Guia da Semana

Fotos: Thinkstock

Morar com os amigos pode ser divertido, mas é preciso ter bastante responsabilidade

Após terminar o ensino médio, a bancária Martha Regina Meira Biachi, hoje com 27 anos, passou meses estudando bastante para conseguir cursar a sonhada faculdade de economia em alguma universidade pública. Ao final daquele ano, tudo deu certo e ela passou na Universidade Estadual Paulista (Unesp).

O problema? Para estudar, Martha precisou se mudar para Araraquara, cidade localizada a 288 quilômetros da capital paulista. Assim, com 18 anos, ela deixou definitivamente a casa dos pais e foi morar sozinha pela primeira vez. "Antes, por causa do cursinho, cheguei a morar um ano com a minha avó, mas aí não conta, né?", diz bem-humorada.

Para driblar o orçamento apertado, pois não trabalhava e os pais a sustentavam, ela decidiu morar numa república de estudantes e assim, dividir uma casa com outras meninas. "Todos deveriam passar por isso, pois traz bastante responsabilidade e te ensina a conviver com as diferenças", diz.

Living la vida loca?


Ir a festas não deixa de ser divertido, mas não esqueça que você está na república para estudar

Apesar de ter ótimas lembranças, a bancária reconhece que foi uma experiência difícil. Logo de cara, o primeiro choque foi ter que conviver com completos desconhecidos, com filosofias de vida e estilos de criação completamente diferentes. "Mas, assim, aprendi muito a conviver com os outros e, principalmente, a respeitar o ponto de vista alheio, o que é algo fundamental e que levarei para toda a vida".

Do primeiro ano de faculdade, Martha diz que aproveitou bastante as festas e que se divertiu muito. No entanto, ressalta que é precisa ter bastante responsabilidade, pois todos são jovens de 17 anos que mandam na própria vida. "Tenho muitos colegas que nem chegaram a se formar porque só queriam saber de curtir as festas e deixaram os estudos completamente de lado".

Experiência em livro

Se você escolheu cursar uma faculdade em outra município, está na hora de começar a pensar em como se virar na nova vida. Um caminho natural, como vimos com a história da Martha, é optar por morar em república. Com muita experiência no assunto, pois há mais de dez anos divide casas com pessoas do mundo todo, a consultora Nani Oliveira decidiu escrever um livro Dividindo o Mesmo Teto - Um guia para quem deseja dividir uma casa (All Print Editora).

Nani conta que a saiu de casa pela primeira vez aos 24 anos, com a ideia de estudar e trabalhar em Londres. "Enquanto morava com a minha mãe, nunca tive que cozinhar, lavar minha roupa ou pagar uma única conta. Aliás, não tinha ideia do que era morar sozinha". A escritora conta que teve sorte por ter viajado com uma amiga, que já havia sido casada e tinha dois filhos (que ficaram no Brasil). "Aprendi tudo na raça, pois apesar de falar a língua, não entendia a cidade ou como as coisas funcionavam. O primeiro ano foi muito difícil, depois as coisas foram entrando nos eixos".

Solução e problema


Dividir uma casa tem suas vantagens e desvantagens

Para Nani Oliveira, existem muitos benefícios em morar numa república, entre os quais aprender a conviver com pessoas muito diferentes de você, conhecer outras culturas e costumes, descobrir seus limites e a respeitar os alheios, ter mais responsabilidade, se tornar flexível e ainda se adaptar aos diversos tipos de situação. "Tenho grandes amigos que moraram comigo. O melhor sempre são as viagens, reuniões e jantares em casa, além de ter uma pessoa para conversar".

No caso dos problemas, ela diz que o principal é a invasão de privacidade e espaço, pois muitas pessoas têm dificuldades em impor e respeitar limites, ou mesmo em seguir regras. "Isso dificulta na hora de dividir, pois se alguém não segue as regras, um sai ganhando e outro perdendo, sendo que o perde fica muito irritado ou frustrado, não conversa sobre o assunto e isto vai se acumulando com outros problemas do dia a dia, até a pessoa explodir".

Para resolver esses casos, só conversando. Antes, durante ou depois. "Não adianta ficar guardando a mágoa e imaginar que seu colega vai perceber que você está bravo. Na maioria das vezes, as pessoas incomodam ou invadem o espaço do outro sem perceber e não de propósito".

Encontrando seu roomate



Na hora de montar um república, ou mesmo encontrar um lugar para morar legal, a escritora Nani Oliveira dá as dicas:

- Muito cuidado ao colocar alguém para morar dentro da república. Ao selecionar a pessoa, tente escolher aqueles com hábitos parecidos com os seus. "Lembre-se que se você gosta de baladas e festas, morar em uma casa com pessoas que gostam de estudar e detestam música alta não seja muito divertido", aconselha Nani no livro.

- Se você é o locador, faça a entrevista e dê um resumo das regras da casa para a pessoa ler. "Dependendo da regra, ela vai amar ou odiar morar com você", lembra Nani.

- Peça referências de família e trabalho, com nomes completos, CPF, endereços e telefones. Verifique também se a empresa que a pessoa trabalha é idônea e se ela realmente trabalha lá.

- Faça um quadro de regras, com o que pode fazer ou não na casa, valor das contas, etc. E mande a pessoa assinar.

- Por fim, Nani lembra que não há como prever se essa pessoa será bacana ou não, isto só com a convivência. "Mas depois de mais de dez anos dividindo casa, eu posso afirmar que, na maioria das vezes, as experiências são ótimas e eu realmente recomendo".


Atualizado em 21 Dez 2011.