Guia da Semana

Foto:Getty Imagens


A homossexualidade infantil é um tema polêmico e muitas vezes ignorado. Sem conhecimento, pais e educadores não podem aconselhar ou educar os pequenos sobre o assunto. Sem informação, as crianças não conseguem se aceitar ou definir sua personalidade.

Primeiramente é fundamental entender a origem da sexualidade. De acordo com a psicopedagoga Quézia Bombonatto "A sexualidade infantil não é apenas o exercício do que no futuro será uma sexualidade adulta genital, mas é, em certa medida, a forma de existir e de constituir-se como sujeito"

Formação

Lá na década de 1920, Sigmund Freud, o pai da psicanálise, já dizia que a criança passa por diversas fases de descobrimento do seu corpo. A forma como isto acontece afeta o modo como ela lidará com o sexo na vida adulta.

Em sua formação, a criança aprende que existe feminino e masculino. A princípio não sabe ao certo a qual grupo pertence. É importante lembrar que crianças ainda não têm em mente os padrões que a sociedade impõe sobre os gêneros. Algumas meninas brincam com carrinhos e meninos passam o batom da mãe. Só estão experimentando, imitam os adultos e tentam se entender como homens ou mulheres. Segundo a psicopedagoga, "um menino que aprenda a brincar com boneca provavelmente vai saber lidar melhor com seu filho bebê no futuro. Ou uma menina que brinca com carrinhos pode se identificar com sua mãe que é motorista".

Observa os que estão mais próximo, vê quais são os papéis desempenhados por eles, então, pode se perceber pertencendo a um sexo. De acordo com a Eliana Santos, também psicopedagoga "Pela falta de um modelo participativo forte e atuante de seu mesmo sexo, a criança pode sentir dificuldade em observar o que desperta a atenção do homem ou da mulher", deste como, a atração sexual é dirigida a pessoas do mesmo sexo ou do oposto.

Três visões sobre o mesmo tema

Dr. Luiz Gonzaga, terapeuta sexual, diz que, se o pai acha que o filho é homossexual, é preciso procurar ajuda de um educador especializado. O quanto antes acontecer a consulta, mais eficiente ela será. Deste modo, a criança pode se preservar e ficar com menos cicatrizes emocionais.

Já Quézia Bombonatto aconselha os pais a observarem o comportamento do pequeno, dar espaço para questões e respondê-las com simplicidade. E, quando necessário, abrir uma discussão sobre diferenças entre gêneros e combater conceitos preconceituosos.

Segundo Eliana Santos, também psicopedagoga, cabe aos pais "construir o respeito pela diferença, exaltar o amor, ressaltar a afetividade. Promover a cumplicidade afetiva, partilhar os sentimentos e se envolver emocionalmente com o ser humano na sua essência".

Apoio

Um ponto no qual todos os especialistas concordaram é que através de contato, carinho e apoio os pais mostram amor pelo filho do modo mais puro, em sua essência. Estas demonstrações são fundamentais para a criança criar autoconfiança e se desenvolver plenamente.

Um lugar onde é muito comum a segregação das pessoas diferentes é a escola. Segundo Eliana, os educadores não devem acentuar as diferenças entre meninos e meninas. "Esta diferenciação cria expectativas na criança quanto ao seu papel sexual, impedindo que ela se desenvolva de uma maneira respeitosa pelo outro". Mesmo assim, a criança pode ser taxada de gay pelos coleguinhas, ganhar apelidos grosseiros e até ser agredida fisicamente. Os pais devem ficar atentos. Ao perceberem que as crianças estão mais retraídas ou relutantes em ir à escola, precisam tentar descobrir o que está acontecendo. Conversar com a criança e com os professores. Se necessário, procurar ajuda de um especialista.

Para finalizar, Dr. Gonzaga completa e aconselha os pais se informarem sobre a formação da criança, "muitos acham inútil buscar informações para se conhecer aspectos fundamentais do desenvolvimento da personalidade humana, preferem às vezes, criticar, seguir crenças antiquadas e tentar formar opiniões pessoais que conhecer melhor a vida pessoal de seu filho. É preciso chegar perto para enxergar alguns detalhes, pois cada indivíduo é único e possui suas necessidades pessoais".

Fontes:
Luiz Gonzaga Francisco Pinto, psicoterapeuta e terapeuta sexual
Renascer - Centro de Psicoterapia e Sexologia

Quézia Bombonatto, psicopedagoga
Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)

Eliana de Barros Santos
Psicóloga e pedagoga
Colégio Global/Escola Globinho

Atualizado em 1 Dez 2011.