os pais, em especial a mãe, cria um forte vinculo com o bebê. Isso significa que essa adaptação é feita ao mesmo tempo que os vínculos vão sendo criados e fortalecidos, tornando este processo mais delicado, porque esta criança que traz tantas mudanças ainda não é sentida pelo casal como sendo deles.

Vale pensar também que, no geral, existe uma idealização da parentalidade. O relacionamento entre pais e filhos passa por constantes momentos de conflitos, expectativas frustradas de ambas as partes e decepções. A relação entre pais e filhos adotivos não é diferente e, caso não entendam a complexidade deste relacionamento, ambas as partes podem considerar que estes conflitos, tão naturais, têm relação com a falta de laços sanguíneos ou, ainda, pode surgir o medo de que uma palavra mal colocada possa significar a perda do amor uns dos outros.

Tratar a adoção como algo natural, que é conversado e bem aceito pela família, é um dos passos importantes para que essas dificuldades sejam solucionadas, formem-se laços de amor sólidos e duradouros e, tanto pais quanto crianças, sintam-se mais seguros em relação aos sentimentos envolvidos na relação.

Clareza e transparência são sempre a melhor opção para o estabelecimento de bons relacionamentos entre pais e filhos. É importante lembrar que, ao esconder a adoção, os pais correm o risco da criança, no futuro, ao receber essa informação, sentir-se traída. Os pais devem estar preparados para aceitar semelhanças e diferenças como naturais, assim como a história de vida da criança que pode, inclusive, vir a ter interesse em conhecer seus pais biológicos, entendendo que esse interesse é natural, e não muda os sentimentos da criança por seus pais adotivos.

Colaborou:

Renata Peixoto - Psicóloga, com experiência em Educação Infantil e Recursos Humanos

Atualizado em 10 Abr 2012.