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Que tipo de pessoa vê um semelhante, nu, desnutrido e praticamente à morte e assobia? Eu respondo: garotos de dezessete anos, da classe média alta, que tiveram boa formação educacional e (supõe-se) moral. Por mais perplexo que você consiga ficar de vez em quando com a crueldade do mundo, nada nunca me atingiu com tanta intensidade quanto a falta de respeito dos meus colegas de classe, durante a exibição de um documentário sobre a Segunda Guerra Mundial.
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Analisando o comportamento de pessoas da minha idade, tenho medo do que vêm pela frente; o que as gerações seguintes à minha aprenderão? A rir ao invés de agir? Sorrimos porque achamos que está tudo perdido, quando, na verdade, está perdido porque rimos. Não posso dizer que muito poderia ter sido feito pelo judeu que apareceu naquele documentário - ele já está morto há mais de cinqüenta anos - mas o mínimo que poderíamos ter feito era dedicar-lhe um silêncio respeitoso, porque ele foi uma vítima, não de uma fatalidade, mas de um governo tirânico e legítimo - afinal de contas, foram pessoas como nós que colocaram Hitler no poder.
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Então, lembro dos meus colegas de sala se divertindo de uma pessoa à beira da morte e, inevitavelmente, recordo que daqui há dez, quinze anos, eles serão pais. Temo por essa geração seguinte, porque se seus pais pensam que o Holocausto é motivo de diversão, tenho medo do que os filhos farão quando o Brasil estiver em suas mãos.
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O que faz: Preparando-se para prestar o vestibular.
Pecado gastronômico: Filé de frango com arroz.
Melhor lugar do Brasil: São Paulo, Capital. Não há lugar melhor que o lar.
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Atualizado em 1 Dez 2011.