Guia da Semana

Tensão: mães muito modernas e filhas adolescentes
Foto: sxc.hu

Cuidados com a alimentação, horas na academia, cosméticos poderosos e até cirurgias plásticas. Atualmente, as mulheres dispõem de vários artifícios para conter a passagem do tempo e parecerem sempre jovens. Tanto que algumas são confundidas com irmãs ou amigas das próprias filhas. Mas o que massageia o ego das mães pode facilmente se tornar um inconveniente para as adolescentes. Se a jovialidade se restringir apenas a aparência, é mais fácil de lidar, basta que a filha tenha jogo de cintura para encarar os comentários dos amigos, do tipo "nossa, sua mãe tá conservada!".

Entretanto, há mães que não almejam apenas a aparência jovem, elas querem voltar no tempo e se comportam como verdadeiras adolescentes, chegando, inclusive, a entrar em disputa com as próprias filhas. Tudo vira motivo para competição e brigas: quem é mais bonita, quem se veste melhor, quem é mais popular, etc. Diante da insistência de querer freqüentar os mesmo lugares, ir juntas para a balada e terem os mesmos amigos, a filha acaba se distanciando, com medo de algum constrangimento, como o envolvimento da mãe com um colega. Enquanto isso, a mãe fica sem entender nada e pensando: "Será que ela prefere uma mãe careta?"

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A psicóloga e terapeuta familiar Ana Maria Zampieri conta que o conflito entre mães e filhas é natural e previsível: "Na adolescência, o enfrentamento da mãe é algo comum, pois a garota está tentando se afirmar. É uma crise temporária, que depende da maturidade da mãe para ser resolvida". A situação não é difícil só para as filhas, que atravessam a conturbada adolescência, mas também para as mães, que geralmente estão na famosa crise da meia-idade: "É difícil para uma mãe com a auto-estima baixa ver a filha bela e motivada", explica.

Mulheres que não curtiram a adolescência, que tiveram pais muito rígidos ou casaram cedo correm o risco de querer roubar para si a adolescência das filhas: "As filhas ficam sem espaço para se desenvolver, é a vez delas errarem, delas descobrirem o mundo masculino. A mãe deixa o papel de orientadora e quer ser amiga, mas não é disso que as jovens precisam neste momento", diz a psicóloga.

Laís Linhares, 46 anos, é um desses casos: "Sempre fui mais amiga do que mãe, acho até que deixei a desejar nesse quesito. Minha filha me considera moderninha pra idade que tenho, por causa do jeito que eu encaro a vida, das roupas que uso. Fiz maquiagem definitiva, recentemente fiz uma tatuagem. Ela é muito madura, sempre pareceu ser mais velha do que é, eu que digo pra ela parar de se queixar da vida", conta.

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Alexandra, a filha, se chateia com algumas atitudes de Laís e até criou uma comunidade no Orkut com o título Minha mãe me imita: "Se eu gosto de um tipo de música, ela gosta também. Acho que isso é falta de personalidade, ela é imatura", diz. Alexandra confessa, ainda, que sente vergonha da mãe quando ela bebe e Laís reconhece: "Quando exagero na bebida ela não é minha fã, fica envergonhada e acho que é por isso que não conheço os amigos dela, ela é muito reservada."

Segundo Ana Maria, mulheres com um comportamento inadequado para a idade que têm costumam ser extremamente carentes e dá uma dica para as filhas: "A melhor coisa a fazer é tentar ser carinhosa com a mãe, conversar. É importante que os papéis não se invertam, senão a relação se descaracteriza. Dependendo da intensidade do problema, a mulher deve procurar ajuda profissional, de um psicólogo."

Quem pensa que essa disputa se restringe apenas às mulheres, está enganado. Homens costumam ser bastante competitivos, até mais que as mulheres: "A nossa cultura é machista, a sociedade admite que os homens tenham este tipo de comportamento. Por isso, os filhos não se queixam quando os pais se arrumam e ´vão à caça´ junto com eles", explica a terapeuta.

Serviço:
Ana Maria Zampieri - Psicóloga, terapeuta familiar e de casais
Rua Joaquim Floriano, 466 - Conj. 2108 - São Paulo
Telefone: (11) 2165-8118

Atualizado em 6 Set 2011.