Guia da Semana


A troca de escola nem sempre é bem aceita por parte dos adolescentes. O novo espaço físico, os diferentes círculos sociais e a metodologia educacional adotada na instituição trazem problemas, fazendo com que sinta-se excluído e sem motivação para continuar os ensinos. Apesar da dificuldade inicial encontrada pela maioria dos estudantes recém-chegados, existe uma série de vantagens para tornar a adaptação mais rápida e com mais benefícios.

Marilene Proença
Foto: Arquivo pessoal
Uma das grandes barreiras enfrentadas é a separação das antigas amizades e a obrigação de se inserir em um grupo, de características e personalidades no qual não está habituado. O medo da exclusão também é um dos principais fatores para deixar a vida do jovem caótica. "Para alguns a mudança é mais dura, estabelecer novos vínculos é mais demorado. Para outros, é muito simples. É fundamental que os responsáveis tenham sempre um canal aberto com os filhos para tentar compreender melhor quais dificuldades podem estar acontecendo e como superá-las em conjunto," explica a doutora Marilene Proença, professora do Instituto de Psicologia da USP e Presidente da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE).

A conversa franca com os pais ajuda a criar uma transição tranqüila e pacífica, além de transmitir segurança e solidariedade. Explicar os motivos para tal decisão melhora as chances de aceitação e retira da decisão o peso de ser imposto, de obrigação e de ordem. Uma alternativa bastante eficaz é a apresentação de possibilidades, debaterem as qualidades de diferentes instituições e escolherem o melhor lugar para estudar. Tanto na educação oferecida pelo colégio quanto na parte de adaptar o novato a estrutura de ensino, um dos grandes diferenciais é saber se as características instituídas e as atividades ministradas na instituição são compatíveis com o perfil do adolescente.


Segundo a psicóloga, uma das maneiras para começar com o pé direto é conhecer a escola antes da transferência, para facilitar a introdução ao novo ambiente. "Ela precisa criar espaços de adaptação, de sociabilidade, possibilitando o entrosamento. O esporte, as atividades culturais, as atividades solidárias são exemplos muito interessantes de formas de relacionamento e de construção de vínculos nessa idade. Isso vai ajudá-lo a engajar-se com a nova turma. O mais importante é que ele goste, sinta-se bem nela."

Criatividade soluciona problemas

O colégio Discere Laboratum investe com criatividade para solucionar o problema ao começar o ano letivo. A solução encontrada para diminuir o estranhamento com a turma é a inclusão de padrinhos e madrinhas para auxiliar os recém-chegados. "A partir do ano de 2002, passamos a ver que receber bem não estava sendo o suficiente para a adaptação dos alunos. Elaborei, então, este projeto de "apadrinhamento" e apresentei à direção, que imediatamente aprovou e me deu apoio para realizá-lo". Informa a coordenadora pedagógica da instituição, Márcia Angi.

Café da manhã recepciona os novatos
Foto: colégio Discere Laboratum
"Todos sabem que enfrentar mudanças, mesmo acreditando ser para melhor, é um momento de ansiedade. Para os adolescentes isso pode parecer ainda maior, pois junto à ansiedade, vem o medo de não ser aceito. Esse projeto vem para quebrar um pouco esta barreira. Nosso objetivo não é apenas o social, mas quando esse está sendo trabalhado abrimos uma porta ainda maior, a porta da aprendizagem, no qual eles encontrarão apoio para suas possíveis adaptações de conteúdo". Acrescenta, lembrando que, com a ajuda da diretora Márcia Cristina, o projeto pôde ser incrementado com a preparação de um grande café da manhã para os padrinhos e os afilhados, uma semana antes ao início das aulas.

Algumas vezes quem procura trocar é o próprio jovem, como é o caso de Lívia Aguiar. "As minhas amigas só ficaram sabendo que sairia depois que já tinha passado no processo de seleção de outra. Eu sabia que elas ficariam chateadas, e ficaram!" relata a garota, afirmando em seguida que sua maior dificuldade não esteve relacionada com os outros jovens. "O problema foi me adaptar à forma como o colégio cobrava notas, provas e as lições de casa. Saí de uma que exigia muito, mas tinha avaliações mais fáceis, na outro nem a presença em sala era cobrada, porém era muito rigoroso nos testes. Se entrosar com a turma foi muito mais tranqüilo."

Viviana Konzen
Foto: arquivo pessoal
Viviana Konzen, prestes a mudar pela segunda vez, explica que a decisão também partiu dela, porém seus pais não gostaram da idéia. "Eu tentei argumentar com eles que não estava satisfeita, em especial com os meus colegas, e pedi para me trocarem de escola. A princípio eles não queriam, pois eu já tinha estudado dez anos lá e o meu irmão mais velho estava prestes a concluir os ensinos." Após muita insistência, finalmente conseguiu. "Foi bom, mas eu estava muito nervosa. No geral, fui bem recebida, adorei e fiz grandes amigos."

Para aqueles que ainda estão apreensivos com o futuro, as duas garotas aproveitam para deixar algumas boas dicas para tranqüilizar os novatos. Livia afirma que a amizade com os antigos companheiros de sala pode continuar, basta se esforçar um pouco mais para manter a afinidade. "E se não der é porque ela realmente não ia durar para sempre." Já para Viviana, a melhor maneira de começar bem é procurar se entrosar com o pessoal. "Puxar assunto e não ficar parado esperando que eles venham até você é o ideal."

Colaboração:

Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) Endereço: Rua Mogi-Guaçu, 569. Campinas - SP
Telefone: (19) 3295-7119

Colégio Discere Laboratum
Endereço: Rua Euclides Pacheco, 595. Tatuapé
Telefone: (11) 295-3300 / (11) 6191-1188

Atualizado em 6 Set 2011.