Guia da Semana

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A capacidade de escolha e de tomada de decisões nas crianças acontece aos poucos.
Muito cedo, suas escolhas estão muito ligadas a seu interesse pessoal e imediato, quando de fato, ela ainda não analisa as vantagens e desvantagens de cada opção, como faria uma criança maior ou um adulto.

Mas isso não significa que ela não deva exercitar esse comportamento desde cedo. Tudo na vida se aprende. E a aprendizagem, por meio da experiência, é ainda mais significativa e eficaz.

Assim, desde pequena (eu diria, por volta de 18 meses, quando ela já é capaz de demonstrar o que quer) os pais devem tentar inserir em seu cotidiano, situações em que possa exercitar suas decisões, como a escolha de um brinquedo ou do calçado que vai utilizar.

Existe uma dificuldade muito comum, relatada pelos pais, que está relacionada às escolhas inadequadas de seus filhos nas situações do dia a dia.

Primeiro é importante ressaltar que treinar a capacidade de escolha da criança não é, em absoluto, deixar que ela faça o que quiser. Agindo desta forma, os pais estarão criando um ser humano mimado, que facilmente se frustrará diante das dificuldades, quando então, não conseguir o que deseja.

Ensinar a tomar decisões envolve analisar os fatos e as possibilidades existentes e, além disso, entender que sua opinião nem sempre será aceita. A vida não é assim?

Quando trabalhar com os pequenos, os pais deverão estabelecer limites: ao escolher o calçado, delimitarão, dentre todos do armário, quais poderão ser escolhidos, evitando que a criança escolha, por exemplo, um chinelinho para ir a uma festa.

Ao fazer compras no supermercado, deve-se estabelecer antes de sair de casa, quantos itens a criança poderá escolher e seus tipos. No decorrer das compras, caso ela vá pedindo mais itens, não ceda, mas dê a opção de trocar o item já escolhido pelo novo desejado. Ajude-a, neste momento, levando-a a analisar as vantagens e desvantagens de cada um. E não pense duas vezes em dizer "não" caso a criança insista em querer mais. Escolher é isso, fazer uma opção entre várias que desejamos.

Às vezes, deixar que a criança "erre" em suas escolhas também a ajudará. No momento em que ela perceber que fez a escolha errada, interfira e dê a explicação adequada ajudando-a a acertar em uma próxima vez.

E assim, vá fazendo em cada nova situação.

Conforme a criança cresce e domina situações mais simples, ela poderá participar de tomadas de decisões cada vez maiores e mais complexas, como por exemplo, o roteiro das férias da família, quando poderá opinar sobre os passeios de alguns dias da viagem. Ou optar por um curso que será importante para sua formação, mas também que atenda às suas necessidades individuais.

A criança que cresce sendo estimulada a participar das decisões relacionadas à família e à própria vida costuma ter maior noção da realidade e suas facetas, boas ou ruins. Sabe avaliar melhor as situações e, além disso, cria um excelente domínio de comunicação verbal, adquirindo vocabulário e pensamento lógico, que a tornam capaz de argumentar muito melhor do que crianças que não tiveram a mesma oportunidade. Torna-se também, mais responsável e, em geral, sente-se mais "respeitada", pois sabe que suas opiniões serão ouvidas e avaliadas com atenção.

Enfim, sente-se "parte" do mundo e, em consequência, mais feliz!

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Quem é a colunista: Cláudia Fernanda Venelli Razuk.

O que faz: Pedagoga e coordenadora do colégio Itatiaia.

Pecado gastronômico: Se é pecado, melhor não comer! Saborear o que eu gosto com prazer e sem culpa, é essencial.

Melhor lugar do Mundo: Minha casa, com meu marido e filhos e em qualquer lugar rodeada dos verdadeiros amigos.

Fale com ela: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.