Guia da Semana

Foto: Rodrigo Menezes


O meu primeiro dia na Campus Party tinha tudo para ser péssimo e, se não fossem os mais de 400 quilômetros que separam a minha casa do Centro de Exposições Imigrantes, teria sido muito tentador desistir de tudo.

Enfrentar sol e chuva numa fila por mais de seis horas não é exatamente agradável. Chega um momento em que o cansaço e a fome vão minando suas forças e a empolgação vai sumindo aos poucos, dando lugar à dor e à frustração.

Grandes eventos estão sujeitos a falhas, e isso é aceitável até certo ponto. Mas o que se espera de uma equipe eficiente é que esses problemas sejam diagnosticados e resolvidos rapidamente, o que não aconteceu.

Entrar na Campus Party foi apenas a primeira fase do jogo, sobreviver aqui dentro é um teste de paciência constante, uma vez que, para transitar da área do camping para as outras áreas do evento, mochilas, crachás e notebooks têm de ser verificados por questão de segurança.

Não que eu seja contra esse tipo de procedimento. Pelo contrário: acho fundamental que exista segurança nesse nível, mas o número de funcionários e máquinas de raios-x existentes não é suficiente para o volume de pessoas que circula por aqui.

Como se não bastasse tudo isso, no meio da madrugada nos vimos sem energia e sem internet. Sim, sem internet no maior evento de internet e tecnologia do Brasil. Estranho, não? É claro que não dá para colocar a culpa disso na organização do evento, mas depois de um dia exaustivo essa foi a gota d`água para muita gente.

Mas o que me fez encontrar um saldo positivo no final dessa conta foi perceber como as pessoas aqui se comportaram diante de tantos contratempos. Se fosse outro evento com outro tipo de público, talvez os organizadores tivessem problemas com a multidão insatisfeita.

No entanto, não presenciei, em momento algum, brigas ou discussões. Vi pessoas solidárias e entusiasmadas, apesar de tudo. Pessoas que vieram aqui para trocar experiências e se divertir, e que não permitiram que todos esses imprevistos fossem maiores que esse objetivo.

Leia a coluna anterior de Rodrigo Menezes:

Acampamento da tecnologia


Quem é o colunista:Rodrigo Menezes.

O que faz: Professor de Filosofia e fotógrafo. E apaixonado por redes sociais.

Pecado gastronômico: Qualquer coisa com chocolate e Nutella.

Melhor lugar do mundo: Cidade do México.

O que está ouvindo no carro, rádio, iPod, mp3: La Quinta Estación, Julieta Venegas e Haze.

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Atualizado em 6 Set 2011.