Guia da Semana

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Quando eu era menor, adorava bicicleta e jogar handball. Era meu lado menino. Amava adesivos, papéis de carta, papelaria, tudo que tinha cheirinho e brilho. Era meu lado menininha meiga. Tinha paixão por bancas de jornais, comprava gibis, revistinhas, álbuns e afins. Era meu lado `quero entender e aprender`. Estou tentando até esse exato momento - e pretendo continuar - a ler e a aprender muito. Era de praxe brincar de casinha, vestir roupas da minha mãe e me maquiar. Era meu lado mulher, realista.

Na adolescência, eu jogava bola, mas também queria me reunir com as amigas para conversar e falar de roupas e revistas. Mas eu era sempre a inteligente que não se aprofundava muito. Entende? Deixe-me explicar. Enquanto elas sonhavam com o lindo garoto do primeiro ano, eu encarava a realidade no livro, no jogo, nas notícias. Sim, eu era a única que assistia ao noticiário com 13 anos. Também falava de meninos, mas não era apaixonada apenas por isso, era segura e determinada, meu mundo era meu.


Fui crescendo, conhecendo pessoas e me interessando por cosméticos, salto alto, escova, rímel e brincos. Não vivo sem. Nessa fase eu já me direcionava mais para os gatinhos, mas sempre foi difícil acreditar no lero-lero. Enquanto as baladas estavam lotadas de amigas, eu estudava para o vestibular. Eu também frequentava as festas, mas continuava fazendo coisas de menina, estudava, lia, colecionava adesivos, minhas bonequinhas e pelúcias.

Na faculdade, meu apelido era baby em alguns momentos por causa do perfume, dos casaquinhos rosa, do jeito e visão romântica. Em outros, eu era a estressadinha, a focada e a séria. Na verdade, eu sempre fui assim. Metade séria e metade meiga. Mas confesso que, dos 18 anos pra cá, sou muito mais meiga do que séria. Às vezes, um sentimento mais fechado aparece como escudo para eu não ser uma florzinha de madeixas castanhas claras 24h por dia. Já não me contento com adesivos e cosméticos. Divido o meu mundo com uma série de questões sociais, econômicas, amorosas e filosóficas. Porque a vida e o mundo cobram a pequena mulher.

Perguntam-me e muitas vezes sou questionada firmemente por gostar tanto de Hello Kitty, Pucca, Gata Marie, ter adesivinhos, bonequinhos, cadernos, porta-canetas e tantas outras coisinhas. E eu sempre respondo: "Não é porque tenho 24 anos que não posso gostar de coisas da infância". Quem disse que, para ser madura, não se pode gostar disso? Cada um com seus gostos e problemas. Dias atrás, um rapaz meio interessado em mim veio me falar: "Acho estranho uma mulher já de quase 25 anos ficar louca por uma pelúcia e colecionar essas coisinhas" Eu respondi: "Acho pior ainda um homem de quase 30 anos gastar 500 reais só em joguinhos". Depois disso, silêncio total e, então, vários sorrisos. Está vendo como é? Cada um com suas loucuras... A sabedoria é o respeito pelo gosto do outro.

Mas, confesso, que a grande menina fica assim, confusa, querendo sair, sempre que pode, para dividir certas historinhas, figurinhas, joguinhos, suspiros e borboletas no estômago. Mas ela continua com tudo que é fofo, meigo, cheirosinho e pequeno. Com pensamentos de castelo, ao redor de ursinhos e poemas. Pra viver bem, a pequena mulher precisa da segurança da grande menina. E prefiro ser assim, porque ser mulher e adulta o tempo inteiro é muito chato.

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Quem é a colunista: Joyce Müller. Ama São Paulo. Uma jornalista por formação. Uma escritora por amor. Por esporte escreve crônicas. Gosta de tudo um pouco e adora misturar. Blogueira. Ama o mundo teen, coisas fofas e cuties.

O que faz: Sou Jornalista na área de beleza, saúde, cultura, decoração, teen e o que mais me permitirem falar.

Pecado Gastronômico: Doces ! Quindim e Brigadeiro de panela.

Melhor lugar do mundo: Minha casa e meu jardim. Sou uma Alice no meu país das maravilhas!

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Atualizado em 1 Dez 2011.