Guia da Semana

Faça arte! Este é o recado do apresentador do Art Attack, Daniel Warren, para todas as crianças. A mensagem pode parecer um pouco polêmica, mas essa é a tática usada no programa exibido no Disney Channel para estimular a criatividade dos pequenos. Com o objetivo de fazer com que os telespectadores mirins transformem coisas simples em obras de arte, a série ensina diversos tipos de "engenhocas" e experiências inventivas, sempre com muita diversão.

A atração estreou no Reino Unido em 1989, onde está na décima segunda temporada. Desde então, o Art Attack já ganhou diversos prêmios, incluindo Melhor Programa Informativo Infantil (1991). Nos episódios exibidos na América do Sul, quem comanda a bagunça há 10 anos é Warren, que também é ator e professor de teatro. Em entrevista, ele conta como é lidar com os pimpolhos e dá dicas para que todos exercitem o lado de artista-mirim.


Guia da Semana: Como surgiu a oportunidade de apresentar o Art Attack? Você já desenvolvia trabalho com crianças?
Daniel Warren: Além de ser apresentador do Art Attack, sou ator. Por isso, sempre faço testes. Também dou aulas de teatro para crianças há 13 anos. Foi uma oportunidade de unir esse lado de professor e atuação. Fiz o teste e passei. Foi muito bacana. A primeira gravação aconteceu em 2000, na Inglaterra, onde conheci Neil Buchanan, o idealizador do programa.

Guia da Semana: Como é trabalhar com esse público? A responsabilidade é maior?
Warren: Eu não faço muita diferença entre o público adulto e infantil. Teatro, por exemplo, tem que ser bom para o adulto e para a criança, assim como tudo o que se faz para o público infantil. É claro que a linguagem e a abordagem mudam, mas muitas vezes é até mais difícil, pois a resposta da criança é mais instantânea.

Guia da Semana: Onde você busca ideias para o programa?
Warren: Existe uma produção muito grande que envolve cada episódio. O programa é muito complexo. Em cada um, há três ou quatro artes que precisam ser apresentadas de uma maneira lúdica e clara. Tudo isso exige uma produção enorme. Cada trabalho envolve muita gente por trás. Eu até dou algumas sugestões, mas quem seleciona cada ideia é a equipe de produção.

Guia da Semana: Mas você tem uma preparação para executar os trabalhos?
Warren: Com certeza. Tenho que aprender como faz e, principalmente, entender como é a melhor maneira de falar sobre aquele assunto.

Guia da Semana: Você já passou por alguma dificuldade para aprender um trabalho?
Warren: As técnicas são muito divertidas de aprender. Algumas vezes não dá certo na primeira vez. O papel machê é a mais difícil, porque exige uma mistura certinha de cola e água. Depois, é preciso ter muita paciência para esperar secar.

Guia da Semana: Como são as gravações do programa? Você se diverte muito?
Warren: É uma maratona. A última séria foi gravada em Buenos Aires. Ficamos um mês e meio lá e nós tornamos uma família. Surgem muitas piadas e sempre é muito legal gravar.

Guia da Semana: Qual trabalho manual você mais gostou de ensinar para as crianças?
Warren: Essa última série tem muitos trabalhos incríveis. Tem uma técnica muito legal e super simples de usar sal grosso para dar efeito de água em movimento. Há também várias artes de papel machê, como um cofre de emergência para guardar os trocados. Outra ideia bacana foi um caminhão feito com caixa de ovo, que é um material que seria jogado no lixo. Enfim, muita coisa legal.

Guia da Semana: E como é a resposta do público?
Warren: Estou tendo uma resposta muito grande. Como o programa já está passando há muito tempo, tenho uma resposta grande de várias faixas etárias. Há também adolescentes que assistiam ao Art Attack quando eram mais novos e que vêm falar comigo. Além disso, os adultos também me abordam e pedem dicas. Eu acho tudo isso o máximo e me sinto muito honrado de participar desse projeto.

Guia da Semana: Com todos os recursos multimídia que existem hoje, o que você acha que é preciso para atrair as crianças para aprender sobre arte e manter a atenção delas?
Warren: Uma das coisas mais valiosas no Art Attack é que ele faz o papel de estimular a curiosidade de inventar coisas novas e de se aventurar com outras linguagens. Há um discurso de que esses recursos atrapalham o desenvolvimento das crianças. Mas eu acho que não é totalmente assim. Se forem feitas as escolhas certas, a criança será estimulada sim. Programas como o Art Attack ajudam o desenvolvimento e enriquecem o repertório. Agora, quem faz a escolha são os pais e a escola, que devem selecionar corretamente.

Guia da Semana: Você tem dicas para que os pais estimulem a criatividade das crianças e o gosto pela arte em casa?

Warren:Eu acho que os pais não devem bloquear os desejos das crianças. Elas podem ver televisão, jogar videogame e ficar no computador, mas eles devem desviar a atenção da garotada para outras coisas também. Sempre falo que o adulto deve busca na sua infância do que gostava de brincar. Com certeza, seu filho também vai gostar.

Por Camila Silveira

Atualizado em 21 Mai 2012.