Guia da Semana

Durante a palestra no Clube Monte Líbano, no Rio de Janeiro.
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O amor é algo importante? Essa pergunta foi feita pelo médico-palhaço Patch Adams, que esteve pela segunda vez no Brasil, no último fim de semana de agosto. Imortalizado no filme Patch Adams - O Amor é Contagioso, interpretado por Robin Willians, o médico viaja pelo mundo, para locais em situação de guerra ou epidemias. Levando sua trupe de palhaços, Adams defende que a junção da medicina humanizada com a alegria é uma excelente forma de prevenir e tratar doenças.

Ministrando palestras e workshops no Rio de Janeiro e em São Paulo, Adams contou um pouco de sua história e do projeto de construção do Hospital dos Sonhos. O palhaço, que tem 62 anos e há 44 não fica doente, nem sequer resfriado, utiliza brincadeiras engraçadas para amenizar a dor do paciente, especialmente crianças e seus familiares. "Com o meu trabalho eu posso fazer que a criança e seus pais fiquem pelo menos uma hora sem dor", comenta Adams.

O clube Homs ficou lotado em São Paulo
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Ajuda na Guerra

Durante suas palestras, o médico-palhaço exibiu um pequeno trecho de um filme feito quando sua trupe foi, junto com a força aérea italiana para o Afeganistão, no início dos conflitos, em 2001. Foram em diversos hospitais onde a maioria dos internados eram crianças feridas, devido aos ataques e às minas espalhadas pela região. A trupe andava pelas ruas e ensinava os menores a não usar armas e ter cuidado com minas para evitar acidentes.

História

Há mais de 30 anos como médico-palhaço, Patch Adams era aquele "nerd estranho" que andava pela escola só pensando em estudar e não praticava esportes. Além disso, por ser "diferente" e chamar a atenção dos populares do colégio, acabava fazendo palhaçadas, coisas engraçadas para se proteger e não apanhar.

Quando adolescente, defendeu os direitos dos negros tendo sofrido agressões físicas que resultaram em internações. Ainda nessa data, tentou o suicídio por não compreender a falta de respeito das pessoas quanto aos seus pensamentos e resolveu então, usar sua espontaneidade ajudando pessoas doentes levando até elas humor e alegria.

O médico-palhaço respondeu a perguntas feitas pelos estudantes e
profissionais da área de saúde
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Formou-se em medicina pela Universidade de Virgínia e como mostrou no filme, chamou a atenção pela maneira que tratava todos os pacientes, principalmente as crianças. Em 1972, fundou o Gesundtheit Institute, na Virgínia Ocidental. Os atendimentos são gratuitos e o salário da faxineira tem o mesmo valor pago para um cirurgião.

O sonho de construir o Hospital dos Sonhos já tem 37 anos. Quando iniciou o projeto, achou que em apenas 4 anos conseguiria arrecadar dinheiro para iniciar a construção. "Eu precisei me popularizar para iniciar as arrecadações para o Hospital dos Sonhos, mas vejo que ainda vai demorar um pouco para começar a construí-lo", relata o médico.

Doutores da Alegria alegram a criançada
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Doutores da Alegria

No Brasil, a trupe de palhaços e atores profissionais, vão até hospitais levar para as crianças e adolescentes alegria e distração. Essa atuação acontece em todos os quartos, leito a leito, desde que tenha a permissão dos pais e também da criança. "Nós, os Doutores da Alegria, buscamos um encontro baseado na graça, na beleza e na alegria, despertando o desejo de brincar que toda criança tem e também daquela que não tem condições de ir até um teatro ou circo", esclarece a coordenadora Nacional de Formação dos Doutores da Alegria e integrante do elenco de palhaços de São Paulo, doutora Soraya Saide (Dra. Sirena).

O ator brasileiro Wellington Nogueira iniciou esse trabalho em 1991. Estudava teatro em Nova York e, desde 1998, integrava o programa Clown Care Unit de palhaços em hospitais do Big Apple Circus da cidade norte-americana, sob a direção de Michael Christensen. A partir daí, Nogueira iniciou um programa semelhante, quando voltou para o Brasil. Hoje, o projeto atinge quatro capitais brasileiras. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Belo Horizonte há 52 artistas profissionais e 30 funcionários que trabalham no escritório da trupe. Mais de 500 mil crianças e adolescentes já receberam a visita dos palhaços, envolvendo mais de 10 mil profissionais da área de saúde.

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A coordenadora Nacional de Formação dos Doutores da Alegria comentou a respeito do médico-palhaço. "Patch Adams é um médico que utiliza a figura do palhaço e o bom-humor como terapia. Ele busca estabelecer uma relação de confiança num processo comprometido com a cura. Sua situação é dar amor por meio do olhar", comenta Sirena.

Para fazer parte da trupe de Patch Adams, o palhaço pede que as pessoas possuam as seguintes características: amor, alegria, cooperação, criatividade, reflexão e diversão. O médico incentivou a formação de grupos no Brasil, não somente para ajudar doentes, mas o país. "Montem grupos, façam projetos, para ajudar o país de vocês, para ajudar a Floresta Amazônica que tanto está precisando da colaboração de todos para a sua preservação", disse Adams.

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"O humor é um contexto do ser humano para ser feliz. Se não existisse o humor, não viveríamos nem uma semana", finaliza o palhaço.

Colaboraram:

? Doutores da Alegria

Atualizado em 6 Set 2011.