Guia da Semana

Devido à repercussão de fatalidades ocorridas com bebês em creches, das quais o caso que mais se destaca é o de Gabriel Ribeira, bebê de sete meses, que morreu na escola Pedacinho da Lua, em São Paulo (SP), a mídia tem veiculado algumas matérias equivocadas sobre o problema da Morte Súbita.

Para evitar a propagação de informações incorretas e esclarecer pais e cuidadores, a Pastoral da Criança divulgou nota sobre o assunto. Segue texto na íntegra.

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Bebês devem dormir de barriga para cima

De barriga pra cima. Essa é a maneira correta de deitar a criança até completar um ano de vida para reduzir os riscos de morte súbita, segundo pesquisadores do Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e campanhas recentes divulgadas nos Estados Unidos e na Inglaterra.

A afirmação é do pesquisador Cesar Victora, da UFPel, que coordenou um estudo sobre o tema durante o ano de 2006. Foram constatados oito casos de Mortes Súbitas na Infância (MSI), do total de 66, registradas entre os 4.248 nascidos vivos na cidade de Pelotas (RS) naquele ano. Segundo Victora, há formas de reduzir o risco de morte súbita em bebês, uma delas é deixá-los dormindo de barriga para cima.

Segundo ele, a informação de que ao dormir de barriga para cima o bebê vai aspirar o vômito e se afogar não passa uma crença popular incorreta. Ao deitar de lado ou com a barriga para baixo o bebê respira um ar viciado, ou seja, o ar que ele próprio expira. "Uma criança maior ou um adulto acordariam ou trocariam de posição para evitar o sufocamento, mas em alguns bebês a parte do cérebro que controla este reflexo não está desenvolvida. Por isso, ele acaba se afogando e morre por asfixia", afirma Cesar Victora, pesquisador da UFPel.

Os riscos de dormir de barriga para baixo são semelhantes a dormir de lado. Essa posição é instável e muitos bebês rolam e ficam de barriga para baixo. É comum que as mães deixem o bebê dormindo na posição correta e avós, babás ou parentes, movidos pelo senso comum, o coloque em posição de risco - de lado.

Segundo as pesquisas, o risco para meninos é maior do que para as meninas e para bebês até o terceiro mês de vida. O risco foi maior para crianças de baixo peso ao nascer, para aquelas que residiam com outras menores de cinco anos, para os que não recebiam aleitamento materno exclusivo e aos filhos de mães com baixa escolaridade, fumantes e jovens.

A Pastoral da Criança, com base nos estudos brasileiros e na publicação Sudden infant death syndrome, de Rachel Y Moon, Rosemary S C Horne, Fern R Hauck (Lancet 2007; 370: 1578-87), orienta as mais de 1,4 milhão de famílias acompanhadas que os bebês devem dormir de barriga para cima. Segundo a publicação citada, a morte súbita é a maior causa de mortes entre crianças de 1 a 12 meses nos países desenvolvidos.

Outros fatores de risco para a morte súbita são a exposição ao fumo, o uso de colchões ou travesseiros muito moles e o superaquecimento do bebê, porque algumas mães tendem a agasalhar demais as crianças no inverno. Campanhas para redução de risco podem diminuir as mortes súbitas em 50-90%.

Por definição, o diagnóstico de morte súbita é dado por exclusão: quando não se acham outras causas que podem explicar a morte da criança.

Atualizado em 6 Set 2011.