Guia da Semana

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Você já parou para pensar na quantidade de palavras que você fala hoje comparadas com as ditas na sua infância?

Palavras como internet, videogame, deletar e site, por exemplo, hoje, fazem parte do nosso vocabulário, mas que com certeza não existiam há algumas décadas. Esses vocábulos, disseminadas com o avanço da computação e da internet, só foram incluídas recentemente nos dicionários da Língua Portuguesa.

Isso acontece, porque o português é uma língua viva e está constantemente se modificando e atualizando. Se olharmos atentamente para a história do idioma, vamos perceber que não é a primeira vez que isso acontece. Na verdade, a Língua Portuguesa formou-se justamente com incorporação de diversas línguas e culturas.

Tudo começou com o Latim Vulgar, que era uma variação falada do Latim Culto. No começo do século II a.C., os romanos, que falavam esse Latim, invadiram a Península Ibérica, onde hoje fica Portugal. Eles dominaram a região e impuseram sua língua para os povos que ali viviam. Por volta do século V, no entanto, a região da Península Ibérica foi invadida pelos germanos, que não conseguiram extinguir o Latim, mas o influenciaram.

Palavras como orgulho, sabão, guerra, trégua e roubar são alguns exemplos da influência da língua desse povo.

Depois dos germanos, foi a vez dos árabes invadirem a Península Ibérica e incorporarem palavras como alfaiate, assassino, xerife, azeite, álcool e sorvete à língua da região.

Devido ao contato com a língua de todos esses povos, o Latim Vulgar trazido de Roma sofreu grandes transformações que culminaram no surgimento do Galego-Português. Aos poucos, essa língua foi passando por alterações que deram origem, por volta do ano de 1350, ao Português Arcaico. Assim, nascia a nossa Língua Portuguesa.

Com as Grandes Navegações, Portugal levou sua língua para todas as suas colônias. Assim, chegou o Português ao Brasil que, pouco a pouco, foi acrescentando à língua mãe, suas próprias inovações.

O primeiro a influenciar o português do nosso país foi o índio. Nos primeiros dois séculos, após a chegada de Cabral, as línguas indígenas foram as mais faladas por aqui. Até que, em 1758, o Marquês de Pombal decretou um alvará que proíbia o ensino e o uso das línguas dos índios. Assim, o Português se tornou a língua oficial do Brasil.

Apesar disso, a língua indígena influenciou muito a Língua Portuguesa, principalmente com palavras referentes à natureza, para a qual os europeus, literalmente, ficavam sem palavras para descrever. É o caso, por exemplo, das palavras capim, caatinga, abacaxi, cipó, entre outras.

Os escravos trazidos da África também tiveram um papel fundamental na transformação da língua do Brasil. Quando vieram para cá, eles não falavam o nosso idioma e foram aprendendo de ouvido, sem escola ou regras gramaticais. Assim, além de modificarem a Língua Portuguesa, também foram acrescentando a ela palavras de origem africana, como caçula, samba e moleque.

Às influências indígenas e africanas, somou-se também as línguas trazidas pelos imigrantes europeus e asiáticos. E assim, dessa mistura de raças, que forma o povo brasileiro, nasceu a língua que falamos hoje, fruto de séculos de transformações.

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Quem é a colunista: Lívia Lombardo tem 24 anos, é graduada em Letras e Jornalismo e trabalha no Kumon Instituto de Educação.

O que faz: Elabora o material didático de Língua Portuguesa que é utilizado nas unidades do Kumon de todo o Brasil.

Pecado gastronômico: coxinha.

Melhor lugar do mundo: qualquer praia!

Fale com ela: [email protected]

Atualizado em 1 Dez 2011.