Guia da Semana

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Chegou o tão sonhado fim de semana! Ligações feitas para os amigos e balada combinada. Hora de escolher aquela roupa e fazer aquela produção para arrasar na noite. Todos se encontram e saem rumo ao destino. Música rolando solta, surge aquela troca de olhares entre você e uma pessoa que te chamou a atenção. Quando você olha para o lado, o susto: "Mãe, o que você está fazendo aqui?"

É fato que a adolescência é a fase do "quero sair", "quero ir para a balada com os amigos". Também é a época em que os teens acham que podem fazer tudo, que não há limites para nada. A partir desse ponto, vem a preocupação dos pais a respeito do que seu filho faz fora de casa, longe do seu limite de observação e, consequentemente, fiscalização.

Mania de perseguição

Com a loucura do dia a dia, os pais estão cada vez mais distantes dos filhos. Essa falta de cobrança faz com o adolescente pense que ele conquistou sua "independência". Isso pode piorar a situação, pois assim, fazendo o que vier na cabeça e causando problemas, os pais acabam querendo vigiar cada passo do filho, para saber se ele vai aprontar de novo ou não. Para o psicólogo especializado em Sexualidade Humana, Paulo Tessarioli, "a falta de saber dialogar com o filho que cresceu é o motivo principal deste comportamento inadequado dos pais".

Outro motivo que leva muitos adultos a tomarem tal atitude é o não-reconhecimento de que o filho cresceu e está mudando, o que pode acarretar diversos problemas. "Podemos afirmar que o crescimento dos filhos é uma espécie de detonador das crises familiares, gerando muitas vezes problemas conjugais. Além disso, muitos pais controladores e autoritários (sempre estamos com a razão!) utilizam do disfarce de super protetores para não dar folga para seus filhos", diz o psicólogo.

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O profissional ainda completa que "a relação entre pais e filhos é vivenciada por meio de fases. As fases iniciais se caracterizam por uma maior necessidade de contato entre pais e filhos. Durante a adolescência, há que se haver uma liberdade vigiada por parte dos pais, pois estes se tornam menos necessários na vida dos seus filhos. Pais focados e centrados nos seus projetos de vida são mais tranqüilos com relação ao crescimento de seus filhos".

Para quê me seguir?

Muitos adolescentes passam por isso quando começam a sair de casa. Os pais querem confiar, mas a frase "só acredito vendo" faz com que sigam seus filhos até onde eles disseram que iriam, somente para confirmar. A vendedora Thabata Andrade, hoje com 19 anos, mora em São Paulo, mas, quando morava em Varginha, Sul de Minas Gerais, passou por algo parecido com sua mãe, quando tinha 15 anos. Ela a seguia até o ponto de encontro de sua galera no centro da cidade.

"Eu saía todo domingo com minhas amigas para encontrar com os colegas da escola. Eu tinha horário para chegar em casa e comecei a perceber que minha mãe não estava lá quando eu chegava. Ela inventava desculpas, dizendo que estava na casa de uma amiga. Um dia eu a vi num ponto de ônibus perto do centro, pois havia conseguido carona com o pai de uma amiga. Quando ela chegou em casa, mentiu pra mim, dizendo que estava novamente na casa de uma amiga. Em um domingo, a encontrei perto de onde estava e quando fui falar com ela sobre o porquê dela estar lá, ela não soube esconder e disse que ia para me vigiar", conta. Thabata disse que mesmo sua mãe confiando nela, queria saber se sempre estava tudo bem.

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Para o psicólogo Paulo Tessarioli isso é mais uma das muitas maneiras dos pais se zelarem os filhos. "Porém existem formas saudáveis de se preocupar com o filho. Por exemplo, se aproximar dos amigos dele, conhecê-los sem julgamentos, a partir de experiência de contato e intimidade com o próprio (levando ou buscando em baladas, por exemplo). Com base nestas informações e proximidade é possível até desenvolver um diálogo franco e aberto, caso isto seja necessário, quando algo errado está ou pode ocorrer", explica.

Para confiar

Os pais sempre irão se preocupar com os filhos, mesmo que já estejam adultos, trabalhando e bem resolvidos. Na adolescência, a principal fonte para uma confiança mútua é o diálogo. Saber conversar, na hora certa e da maneira correta, cria uma amizade entre a família e a conversa passa a ser uma orientação sobre o que deve ou não ser feito. "Muitas vezes o filho faz tudo o que precisa para ser merecedor da confiança dos pais. A orientação dos filhos começa na infância e é esta orientação que fará toda a diferença na vida como um todo", finaliza o psicólogo.

Atualizado em 6 Set 2011.