Foto: Getty Images |
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Sempre fui uma pessoa de poucos amigos. Até os 15 anos, tinha uma melhor amiga e uma ou outra colega na escola, mas nunca tive uma galera. Até formei um grupinho no colegial, com umas três ou quatro pessoas, com as quais eu mais andava e saía aos fins de semana, mas foi só agora, com 22 anos, que finalmente encontrei um grupo de amigos. A gente conversa, sai para dançar, viaja, morre de saudades e até discute a relação. Somos uma equipe.
Não sei qual é o segredo para formar uma galera. No meu caso, começou com um grupo pequeno de quatro amigos e foi aumentando com a chegada de agregados e agregados dos agregados. Agora, ao invés de um amigo, eu tenho 20, e de uma vez só.
Compartilhamos momentos incríveis, engraçados, profundos e, o principal: eu passei a experimentar uma sensação deliciosa e inédita de "pertencimento". Estar junto e sentir essa cumplicidade coletiva amplia a nossa noção de relacionamento e nos ensina muito, não só sobre as pessoas em geral, mas sobre nós mesmos.
Ao fazer parte de uma turma, você desenvolve um autoconhecimento maior, e aprende a conviver em harmonia com as pessoas, já que a relação próxima mostra o que incomoda no outro e como o outro encara os seus defeitos. Não existe maneira melhor de saber quem você é do que estar em contato direto e íntimo com seres diferentes (e até opostos).
Lembro das primeiras viagens que fiz com a "equipe", como nos chamamos carinhosamente. Foi rolo do começo ao fim: escolher o destino, reservar e pagar a casa alugada, decidir o que comprar, em qual supermercado, a quantidade de cada coisa, quem vai de carro, que horas vamos sair. Enfim, foi um parto! Rolou até discussão e algumas caras feias. Aos poucos, fomos descobrindo formas eficientes de resolver as coisas práticas, levando em consideração o que cada um fazia melhor, como era o jeito e o gênio de cada pessoa e o que era preciso fazer para a gente não se matar.
A fórmula foi um sucesso e hoje nos respeitamos muito, mas isso só foi possível, porque o desejo de ficar junto e a afinidade falaram mais alto do que as inúmeras diferenças que temos entre nós. Ter e manter amigos não são tarefas fáceis, ainda mais quando se trata de um grupo grande, com muitas pessoas falando, pensando e sentindo ao mesmo tempo. Mas vale o esforço, porque poder compartilhar um pedacinho de nós com um número seleto de amigos, escolhidos a dedo, é maravilhoso e nos faz sentir menos sozinhos e incompreendidos.
Leia as colunas anteriores de Fernanda Carpegiani:
Não será o último
Escolhas certas
Na idade de curtir

O que faz: Jornalista apaixonada.
Pecado gastronômico: Batata frita.
Melhor lugar do Brasil: Ubatuba - São Paulo.
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Atualizado em 6 Set 2011.