Guia da Semana

Fotos: Getty Images

Com higiene e sem grilo é possível conviver com as espinhas

Um dos piores dramas adolescentes atinge os dois sexos, está bem perto dos seus olhos e visível a todos. A acne não escolhe vítima e ataca no momento em que os hormônios estão a todo vapor, invadindo de protuberância os jovens rostos e acarretando angústia e até reclusão.

Para o mal que até pouco tempo parecia irremediável, hoje em dia muitas formas de tratamento aliviam e até conseguem eliminar o problema pela raiz, deixando de lado o bullying e propiciando o aumento a autoestima em uma época da vida de tantas transformações.

O que é?

Estimulada pelos hormônios da puberdade, a acne é fruto do ritmo desenfreado de produção das glândulas sebáceas, que provoca o entupimento dos poros na saída dos pelos. "O entupimento acarreta a formação do cravo, que diferente do que muitos pensam, não é um bichinho, e sim restos de gordura de células que ficam depositadas ali", aponta a dermatologista Christiana Blattner. O cravo se transforma no ponto crucial, pois ele gera uma reação inflamatória no local e atrai bactérias que se alimentam disso, levando as espinhas e inflamações na pele.

Nas meninas, a acne é mais frequente dos 14 aos 17 anos. Entre os rapazes, ela pode chegar um pouco mais tarde, dos 16 aos 19 anos. "Por causa da acne, passei dos 15 até os 18 anos evitando eventos da galera, passeios no shopping e festas de aniversário. Além disso, no colégio era conhecido como Chokito", revela Diego Soares, 22 anos, que teve que recorrer a um dermatologista para sair do isolamento social na época.


Lave bem as mãos antes de entrar em contato com a espinha

A acne é um mal com forte influência hereditária, e a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) estima que o problema atinja atualmente 18 milhões de jovens entre 13 e 18 anos. O fator psicológico pode ser o vilão em alguns casos. "Tinha uma balada marcada e estava muito ansiosa, quando surgiu uma espinha no meu nariz bem na noite anterior. Só com muita maquiagem consegui disfarçar um pouco a mancha que destruiu o meu rosto", relata Júlia Pacheco, 16 anos.

Tipos e tratamento

Se a espinha já apareceu, o que fazer? Não faltam por aí simpatias, fórmulas mágicas e receitas pra lá de inusitadas, mas nada disso tem efeito melhor do que a consulta ao dermatologista. Esse é o único profissional capacitado a analisar o grau de acne que você possui, bem como ainda está apto a recomendar formas de tratamento. Confira os níveis em que a acne pode ser dividida e os tipos de tratamento recomendados.

Quando o estágio é considerado leve, aparecem cravos e pequenas lesões inflamatórias. O mais indicado é a esfoliação da pele, feita tanto de maneira mecânica (esteticistas) quanto por meio de substâncias químicas, como o peróxido de benzoila e o ácido salicílico. O tratamento previne o acúmulo de células mortas e também ajuda na desobstrução dos poros afetados.

O estágio seguinte evidencia lesões maiores e pontos amarelos de pus. O tratamento pode ser a aplicação de antibióticos na região afetada, com uso de cremes e loções à base de eritromicina e ácido fusídico. Eles atuam diretamente, eliminando as bactérias que se alojam nos orifícios inflamados. Em casos de gravidade maior, os antibióticos orais têm melhor efeito.

Confira alguns mitos que circulam no mundo de quem tem acne

- Coçar e espremer espinhas geram cicatrizes. Quem tem tendência a ter queloide (manchas na pele) é predisposto a ter marcas no corpo, esprema ou não.

- Masturbação aumenta a acne. Por a doença estar presente na adolescência, muito se cogitou essa ligação, mas no fim acabou virando folclore.

- Chocolate dá espinha. Não há comprovação científica de que o chocolate tenha influência na formação das espinhas.

- É contagioso. Apesar de ser uma infecção e ter bactérias, a doença não passa para os outros.


- Intestino preso provoca acne. Não há nenhuma relação comprovada.


Em um estágio mais avançado, há a presença de grandes lesões, mais profundas, dolorosas, avermelhadas e bem inflamadas. Nesse caso, o remédio com o composto de isotretinoína (presente no Roacutan, por exemplo) pode ser a saída. Com prescrição de seis a oito meses, ele diminui o tamanho das glândulas sebáceas, impedindo a formação e o acúmulo de gordura nos folículos.

Para o último caso, é bom ficar atento aos efeitos colaterais. Apesar de ser um tratamento comprovado e bem conhecido do público, o remédio acabou assustando muitas pessoas, devido a acusações de efeitos colaterais inexistentes para a fórmula. A dermatologista Christiana Blattner não indica o remédio para quem faz tratamento de epilepsia, para mulheres em amamentação e recomenda que a gravidez só ocorra após dois meses sem o remédio. Em alguns casos, os níveis de colesterol e triglicérides podem sofrer alterações.

Começa com você


O vilão número um da acne não teve a influência comprovada para proliferação da doença

A alimentação, ponto desprezado até pouco tempo, ganhou relevância no combate à acne. Apesar de as comidas saudáveis e naturais contribuírem para o bom funcionamento do organismo - refletindo assim no aspecto da pele -, ainda não há comprovação científica de que alimentos gordurosos e chocolate geram o aumento de acne. "A única comprovação é a de que substâncias com proteínas do leite consumidas em excesso pioram muito a acne, pois aumentam a oleosidade da pele", indica Christiana Blattner. Nesse caso, a melhor coisa a fazer é pegar leve nos derivados do leite e evitar os suplementos vitamínicos com esse composto.

Para amenizar os sintomas, a higiene merece uma atenção especial. Evite espremer espinhas para não levar bactérias e infeccionar ainda mais as regiões afetadas. Lave pelo menos duas vezes por dia o rosto para retirar as impurezas e oleosidade da pele. Os sabonetes bactericidas auxiliam bastante no tratamento e podem ser comprados sem prescrição médica.

Atualizado em 6 Set 2011.