Guia da Semana

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As famílias brasileiras, vez ou outra, contam com a ajuda de vizinhos, amigos e até parentes para cuidar dos filhos. Criar uma criança é algo trabalhoso e, muitas vezes, é necessário um suporte para aliviar as tarefas e proporcionar um relacionamento saudável para todos. Deste modo, em algum momento na vida de pai e mãe, a ajuda de uma babá é bem vinda e confortável.

Minha filha caçula, logo ao nascer, contraiu pneumonia e precisou ficar internada numa UTI neonatal por 16 dias. Durante esse período, conheci muitas mães que, como eu, perambulavam pelas dependências do hospital e, por isso, não podiam cuidar do primogênito. Em nossas casas, o outro filho estava aos cuidados de mamães temporárias, as babás!

No entanto, algumas famílias se acostumam tanto com essa ajuda que acabam transmitindo toda a responsabilidade de cuidar e educar os filhos para a babá. Partindo daí, existe uma enorme cobrança. E, muitas exigências feitas à profissional, nem mesmo os pais conseguiriam cumprir. Sobrecarregadas e muitas vezes vivendo sem privacidade, sem tempo individual para descanso físico e mental, a babá torna-se a responsável por tudo que acontece na vida da criança.

Em famílias, onde os pais trabalham cada vez mais, cabe à babá suprir a carência das crianças. Aconselho, se me permitem, cuidar muito bem desta profissional. Proporcionar condições e oportunidades para que ela consiga "substituí-los" da melhor forma possível. Porém, os pais devem sempre se lembrar que a educação dos filhos é sua responsabilidade.

Conversando recentemente com uma cliente, ela comentou que morava perto de uma estação de Metrô, por exigência do marido. Ele dizia que não queria passar muito tempo no trânsito para poder chegar mais cedo em casa e curtir os filhos e a esposa. Contudo, justamente por chegar em casa em apenas 15 minutos, ele sai do trabalho mais tarde chegando em casa quase no mesmo horário que chegaria se viesse de ônibus ou condução própria.

Não irei nunca questionar, pois estou segura que pais assim possuem muitas responsabilidades e um alto volume de negócios a resolver. Mas, acostumados a viver em ritmo acelerado, raramente se questionam sobre a constante falta de tempo e o crescente afastamento da rotina dos filhos.

Percebo que a infância é cada vez mais respeitada e protegida por leis como o Estatuto da Criança e do Adolescente. Ganhou músicas maravilhosas, livros adequados, alimentação apropriada, brinquedos educativos, roupas para todos os gostos, profissionais especializados (pedagogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, odontopediatras, pediatras etc). Ufa! E, no entanto, está perdendo o que, na minha opinião, será sempre o mais importante: o cuidado daqueles que a criança mais ama: os pais!

Leia as colunas anteriores de Antoniele Fagundes:

O perigo mora em todo o lugar

Vem brincar comigo

Queridinho da mamãe



Quem é a colunista: Filósofa e educadora. Criadora da empresa Babá Ideal.

O que faz: Orientação familiar e cursos personalizados para babás

Pecado Gastronômico: Panetone.

Melhor lugar do mundo: Qualquer um, ao lado da minha família!

Fale com ela: antoniele @babaideal.com.br ou acesse seu site

Atualizado em 6 Set 2011.