Guia da Semana

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No início dos efervescentes anos 60, alguns surfistas californianos deram um jeito para não ficarem sem o que fazer nos dias de maré baixa. Com isso em mente, os caras adaptaram rodas em suas pranchas como uma maneira de surfar nas ruas. À época, a prática era chamada de sidewalk surf. Mal sabiam eles que aquele era o embrião de um dos esportes mais transgressores entre os jovens do mundo todo, o skate.

De lá pra cá, a prancha com rodas foi se difundindo mundo afora. Os primeiros campeonatos surgiram em 1965 e eram totalmente diferente dos vistas hoje em dia. Em 1973, o estadunidense Frank Naswortly inventou a rodinha de uretano, que revolucionou o esporte e colaboraram para que o objeto ficasse bem mais leve, pesando cerca de 2,5 quilos.

Essas melhorias foram fundamentais para que, seis anos mais tarde, Alan Gelfland inventasse o ollie-air, o pulo do skate. Depois disso, o esporte nunca mais foi o mesmo. Mais conhecida como ollie, a manobra abriu portas para a criação de diversas outras acrobacias, servindo como base para a prática do skate como a conhecemos.

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Mullen inventou a manobra que revolucionou o skate

Na década seguinte, Rodney Mullen passou a ser referência nesse universo. Tendo como ponto de partida o ollie-air, ele desenvolveu manobras como o flip, rockslide, varial, 50-50 e diversas outras. Não é à toa que Mullen sagrou-se diversas vezes campeão mundial.

Nos mesmos anos 80, surgiu uma figura que de tão influente virou até jogo de vídeo game, Tony Hawk. Ícone, ele transformou a forma de se andar na modalidade vertical, que é praticada em half-pipes. Hawk ultrapassava os limites da criatividade e superava as dificuldades de execução das manobras até então existentes naquele tipo de pista. No Brasil, um dos primeiros nomes a despontar no estilo vertical foi o de Lincoln Ueda, o japa que voava com seus aeros altíssimos.

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Burnquist levou o switchstance para o half

Seguindo a cronologia, nos anos 90, um dos nomes mais importantes do skate mundial, senão o mais, foi o de um brasileiro, Bob Burnquist. Responsável pela última grande revolução no skate, Burnquist levou para o half-pipe o switchstance, que é a técnica de se andar com a base trocada, não importando se é o pé direito ou o esquerdo que está na frente do shape (prancha). A prática já era difundida na modalidade street, mas o brasileiro foi quem a levou para a vertical. Com isso, as variações possíveis nas manobras foram quadruplicadas.

Quem se aventura hoje pelo skate está várias manobras à frente de quem se iniciava no esporte há uma década. Mas isso não significa que as possibilidades estão esgotadas. Muita gente não sabe, mas ao dar um ollie-air, por exemplo, o skatista está reproduzindo uma manobra que traz em si conceitos como liberdade, rompimento, transgressão, ousadia e inventividade. Nada mais inspirador para continuar criando.

Outro fator ligado a esse esporte é que ele, de certa forma, propõe um jeito próprio de se relacionar e ocupar os espaços urbanos. Não é à toa que o estilo mais praticado é o street, que, em tradução literal, quer dizer rua. Certamente a única coisa que não tenha mudado desde a sua origem é que ele nunca deixou de ser um esporte de rua.


Atualizado em 6 Set 2011.