Guia da Semana

Foto: Divulgação

Um dia desses estava passando frente ao Anhembi quando avistei uma enorme fila de barracas. Me questionei sobre qual seria a razão daquele grande acampamento. Mais adiante, observei um bandeira com a sigla RBD. Logo lembrei que a banda mexicana fará um show em São Paulo no fim de novembro e, obviamente, todas aquelas pessoas acampadas queriam o melhor lugar no evento.

Depois de um tempo, fiquei imaginando como seria passar um mês acampado, no meio da maior cidade do Brasil. Será que eles estão correndo algum risco? Como dormem ou tomam banho? Será que estudam ou trabalham? Onde estão suas famílias? E depois que o show acabar, o que será da vida de cada um deles? Talvez essas questões assolavam a cabeça de todos que passam por aquele lugar.

Muitos dos jovens abandonaram os estudos e estão ali, sem o apoio de seus pais, que provavelmente também já tiveram seus ídolos: Menudos, Beattles, Rolling Stones, entre tantos outros que marcaram época. Sempre existe alguma personalidade que desperta o interesse dos adolescentes, seja ditando moda, comportamento, estilo ou apenas cantando músicas que falam sobre a vida. Para alguns, estar perto de seu ídolo trata-se da realização de um sonho. Para os que vêem de fora, uma loucura ou fanatismo. Mas, somente cada fã pode descrever até onde vai o limite do seu amor.

A adolescência é uma fase complicada da vida, onde o indivíduo tem a difícil tarefa de abandonar a infância e encarar a fase adulta. Existem jovens que perdem a identidade e acabam vivendo a vida do ídolo, passando por cima de seus próprios anseios e medos, não se importando com as conseqüências. Viver a vida de um ídolo pode significar um refúgio para os problemas, sejam eles na família, na escola ou no trabalho. É como deixar todas as suas responsabilidades de lado e viver em um outro mundo, o qual ele não pertence, mas acredita pertencer. Quando assistem a um show, não estão pensando no seu próprio entretenimento, que é de passar algumas horas cantando ou dançando. A verdadeira intenção é ficar o mais próximo possível de seus ídolos e demonstrar a sua adoração.

Julgá-los não seria a atitude certa, mas sim, orientá-los. Afinal, tudo que é em exagero torna-se prejudicial. Talvez essa seja apenas uma fase da vida, que pode trazer conseqüências mais adiante. Esquecer os problemas não vai extinguí-los, já que, após o show, a vida continua a mesma. O ídolo terá tantos outros shows, com tantos outros espectadores - estamos falando de um trabalho onde todos os fãs são apenas números - e por trás de todo esse processo, existe a parte financeira, que lucra milhões a cada apresentação.

Eu não sou contra ter um ídolo. Muito menos contra o RBD. Mas existe uma linha tênue entre admiração e fanatismo. Todos devem ter vida própria e não se anular. Doar-se ao ídolo não garante que ele se perpetue como uma estrela em sua carreira. No entanto, todos nós temos uma estrela interior, que nunca deve perder o seu brilho.

Quem é o colunista: Diego Aquino.

O que faz: Estudante de Jornalismo.

Pecado Gastronômico: Pizza.

Melhor Lugar do Brasil: Porto Seguro.

Para Falar com ele: [email protected]




Atualizado em 6 Set 2011.