Guia da Semana

Foto: Sxc.Hu

Se a quantidade de atividades realizadas em folhas de papel significasse algo, todas as pessoas com mais de trinta anos seriam gênios, já que cresceram em um sistema de ensino onde se priorizava o volume, negligenciando a experiência.

É claro que, apesar de termos passado por esse processo, muitos de nós conseguimos atingir sucesso em nossas carreiras. Mas muitos que se queixam de trazer consigo grandes deficiências em escrita, leitura e interpretação, por exemplo. Mas por quê mantemos um sistema de ensino arcaico, se há meios mais eficazes, criativos e menos dolorosos de aprendizagem?

Educar não é formatar o aluno para que ele simplesmente atenda aos padrões de determinado colégio. É formá-lo para todo o tipo de situação e adversidades da vida.

A escola conteúdista, que prioriza o excesso de atividades em papéis, é passiva e pode produzir indivíduos passivos, que apenas absorvem o grande volume de informações e depois esquecem grande parte pela transmissão em massa, superficial e muitas vezes sem sentido, pela falta de vivência prática.

Apostilas não ensinam a criança a enfrentar as dificuldades da vida, não proporcionam desafios a enfrentar. Como ensinar uma criança a ter iniciativa e atitude? Como ensiná-la a buscar soluções criativas e diferentes em diversas fontes, se ela não é estimulada a largar o lápis e sair de trás de sua mesa? Você aprendeu a dirigir apenas lendo o livrinho da auto-escola?

Fazer inúmeras lições, copiando números e mais números, não garante que o indivíduo aprenderá matemática. Quantas pessoas você conhece que, embora saibam a "matemática das escolas", não sabem calcular a quantidade de tinta necessária para pintar a sala da própria casa? Ou calcular a quantidade de carne necessária para um delicioso churrasco para 50 pessoas?

Como uma criança de educação infantil aprenderá mais sobre "pesos e medidas", por exemplo? Pintando, em seu livro, o objeto maior e pesado, ou através de uma gostosa aula de culinária, onde poderá constatar as variadas formas de medidas, em que muitas vezes o maior não é o mais pesado?

Transferindo essa situação para o mundo adulto, qual é o melhor profissional? Aquele que não sai de sua mesa, preocupado em fazer relatórios? Ou o que circula pela empresa, conversa com todos, sabe ouvir a opinião de cada um, observa a produção, analisa as dificuldades e procura outros meios de pesquisa? Qual profissional se encaixará melhor neste perfil? O que cresceu apenas reproduzindo um grande volume de atividades em papel? Ou aquele que teve a oportunidade de vivenciar as situações, aprendendo a lidar com as adversidades, erros e acertos?

Através desses exemplos, é fácil perceber que o ensino deve ir além das carteiras da sala de aula e que o excesso de atividade em papel deve ser abolido. Atividades no papel não ensinam o respeito entre as pessoas. Não ensinam a aceitação das diferenças. E nem a capacidade de usar as diferenças de cada um para um objetivo positivo. Isso se aprende através da convivência em situações de vida prática.

Não me coloco aqui contra o papel, como ferramenta de ensino, mas sim, contra o excesso desse tipo de atividade. É óbvio que no momento em que uma criança chegar à fase de alfabetização, exercícios em cadernos e apostilas serão necessários, pois é uma fase em que o treino da escrita é fundamental. Mas devemos tomar muito cuidado para que a execução de atividades escritas não se torne mais importante do que a aprendizagem em si.

A educação do século 21 prioriza um ensino compartilhado com o aluno, onde o mesmo aprende através da troca de experiências e não apenas "recebendo passivamente conteúdo em massa". Faço minhas, as palavras da pedagoga Maria Carolina A. Lavieri: "Os únicos papéis em grande quantidade que são benvindos na educação de um indivíduo são os livros. Com eles, quanto mais, melhor. E com eles, não há a obrigação de permanecer atrás da carteira da escola. Pode-se ler no parque, na praia e embaixo de uma árvore, aprendendo com prazer".

E com certeza, atingindo os melhores resultados: futuros cidadãos conscientes, preparados e capazes.

Leia as colunas anteriores da professora Cláudia Razuk:

Com o amiguinho

Educar é mais que discurso...


Quem é a colunista: Cláudia Fernanda Venelli Razuk.

O que faz: Pedagoga e coordenadora do colégio Itatiaia.

Pecado gastronômico: Se é pecado, melhor não comer! Saborear o que eu gosto com prazer e sem culpa, é essencial.

Melhor lugar do Mundo: Minha casa, com meu marido e filhos e em qualquer lugar rodeada dos verdadeiros amigos.

Fale com ela: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.