Guia da Semana

Foto: Gael Oliveira/APH


O momento mais aguardado da Campus Party aconteceu na noite de sábado. Tomada por centenas de pessoas, entre campuseiros, imprensa e colaboradores, a plateia esperava ansiosa pelo engenheiro que, com sua habilidade de juntar os pontos e pensar novas coisas, criou o primeiro computador pessoal. Uma revolução que afetou diretamente o mundo e a forma como as pessoas se relacionam com ele.

Entusiasmado pela calorosa recepção do público, e suando bastante, "Adoro a Campus Party porque eu era parte dessas pessoas quando eu era jovem", Woz, como é chamado, contou sua história. De um garoto tímido e curioso, ele encontrou uma revista que mostrava como era um computador por dentro - e, naquela época, computadores eram máquinas gigantescas e sem nenhum tipo de contato amigável com o usuário.

"Tentei várias vezes montar um em casa, e sempre vi o ato de desenhar um computador como se fosse um jogo", contou. Com seus sucessos e fracassos, na faculdade começou a desenhar máquinas como parte do curso - e conseguia rodar qualquer tipo de software. "Computadores existem para serem usados", disse.

Ele conheceu Steve Jobs, que veio a ser seu sócio na Apple, e juntos começaram a pensar em computadores mais próximos das pessoas. Woz sempre ficava enlouquecido quando via o lançamento de um novo produto - até hoje. Isso aconteceu com o Pong, o primeiro videogame que surgiu nos Estados Unidos. Quando a Arpanet, a mãe da internet, surgiu para interligar computadores das universidades, sentiu que precisava fazer parte dela. Com um detalhe: com sua curiosidade, ele adaptava os equipamentos que ele já tinha para criar versões melhores.

Todo esse trabalho de "ligar os pontos" o fez criar o primeiro computador pessoal, o Apple I, com uma interface amigável para as pessoas, um teclado em que os comandos eram inseridos e apareciam em uma tela. "Eu queria fazer que cada um pudesse montar seu próprio computador", disse. Ele também desenvolveu um modem que se conectava com a linha telefônica, para entrar em contato com a Arpanet.

Sempre à frente do seu tempo, o Apple II não demorou muito a vir, e com uma vantagem: as imagens agora eram coloridas. Em seguida, ele conseguiu conectar computadores em uma rede fechada para compartilhar uma impressora a laser - bastante cara para a época. A internet já se tornava mais comum, mas com a séria limitação da velocidade - as linhas telefônicas não ajudavam. Pois foi quando ele teve - novamente - a ideia de transmitir o sinal por rádio: ele instalou uma antena em sua casa que levava a internet sem fio para as escolas da comunidade.

Embora não faça mais parte da Apple -"achei que não precisava ser mais o engenheiro crítico da empresa", disse -, ele tem um carinho enorme pela companhia, e ainda é amigo de Steve Jobs. "Nos telefonamos de vez em quando para dizer coisas simpáticas", finalizou.


Atualizado em 6 Set 2011.