Guia da Semana

Foto:Getty Imagens


Sabe aquela pessoa que você conhece que é super bem-resolvida, segura, tem iniciativa e consegue solucionar seus problemas de forma prática, criativa e estressando-se muito pouco?

Todos nós conhecemos alguém assim, não é?

Podem ter certeza que essa pessoa, muito provavelmente, passou bem longe da superproteção dos pais na infância!

E se vocês, pais, desejam que seu filho cresça feliz e com, pelo menos, algumas das características acima, é bom começarem a lutar bravamente contra essa vontade (quase inata) de superproteger seus pequenos adorados.

A superproteção é, muitas vezes, encarada como uma forma exagerada de proteção em situações perigosas que possam ameaçar a integridade física da criança.

Mas não se pode esquecer que existem outras formas de superproteção, como por exemplo, fazer todas as vontades da criança, evitando contrariá-la para que ela "não sofra" ou colocando-se à frente em conflitos entre crianças da mesma idade, quando a mesma teria condições de resolver a situação sozinha. Ou mesmo antecipar-se aos desejos da criança, impedindo-a de ter iniciativa para buscar o que quer.

Quem é mãe (e pai) sabe que esse sentimento de proteção é muito forte, inato e até mesmo insensato. Quando nasce uma criança já nascem, também, pais com um forte espírito de proteção. Esse sentimento, quando bem dosado, não é prejudicial.

O exagero é que pode causar grandes estragos na formação do adulto de amanhã.

Quando os pais pensam: "Ah, mas ele é tão frágil e indefeso" e não permitem que resolva sozinho suas situações de vida prática e pequenas dificuldades, fatalmente estarão criando um adulto inseguro, dependente e sem autonomia.

É preciso que fique claro que as situações da infância, sejam agradáveis ou nem tanto, nada mais são do que um "test drive" para as situações da vida adulta e são extremamente necessárias para a formação da criança, que aprenderá com as adversidades, com seus erros e acertos.

Brigou com um amiguinho? Na vida adulta, às vezes, temos conflitos com nossos colegas. Fez algo errado e a professora chamou a sua atenção? Isso poderá acontecer no ambiente de trabalho, um conflito com seu superior. Bagunçou todo o quarto? Deve arrumar, pois na vida adulta talvez não tenha quem organize seus objetos para sempre. Quer tudo o que vê? É preciso lidar com os "nãos" que encontrará pela frente, de forma equilibrada e com maturidade.

Se a criança não vivencia essas situações, terá dificuldade de resolvê-las quando adulta.

Não devemos subestimar as capacidades das crianças. Elas já nascem com condições de, ao longo de seu crescimento e amadurecimento, poder lidar com as adversidades. Mas se isso não é explorado, é como "um membro que se atrofia por falta de uso". Tudo na vida é treino, experimento, erro e acerto.

Os pais devem, então, ser fortes e encorajá-los para que também sejam fortes. Essa, sim, é a melhor forma de proteção... preparando-os para a vida!

Quem é a colunista: Cláudia Fernanda Venelli Razuk
O que faz: Coordenadora Pedagógica do Colégio Itatiaia
Pecado Gastronômico: chocolate
Melhor Lugar de São Paulo: o bairro em que moro (paraíso). É bonito e tem tudo por perto.
Para Falar com Cláudia: [email protected]

Atualizado em 6 Set 2011.