Guia da Semana

Foto: sxc.hu/


Enquanto andava pelas ruas de Calcutá, o obstetra francês Frédérick Leboyer viu uma jovem mãe massageando o filho e pediu que ela lhe ensinasse a técnica. Para registrar o momento, Leboyer fez anotações e tirou foto. Esta massagem é parte da tradição cultural indiana e até então não tinha nome, chegou ao ocidente como Shantala, nome da mulher fotografada.

Originalmente, a Shantala deveria ser realizada pela mãe em sua criança e visa, através do contato físico, estreitar os laços afetivos. O primeiro elo emocional que constituímos é feito pelo modo como somos tocados, assim é iniciada a base para as nossas futuras relações. O tato é o primeiro sentido formado e o único que não se altera com a velhice. É o começo da ligação de uma pessoa com o mundo.

Foto: sxc.hu/
A massagem, além de aliviar o relaxar a musculatura, auxilia a respiração, circulação do sangue, digestão e o fluxo de ondas cerebrais. O sono melhora, as cólicas diminuem e a prisão de ventre também. O bebê se sente mais seguro e descobre o próprio corpo.

A pesquisadora TIffany Field do Instituto de Pesquisa do Tato, na Escola de Medicina, Universidade de Miami, escreveu um livro chamado Touch, Toque, em português. Nele, ela afirma que bebês com dez semanas de vida, que recebiam massagens de suas mães, tinham menos doenças e diarréias. Field também diz que a massagem facilita o ganho de peso em prematuros, aumenta a imunidade e reduz dores.

Durante a massagem indiana, através de movimentos lentos e suaves compressões e alongamentos, todo o corpo do neném é estimulado. Os movimentos são em locais precisos e com pressão controlada. Segundo a fisioterapeuta Denise Gurgel Barbosa, "Shantala é uma forma dos pais transmitirem amor através das mãos para os bebês". Apesar de a tradição falar que apenas a mãe deveria participar deste momento, Barbosa afirma que é muito importante a interação do pai com seu filho, afinal, ele tem menos contato com a criança. A fisioterapeuta sabe que talvez os familiares não tenham tempo para fazer a Shantala, mas salienta que uma outra pessoa, por exemplo, uma babá, deve fazê-lo para melhorar a qualidade de vida do bebê. Mas, neste caso, os benefícios serão apenas físicos.

Foto: Morgue File
Instruções

É indicado começar a massagem depois que o umbigo está cicatrizado e a pele já descamou, por volta de um mês de vida. Não há restrição com relação a crianças mais velhas, porém, o maior benefício para elas seria apenas a ligação afetiva. Nos bebezinhos, é melhor começar cedo, ainda no primeiro mês. Assim, eles apresentam menos resistência e se adaptam com mais facilidade.

Para massagear o bebê, é preciso sentar no chão com a coluna ereta, passar algum óleo vegetal nas mãos e apoiar o neném sobre suas pernas. Uma música calma também pode ajudar. É importante manter a criança aquecida e o ideal é que o processo seja realizado uns 40 minutos após as refeições, desse modo, ele não estará com fome ou de o estômago cheio. Para finalizar, o bebê precisa tomar um banho morno, manter todo o corpo imerso e só o rosto acima da água.

Atenção

A fisioterapeuta avisa que a Shantala não é indicada quando o bebê está com diarréia, febre ou acabou de tomar vacina, pois ela estimula sistema digestivo e altera a circulação do sangue.

Fontes:

Touch, Tiffany Field, MIT Press, 2001
Universidade de Miami - Pesquisa do Tato
Denise Gurgel Barbosa, fisioterapeuta - www.cursoshantala.com.br/
http://www.criancaemfoco.com.br

Atualizado em 1 Dez 2011.