Por Larissa Coldibeli
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Já foi a época em que o cigarro era sinônimo de charme e glamour. O que antes era símbolo de transgressão, de ser "o descolado", hoje em dia é sinal de burrice. Os prejuízos que o tabaco causa à saúde são bem conhecidos, diferente do que acontecia há 20 anos, quando provavelmente seus pais começaram a fumar.
Campanhas contra o tabaco, a proibição do fumo em alguns estabelecimentos e o fim das propagandas contribuem para que o número de adolescentes dependentes diminua. Pesquisas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostram que houve queda no número de estudantes entre 12 e 18 anos que experimentaram cigarro: em 1997 eram 32,7%, caindo para 21,7 em 2004, após o fim da publicidade.
Mesmo assim, 12% dos jovens entre 12 e 17 anos fumam, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Mas quais são os fatores que fazem os adolescentes de hoje começarem a fumar? "Curiosidade e fácil acesso", garante o penumólogo Jorge Alexandre Sandes Milagres, do CAT - Centro de Apoio ao Tabagista. "Além disso, o cigarro faz com que se sintam adultos, principalmente para aqueles que cresceram vendo os pais fumando", revela.
A adolescência, marcada por sentimentos conflitantes e necessidade de novas experiências, é a porta de entrada para o vício. Ainda segundo a OMS, 90% dos fumantes se torna dependente antes dos 18 anos. O médico explica: "Ao primeiro contato, seja para aquele que nunca fumou ou para quem está há algum tempo sem fumar, as reações são ruins: tonteiras, tosse, enjôos, vômitos e batimento lento do coração. São reações típicas de uma intoxicação. O jovem que insiste em fumar passa então para uma outra fase, chamada de tolerância. É quando o organismo começa a se adaptar àquele tóxico e começa a não mais sentir os tais efeitos ruins. É a partir desta fase que instala-se a dependência física e psíquica".
Dependência
A nicotina é a grande responsável pela dependência. A fumaça aspirada vai no sentido boca > traquéia > brônquios > alvéolos > vasos capilares, onde, enfim, alcança o sangue. A partir daí, a nicotina circula por todo o corpo, inclusive o cérebro, que libera os neurotransmissores responsáveis pela suposta sensação de bem-estar.
Os principais neurotransmissores: |
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O tempo que uma pessoa demora para se viciar varia muito. Alguns, demoram meses, outros, dias. O mesmo acontece com a tolerância do organismo à falta de nicotina. Há pessoas que conseguem ficar dias sem fumar, enquanto outras aguentam apenas poucas horas. Mas quando a crise de abstinência acontece, os sintomas são bem parecidos. A vontade que se tinha normalmente fica insuportável e a pessoa só pensa nisso. Surge a famosa irritação, que tende a crescer e outros sintomas, como ansiedade, tristeza, depressão, perda de concentração para atividades simples, insônia ou sonolência.
Os "alternativos"
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Pier |
Pier Chioccola, 18 anos, fuma desde os 16: "No começo, fumava só na balada, de vez em quando um cigarro de cravo. Depois, foi ficando mais frequente, quando vi, meus pais já sabiam e apesar de não gostarem, eu continuei". É mais ou menos assim que os adolescentes de hoje começam. Para fugir da culpa por adquirir um hábito reconhecidamente prejudicial, eles recorrem a cigarros alternativos, como os de sabores, os bidis, de palha e outros. O que eles não podem imaginar é que o aparentemente inofensivo cigarro de cravo é três vezes mais forte: "O tipo de tabaco destes cigarros contém índices maiores de química, como alcatrão, nicotina e monóxido de carbono", alerta o pneumólogo.
Alternativos: |
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Outro vilão do seu pulmão é a associação de cigarro e álcool. Ao passar pelos rins, enquanto circula na corrente sanguínea, uma parte da nicotina é eliminada pela urina. Ao ingerir bebidas alcoólicas, o pH do sangue é alterado, eliminando a substância mais rapidamente. Daí, os fumantes acenderem um cigarro atrás do outro enquanto bebem. Mesmo para aqueles que só fumam de vez em quando, vale lembrar que o fumo é responsável por 30% das mortes por câncer. Os principais são câncer de pulmão, boca, laringe, esôfago, pâncreas, rim bexiga e colo de útero. Doenças como bronquite, pneumonia, enfisema pulmonar, infarto e derrame também são mais recorrentes em fumantes. Ou seja, fique fora dessa!
Fotos: Stck. Xchng
Serviço:
CAT- Centro de Apoio ao Tabagista
Tratamento de fumantes e orientação de adolescentes
Rua Djalma Ulrich, 163 - sala 602
Copacabana - Rio de Janeiro
www.cigarro.med.br
Atualizado em 6 Set 2011.