Guia da Semana

Foto: Stck.Xchng

No ano passado, o Brasil entrou para o grupo dos dez países com maior número de pessoas acima de 60 anos. Segundo o IBGE, são 17,6 milhões de idosos, o que representa quase 10% população. Se seus pais ainda não estão incluídos nesta estatística, estarão em breve. Você já parou para pensar em quem vai cuidar deles? Provavelmente você, já que metade desses velhinhos mora com parentes e não há nada mais natural do que retribuir todo o cuidado que eles tiveram com você.

Não é a idade que vai determinar a hora da inversão de papéis, afinal, velhice não é doença. Existem idosos com mais de 80 anos que são super ativos e lidam muito bem com as atividades domésticas. Entretanto, há aqueles que necessitam de cuidados especiais por causa de problemas de saúde comuns com o avanço dos anos, como dificuldade de locomoção e perda da visão, sem falar nas doenças mais graves, que exigem cuidados especializados, como Mal de Alzheimer (doença degenerativa do cérebro que causa perda de memória, entre outros sintomas) e Mal de Parkinson (doença neurológica que afeta os movimentos).

Pedro: responsabilidade
Apesar do número de filhos que cuidam dos pais ter aumentado significativamente nos últimos anos (basta pensar com quem moram os seus avós ou os avós dos seus amigos), isso ainda não é visto como algo natural, como atesta Marleth Silva no livro "Quem vai cuidar de nossos pais?". A dedicação necessária para cuidar de um idoso é muito parecida com a que exigem os bebês, entretanto, a diferença é que a pessoa velha só vai piorando com o tempo, ao contrário do que acontece com as crianças.

"Meu avô esquece onde colocou as coisas, esquece que já me viu naquele dia, se eu passar na frente dele 20 vezes, ele vai me cumprimentar 20 vezes", conta Pedro Nagib, 20 anos. Seu avô de 82 anos sofre do Mal de Alzheimer e divide a casa com ele, o pai e a avó. "Sempre acompanho meus avós ao médico, ajudo em casa. Mas o mais difícil não são as tarefas diárias, é saber o futuro, saber que ele vai esquecer que eu sou seu neto, saber que ele vai morrer", desabafa. O apoio de outros membros da família é quase nulo, já que o pai de Pedro é o único filho do casal no Brasil.

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Não são só os males da terceira idade que fazem com que algumas pessoas tenham que cuidar dos pais. Quem não se lembra dos apuros da personagem de Marjorie Estiano com o pai alcoólatra na novela Páginas da Vida? Doação, responsabilidade, cansaço e solidão são alguns dos sentimentos experimentados pelos cuidadores familiares. Para ajudar nesta tarefa nada fácil, há diversos grupos de orientação e apoio psicológico em hospitais e entidades.

Para Ilka de Oliveira, assistente social especialista em gerontologia pela UNIFESP, cuidar de alguém da família é uma tarefa solitária: "Ser cuidador familiar de um idoso exige capacidade de adaptação e superação às pressões econômicas, familiares e emocionais, dentre outras. A possibilidade de receber ajuda informal, de amigos e vizinhos, é maior do que a de receber apoio formal, de instituições públicas e privadas, governamentais ou não".

Se a gratidão que você tem pelos seus pais não é suficiente para se dedicar ao cuidado deles na velhice, você pode optar por um cuidador profissional. É cada vez maior o número de profissionais nesta área e você fica tranqüilo, pois o paciente ficará em mãos qualificadas. Para aqueles que não podem conviver com um idoso, seja por falta de espaço ou mesmo de paciência, a solução é recorrer a outro parente ou aos famosos asilos.

Atualizado em 6 Set 2011.