Guia da Semana

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Um dia, você se olha no espelho e percebe que já não é mais aquela menininha. Seu corpo começa a mudar e logo surgem aquelas perguntinhas sobre sexo. Será que chegou a hora de deixar o pediatra e procurar um ginecologista? É aí que também aparecem os medos e as dúvidas sobre a primeira consulta. Mas não precisa entrar em pânico! Todas as garotas passam por isso e descobrem que a visita ao 'gineco' não é tão assustadora quanto parece. Ao contrário do vcoêocê imagina, consultar uma especialista não passa de uma conversa informal que garante a prevenção de muitas doenças e ainda ajuda a tirar aquelas dúvidas cruéis que você tem vergonha de perguntar para outras pessoas.

Segundo Liliane Herter, especialista em ginecologia e obstetrícia infanto-puberal, a primeira consulta é muito mais pediátrica do que ginecológica, já que nessa primeira vez a médica se preocupa mais com questões de alimentação, atividades diárias e com as relações sociais. "Durante a conversa, mostramos que somos mais uma pessoa para ajudá-la em seus cuidados, respeitando os limites de cada menina. Há garotas que têm muito medo do exame ginecológico, porque acham que vai ser invasivo e doloroso, o que na verdade é um mito", explica.

Help!

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A especialista diz que o importante é que a adolescente esteja tranquila. Para isso, a menina pode levar a mãe ou uma amiga. A acompanhante pode ficar durante a entrevista, mas é aconselhável que ela saia na hora do exame físico. "Assim, podemos conversar um pouco mais com a paciente, descobrir as angústias e o que rola mesmo. Muitas meninas se sentem constrangidas com a presença da mãe. Até com o próprio profissional pode demorar algumas consultas para que ela se sinta à vontade", diz. "Mas a combinação é que nas próximas vezes ela entre sozinha", completa.

Quanto ao exame, também não há motivos para desespero. Se a paciente for virgem, o exame ginecológico é apenas externo. Durante a consulta, o médico também verifica peso, altura, a postura da coluna, as mamas e faz uma inspeção externa do períneo. Não há necessidade de fazer coletas internas. Se ela já teve relações sexuais, o especialista pode fazer o exame do toque e colher material. Mas isso só acontecerá se sentir que a paciente está pronta. "O importante mesmo é que a primeira consulta não seja traumática. Se a menina é muito tímida, não a obrigamos a fazer o exame, fazemos na próxima vez", tranquiliza.

Hora certa

Também não existe uma regra em relação à idade correta para procurar um especialista pela primeira vez, mas o ideal é que seja o mais cedo possível. Larissa Almeida, 13 anos, conta que foi ao ginecologista quando ficou mocinha. "No começo não queria ir e fiquei com medo de sentir dor ou algo do tipo, mas depois vi que era sossegado. A médica me deixou bem tranquila e ainda me deu alguma dicas". Para Liliane Herter, o limite máximo é 15 anos. "Eu sugiro que a consulta de rotina comece no início da puberdade. Por que daí a gente tem tempo para saber se está tudo correndo bem e para criar vínculo com a menina até o momento que ela tenha relações", afirma a especialista.

Quem já não é mais virgem e tem medo que a ginecologista conte este segredo aos pais, também não tem motivos para fugir da consulta. As conversas entre médicos e pacientes são sigilosas. "Se os pais querem saber se a filha já teve relação ou não, e a paciente não permite essa quebra de sigilo, a situação convencional é ir ao legista. O ginecologista não é obrigado a dar essa informação. O que a gente faz é mostrar para a adolescente que há fundamento na preocupação da mãe, e o interessante é contar para ela. A gente tenta entrar em consenso com a paciente e tentar quebrar essa guerra de gerações", diz.

Contraceptivos

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A pílula também é um assunto que gera muitas dúvidas. Afinal, a partir de quando ela pode ser introduzida e qual é a mais indicada? Há efeitos colaterais? Calma! Cada caso é único e deve ser avaliado pelo especialista. De acordo com a ginecologista Rubina Fassio, anticoncepcionais podem ser introduzidos em qualquer idade. "Não há risco nenhum, mas algumas formulações podem causar alguns efeitos indesejáveis, como dor de cabeça, enjoo, pele acneica, que podem ser controlados no dia a dia".

Já Liliane Herter explica que, ao contrário do que muitos pensam, pílulas de ultra-baixa dosagem não são indicadas para adolescentes. "Quanto menor a dose, menor a chance de dor de cabeça e de enjoo. Por isso, algumas pacientes não toleram pílulas convencionais. Mas a quantidade de hormônio para uma adolescente não são as de ultra-baixa dosagem. A menina está em desenvolvimento e não pode receber pouco hormônio, que é diferente da menopausa. A dosagem muito baixa pode impedir a densidade óssea dela e ser um fator de risco para osteoporose", alerta.

É importante lembrar que, além dos contraceptivos orais, há outros métodos que podem se adequar à rotina de cada pessoa, como adesivo, implante, injetável, anel e DIU de progesterona. Segundo especialista, a pílula oral é ótima se usada corretamente. Mas para aquelas adolescentes que são esquecidas, é preciso escolher outro método. "A via oral é a mais cômoda, mas é preciso ter optar pelo método correto para cada uma. Pela idade, não há nenhuma contra-indicação. O importante é usar um método confiável", assegura.

Atualizado em 6 Set 2011.