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Situação real 1: almoço num restaurante. Os filhos de um casal, após terminarem sua refeição, se divertem tranquilamente com brinquedinhos trazidos de casa para distraí-los. Uma criança da mesa vizinha se interessa e vai brincar também. Até aí, tudo bem! Mas a criança começa a tumultuar o ambiente, joga os brinquedos no chão, fala muito alto, incomodando não só a família citada, mas a todas as pessoas das mesas vizinhas. O casal orienta seus filhos a ficarem sentadinhos, brincando calmamente, o que eles obedecem, apesar da presença do "novo amigo". Pedem gentilmente ao menino que procure "se conter", explicando a ele que está incomodando as outras pessoas. Os pais do garoto apenas olham e não tomam nenhuma atitude. Na hora de chamá-lo para ir embora, ele não quer ir. Começam a discutir com ele, sem importar-se por estar importunando. A mãe, então, termina a discussão com a seguinte "pérola": "Vamos embora, esses brinquedos são feios e velhos, você tem mais bonitos em casa".

Situação real 2: casa de praia, amigos de amigos. Cerca de 20 pessoas convivendo no mesmo ambiente, para passar o fim de semana. Um casal com dois filhos faz parte do grupo. Seus filhos, sem rotina, têm o hábito de "cochilar" às 19h e, após este breve cochilo, ficam acordados até, pelo menos, 3 da manhã. O detalhe é que os pais, em nenhum momento, preocupam-se em pedir para que, em meio à suas brincadeiras bem barulhentas, respeitem os que tentam dormir. Quando uma das "tias" encheu-se de coragem e solicitou os tão esperados "respeito e silêncio", a reação dos pais foi fechar a cara, ofender-se e não tomar nenhuma atitude.

Gente, em que mundo nós estamos? Sabemos que as crianças são naturalmente curiosas e sapecas. Graças a Deus, pois não colocamos nossos filhos no mundo para serem robozinhos ou cordeirinhos.

E quem tem filhos sabe que, embora tentando, não conseguimos agir 100% corretamente. Nossos pequenos "escorregões" na educação dos filhos acontecem, são normais e às vezes somos, sim, vencidos por eles.

Alguém poderia dizer: "que crianças mais mal-educadas!". Sim, "mal-educadas", mas quem as educa? A meu ver, não é culpa delas (ainda) e sim, dos pais.

Nos dois casos, as crianças tiveram atitudes relativamente normais, visto que ainda estão crescendo e aprendendo. Mas, em nenhum momento, os pais se colocaram orientando-as quanto à maneira correta de agir, ensinando-as a cuidar dos objetos ou respeitar as pessoas com quem convivem. E o pior, ainda deram péssimos exemplos para os seus pequenos, com comportamentos contrários ao que se espera de adultos educados.

Um assunto semelhante está bastante em pauta, através do personagem de Duda Nagle, na novela "Caminho das Índias", da rede Globo. Na trama, o adolescente tem atitudes inadequadas e agressivas e é criado totalmente sem limites. Num dos capítulos, chega a agredir sua professora, que teve de "engolir" o assunto, pois os pais, ao invés de corrigir o filho, o protegeram e ainda ameaçaram processar a ela e ao colégio. Em outro, ele lidera uma seção de violência, agredindo, junto com a sua "turma", um dos personagens. E novamente, os pais o protegeram.

Todos sabem que a educação de uma criança ou adolescente, principalmente hoje em dia, é feita em conjunto entre escola e família. . Essa parceria é fundamental. A escola orienta e participa de uma boa parte da educação, mantendo-se atenta à aprendizagem e ao comportamento do aluno, enquanto ele estiver dentro das paredes da instituição.

Mas isso não tira a responsabilidade dos pais de participarem ativamente das situações em que a criança necessita de orientações e bons exemplos. Aliás, a escola pode ajudar muito, mas a educação vem realmente, de casa. Eles devem estar muito atentos e participar de tudo o que acontece, mantendo o canal de comunicação com seus filhos verdadeiramente abertos, para poderem atuar e educar sempre que houver necessidade.


Parece exagero comparar as pequenas situações citadas acima, com o comportamento deste personagem adolescente. Mas a questão é exatamente esta: a educação acontece desde o nascimento. É através dos pequenos atos que ensinamos nossos filhos, preparando-os para as situações maiores e reais da vida adulta. Se uma criança pequena crescer sem limites, este tipo de comportamento continuará e poderá, ainda, torna-se pior.

Ficamos por imaginar que tipos de adultos as crianças dos exemplos acima se tornarão, se continuarem com aquele tipo de educação. Esperamos, sinceramente, que seus pais abram os olhos, pois nunca é tarde para aprender, principalmente, sobre o respeito ao próximo.


Discursos sobre a educação adequada, todos têm e tenho certeza que os referidos pais também já o fizeram. Mas o que conta são as atitudes e os bons exemplos.

As crianças seguem os padrões da família: pais alegres, filhos felizes. Ambiente de paz, filhos tranquilos. Pais organizados, filhos também. Pais educados, que dão e cobram atitudes corretas, formarão filhos íntegros e seguros.


E não adianta fechar os olhos: se os pais não educarem seus filhos, a sociedade o fará!


Quem é a colunista: Cláudia Fernanda Venelli Razuk.

O que faz: Pedagoga e coordenaroda do colégio Itatiaia.

Pecado gastronômico: Se é pecado, melhor não comer! Saborear o que eu gosto com prazer e sem culpa, é essencial.

Melhor lugar do Mundo: Minha casa, com meu marido e filhos em qualquer lugar, rodeada dos verdadeiros amigos.

Fale com ela: [email protected]


Atualizado em 6 Set 2011.