Guia da Semana

Foto: www.sxc.hu

Cada vez mais, o mercado infantil vem consumindo produtos que, até pouco tempo, eram direcionados apenas ao público adulto. Atualmente é fácil encontrar uma criança de 6 anos com um celular próprio ou ouvindo música em seu ipod; computador então já virou coisa quase ultrapassada. Mexer com as novas tecnologias se tornou algo normal na vida das crianças que nasceram em meio ao desenvolvimento destas e começaram a conviver com as novidades antes mesmo de dar os primeiros passos.

Segundo a coordenadora de tecnologia educacional do Colégio Dante Alighieri, Valdenice Minatel Melo de Cerqueira, os avanços tecnológicos permitem que os pequenos fiquem por dentro de alguns assuntos que, para os adultos, ainda não são fáceis de compreender. "Hoje a criança é mais multimídia; pode ensinar também", diz a especialista. Como a exposição às informações na web, na televisão e até mesmo pelo celular, é muito maior, a tendência é que, realmente, os infantes de hoje sejam mais inquisidores do que os de antigamente.

"A convivência com as novas tecnologias é positiva para as crianças, pois elas já crescem habituadas aos avanços; mas, deve haver limites e acompanhamento dos adultos", explica a monitora de informática do Colégio Santa Maria, Joyce Willis. O mais indicado é que os pimpolhos tenham os primeiros contatos com o computador a partir dos 4 anos, quando estes já têm habilidades motoras desenvolvidas com outros materiais antes do mouse. "Se a criança tem curiosidade antes disso, os pais podem ensina-la a mexer no computador, mas devem sempre acompanhar tudo o que ela está fazendo".

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Por conta de a informação estar a um click de qualquer pimpolho que tenha acesso à internet hoje, a forma de aprendizado sofreu e continua sofrendo inúmeras transformações, pois os pequenos têm a possibilidade de aprender qualquer coisa (seja errada ou correta) em qualquer lugar. Isso pode resultar em uma dificuldade de depuração das informações pelas crianças; "Ter acesso a muitas informações não significa que elas têm agilidade para digerir tudo isso. Aí entra o papel do adulto, que deve orientar", esclarece Valdenice de Cerqueira. Para uma informação bruta virar conhecimento, ela precisa passar pela mediatização de uma pessoa que saiba um pouco do assunto e tenha um conhecimento de vida maior.

Joyce Willis explica que também é importante que os pais controlem o tempo que os filhos usam as tecnologias, sempre supervisionando o que fazem e com quem se comunicam, para evitar problemas e riscos à segurança da família. "Cabe aos pais saber alimentar o uso do computador, por exemplo, e dizer não quando a criança usa demais". Se os pimpolhos ficarem muito livres para navegar pela internet, buscar respostas e material virtual, eles podem ser enganados e acreditar em informações falsas; na infância ainda não existe o senso crítico para saber o que é de qualidade e o que não é.

É importante também evitar o isolamento da criança no universo da World Wild Web. Se os pais não incentivam outras atividades e se a escola não promove momentos em dupla e grupo na frente do computador, o uso das novas tecnologias acaba proporcionando um distanciamento entre o pimpolho e o mundo real ao seu redor. Pai e mãe não devem deixar que um eletrodoméstico como o computador se torne um fator de isolamento familiar.

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Na escola, é importante que os professores retomem o planejamento de aulas aderindo às novas formas de comunicação e tecnologias, mas de forma realmente integrada e não apenas mudando uma aula que era em sala para a frente de um computador. "O objetivo do uso da informática deve estar muito claro, com avaliações adequadas e com a revisão de todo o projeto pedagógico", diz Valdenice de Cerqueira.

Se os avanços tecnológicos estão acontecendo ininterruptamente, é preciso que as crianças se acostumem com isso e sejam orientadas na utilização dos artifícios disponíveis para uma melhor comunicação e informação sobre o mundo todo. Da mesma forma que podcasts, blogs, celulares e ipods chamam a atenção e fazem parte do cotidiano de muitos pimpolhos atualmente, as brincadeiras em grupo e os momentos em família devem ter espaço e importância reconhecida; "O computador não ensina autonomia e solidariedade; quem tem esse papel são os adultos", finaliza Valdenice.

Profissionais consultados:

? Valdenice Minatel Melo de Cerqueira - Coordenadora de tecnologia educacional do Colégio Dante Alighieri
(11) 3179-4419 - [email protected]

? Joyce Willis - Monitora de informática do Colégio Santa Maria
(11) 5687-4122 - [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.