Guia da Semana

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Com a velocidade e o acúmulo de tarefas que o dia a dia exige, fica muito complicado descolar aquele tempo para papear com os pais. Em alguns casos isso é muito comum. Os assuntos acabam se tornando maiores do que deveriam ser e se transformam em um tabu ou então o diálogo com os coroas nunca é afinado. Ou seja, você diz A, eles entendem B e no fim das contas o assunto vira Z.

A conversa franca com os pais é uma boa forma de se iniciar as relações interpessoais na vida e consequentemente estabelecer laços ainda mais intensos com eles. É claro que, na teoria, tudo fica mais fácil. O complicado é ter a coragem de falar de assuntos mais picantes como sexo, ficantes, vida de amigos e afins. Para lidar com tudo isso, o psicólogo Mauro Godoy aconselha, tanto o jovem quanto os pais, a ser o mais natural possível. "A dica é ser e espontâneo, transparente e objetivo. Isso vai significar sua verdade. Quanto mais verdadeiro for, melhor", aconselha.

Papo aberto

A adolescência é o momento onde todos os sentimentos reprimidos durante a vida vêm à tona e explodem. Depois que a personalidade infantil se vai, surge outra com uma intensidade muito maior. Esse processo manifesta-se pelo envolvimento com grupos da mesma idade e pode vir acompanhado do afastamento da família.

A distância dos pais pode surgir em forma de rebeldia, sendo comuns cenas de jovens trancados em seus quartos, isolados e até intolerantes em relação a perguntas dos pais. "É completamente natural que nessa altura da vida, o jovem se sinta mal consigo mesmo, cheio de inseguranças e que tudo fica muito maior do que realmente é", comenta o psicólogo Mauro. Assim, os pais entram para dar o suporte necessário e ajudar a lidar com as próprias emoções.

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Pode falar de tudo?

Um dos maiores tabus não somente com os pais, mas com qualquer pessoa, são assuntos sobre problemas sentimentais. O jovem sai de uma fase onde nada tinha importância, para uma outra onde o que vão pensar sobre ele influencia muito. "Ele tem medo que pensem que ele é burro, incapaz, fraco, perante aos pais e qualquer pessoa que ele goste", afirma Mauro. Portando, omitir não é o fim do mundo. Isso só significa que o jovem irá guardar a duvida até surgir o esclarecimento suficiente para ela conseguir resolver aquele problema.

Juliana Borges da Silva, 17, tem uma relação totalmente aberta com os pais e não vê problemas em debater assuntos variados com eles, inclusive assume não ter receio, quando encontrar um namorado. "Nossa relação de conversa é muito boa, pois meus pais são bem liberais e compreensíveis, então se eu gostasse mesmo do cara chegaria neles e contaria numa boa", revela à jovem.

Omitir?

Quem não tem estrutura para lidar com um fato, não consegue expor o assunto com facilidade. Até porque, acaba omitindo para si próprio. Existe sim uma dificuldade natural em lidar com os novos sentimentos e realmente há assuntos complicados em que você não sabe o que pensar. "Os mais velhos, que provavelmente já passaram por esse fato, podem ajudar bastante", aconselha Mauro.

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Assim é com Pedro Ernesto Lopes de Souza, 15, que afirma ter um diálogo aberto com os pais, quando necessário, e abriria sobre ficantes e sexo, porém evita assuntos que envolvam os amigos, afinal, pode prejudicá-lo. "Não sou de falar muito. Normalmente dou respostas diretas e me viro com as minhas coisas e às vezes eles me aconselham como devo me portar mediante alguma situação. Coisas de pai. Só tenho dificuldade em falar de amigos com problemas com bebidas", afirma o jovem.

Polêmico

Uma pauta que rende, e muito, assunto em diversas casas é o sexo. Dúvidas do tipo: devo contar? Como fazer isso? São completamente naturais. Algumas famílias têm mais naturalidade com esses assuntos, outras não, e isso é comum e totalmente compreensivo, segundo Mauro. "Não há uma receita ideal para contar isso a eles, vai da natureza de cada um", comenta o psicólogo. "A dica é ser transparente e objetivo, evitar rodeios", orienta.

Quando se transa pela primeira vez, o jovem passa a ter autonomia sobre as suas atitudes. Às vezes é uma forma de simbolizar que ele pertence ao mundo, não mais aos pais e isso pode gerar um bloqueio de ambas as partes. Quando existe essa barreira há uma transformação muito grande. "O ideal é ser o menos informal possível e conversar como se estivesse falando com um amigo, irmão, alguém que você goste muito e ao mesmo tempo confia. Isso vai criar uma relação muito melhor, gerar uma confiança na relação e uma auto-confiança por parte de quem fala", aconselha o especialista.

Atualizado em 6 Set 2011.