Guia da Semana

Foto: Morguefile


O Banco Real, preparado para atender as necessidades de consumo da criança e do adolescente entre 12 e 17 anos, lançou no mês passado, o "Real Primeiro Cartão". O produto direcionado a um perfil e uma faixa etária, que é hoje o público-alvo das grandes marcas, promete conquistar os pais dos jovens.

A princípio, a idéia parece estranha, mas o consultor financeiro e autor do best-seller Casais Inteligentes Enriquecem Juntos Gustavo Cerbasi afirma que esta é a tendência do mundo das finanças e que o cartão de crédito faz parte da modernidade. "É um instrumento de organização e excelente auxiliar na mesada". Na opinião dele, ganhar um cartão não significa que a criança vá perder o controle, muito pelo contrário, "É uma forma dos pais estipularem uma cota, e no fim do mês, junto com a chegada da fatura, sentarem para uma reunião e discutirem os gastos". O grande problema da novidade, é que as famílias, geralmente, falam muito pouco sobre dinheiro. O tema ainda é considerado um tabu dentro das casas. Isso é errado, se as crianças já crescerem entendendo como funciona será mais fácil economizar e lidar com ele para o resto da vida.

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Para Cerbasi, os pequenos devem participar do orçamento doméstico. Ele confessa que aos 12 anos é um pouco cedo para já adquirir o cartão, porém acha fundamental que antes do vestibular os jovens (acima de 14 anos) já tenham noção e saibam administrar o dinheiro porque esta é uma missão que devem aprender para a vida adulta.

O cartão permite compras de no mínimo R$ 100,00 por mês, e os pais determinam o limite na agência bancária. O Guia da Semana fez uma pesquisa nos Shoppings Penha, Ibirapuera e Iguatemi em São Paulo e todos os comerciantes entrevistados já estão habilitados (apesar de ainda não ter acontecido) a aceitar compras de crianças ou adolescentes acima de 12 anos, desde que eles apresentem o documento de identidade. A resposta foi unânime: "Independente do valor".

De qualquer maneira, a mesada é importante, em dinheiro ou (agora) em cartão

Para Ricardo Rocha e Rodney Vertille autores de Esticando a Mesada, na infância e adolescência, a fonte de renda mais importante é a mesada, ou a "semanada", em alguns casos. Ela tem duas funções principais. A primeira é a que percebe-se mais facilmente: uma graninha que recebem para gastos do dia-a-dia. A segunda é fazer com que desde cedo se perceba a importância do dinheiro, entenda a dificuldade de ganhá-lo e aprenda a administrá-lo da melhor forma possível, poupando inclusive.

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Os pais devem ter em mente que a mesada não pode ser, em hipótese alguma, uma maneira de compensação por alguma questão que eles não estão conseguindo resolver. E muito menos trocar o dinheirinho da semana ou do mês por ajudas domésticas, ou aumentar o valor em troca de algum outro trabalho.

Cerbasi explica que os pais devem acertar com os filhos, o que será pago por eles e o que os pequenos devem consumir com a mesada: "Por exemplo, cinema, guloseimas e figurinhas serão pagas com o dinheiro do filho e o resto fica por conta do pai. Ele aconselha que as crianças, ao receberem o dinheiro vivo (quando a mesada não for estabelecida em cartão de crédito), devem separar algumas quantias em envelopes, colocar com caneta qual é o destino de cada valor e sempre tentar poupar um desse envelopes. É sempre bom lembrar que a maior função da mesada é transmitir para a criança um poder de decisão.

Atualizado em 6 Set 2011.