Adore, um dos mais aguardados lançamentos brasileiros, é uma fascinante fusão de ação, estratégia e exploração, com um diferencial cativante: a capacidade de capturar e comandar criaturas. Desenvolvido pela Cadabra Games, o game promete uma experiência de gameplay única, rica em estratégias e personalização. Com data de lançamento para todas as principais plataformas em 3 de agosto, a expectativa em torno de Adore é alta.
À convite da QUByte Interactive, publisher do jogo, testamos o mais novo roguelite por várias horas ao longo da última semana para responder a pergunta: Adore vale a pena? A resposta eu te trago agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!
A velha história do bem e do mal
Adore convida os jogadores a se aventurarem no vasto e misterioso universo de Gaterdrik, onde as criaturas outrora eram governadas pelo Deus das Criaturas Draknar. No entanto, Draknar não está mais entre os vivos, e com sua morte, uma maldição perturbadora começou a se espalhar pelo reino, corrompendo as criaturas que ele uma vez governou. Explico:
A narrativa de Adore lembra a velha bem contra o mal, usada à exaustão em narrativas desde… sempre. Isso porque, na ausência de Draknar, o semideus do Fim, Ixer, ocupou o vazio deixado e amaldiçoou o mundo criado, corrompendo as criaturas. A história, contada através de diálogos, ilustrações e NPCs, com textos em português. Não há dublagem no título.
O protagonista da história da nossa história é o jovem Lukha, que conta com uma habilidade excepcional de invocar e controlar as criaturas de Gaterdrik. Com a última centelha da chama de Draknar, acabamos sendo a última esperança para restaurar a ordem e equilíbrio na região. Para isso, é preciso embarcar em uma jornada para ressuscitar Draknar, desvendando os segredos de Gaterdrik e desmantelando a conspiração que resultou no desaparecimento do Deus.
A narrativa de Adore é um conto épico de heroísmo, intriga e descoberta. A história é cativante, com Lukha enfrentando desafios e obstáculos crescentes em sua busca para trazer Draknar de volta à vida. A narrativa hábilmente entrelaça a luta de Lukha com a história maior de Gaterdrik, proporcionando aos jogadores uma experiência de jogo envolvente e rica.
A mecânica das criaturas
Adore se destaca por sua gameplay única e inovadora, combinando uma ação e câmera isométrica no estilo hack and slash com um envolvente sistema de captura de criaturas que lembra, um pouco, Pokémon. Lukha tem em sua posse um cajado mágico que, mesmo danificado, é capaz de purificar as criaturas e as manter sobre o seu controle, fazendo-as lutar ao seu lado. É interessante porque o game conta com um número interessante de criaturas, cada uma com habilidades e características próprias. Isso incentiva os jogadores a explorarem combinações únicas e estratégicas de criaturas para enfrentar os desafios que o título apresenta.
A mecânica de captura de criaturas também está intrinsecamente ligada à personalização do estilo de jogo. Com a possibilidade de capturar diferentes criaturas, os jogadores podem adaptar sua abordagem a cada situação, levando em conta as diferentes habilidades e sinergias entre suas criaturas, uma vez obtidas. Isso cria uma dimensão tática no gameplay, onde o sucesso depende não apenas da habilidade do jogador, mas também da capacidade de criar e gerenciar uma equipe equilibrada de criaturas.
Digo isso porque as criaturas em Adore não são apenas ferramentas de combate, mas também elementos fundamentais para o avanço na história e na exploração do mundo de Gaterdrik. À medida que Lukha avança em sua jornada, as criaturas podem ser aprimoradas através do sistema de sinergias, ganhando habilidades adicionais e melhorando suas características.
Além do mais, o game também apresenta um sistema de runas e artefatos, que permitem ao jogador aprimorar ainda mais as qualidades e habilidades das suas criaturas. Isso, combinado com a capacidade de coletar ingredientes e preparar pratos exclusivos, dá ainda mais profundidade e variedade ao gameplay, contribuindo para a sensação de progressão e crescimento.
Um roguelite de respeito
Adore incorpora elementos roguelite em seu estilo, acrescentando um nível de desafio e imprevisibilidade que intensifica o gameplay. Para aqueles que não estão familiarizados, os jogos roguelite são caracterizados por suas mecânicas baseadas em progressão, com níveis gerados proceduralmente e a ocorrência de perda permanente ao falhar uma missão.
No contexto de Adore, isso se traduz em uma experiência que é única a cada nova corrida. O layout das fases, os tipos e localizações de inimigos, e até mesmo os tipos de criaturas que o jogador pode capturar, variam a cada jogada. Por mais que haja uma sinalização em cada mapa do que você pode encontrar, é bem raro que algo vá se repetir, então os jogadores terão que adaptar suas estratégias e planos em resposta às condições exclusivas de cada sessão.
Adore também incorpora a ideia de perda permanente, que é uma característica central dos jogos roguelite. Quando o jogador é derrotado em uma corrida, não apenas perde a progressão na fase atual, mas também corre o risco de perder permanentemente as criaturas que havia capturado e treinado. Isso acrescenta uma camada extra de desafio e risco à jogabilidade, pois os jogadores precisam equilibrar cuidadosamente os benefícios da exploração com os potenciais custos da derrota.
Uma agradável experiência audiovisual
Visualmente, Adore adota um estilo gráfico cartunizado, que combina elementos coloridos e detalhados para criar um universo vibrante e cheio de vida. Os cenários e personagens são bem trabalhados e que se encaixam perfeitamente na atmosfera mística do jogo. Além disso, as animações são fluídas e agradáveis, o que, aliado a uma paleta de cores rica e variada, cria um universo visualmente encantador. Não tive qualquer problema de desempenho no PlayStation 5 e o título apresenta loadings bem rápidos.
Quanto à parte sonora, Adore opta por uma trilha sonora relaxante. A música se encaixa perfeitamente no ritmo do jogo, proporcionando um ambiente calmo que contrasta de forma interessante com a ação frenética da jogabilidade. Ela consegue ser envolvente sem se tornar repetitiva ou intrusiva, o que é um feito notável.
Os efeitos sonoros também merecem destaque. Cada criatura tem seus próprios sons únicos, e as diferentes ações e habilidades são acompanhadas por efeitos sonoros claros e distintos. Isso ajuda a dar vida ao mundo de Gaterdrik, tornando cada encontro e interação mais envolvente.
Nem tudo é adorável
Embora Adore ofereça uma experiência bem agradável, existem alguns pontos que alguns jogadores podem considerar desafiadores ou que requerem melhorias.
Primeiro, as corridas: apesar de interessante e bem executado, isso pode ser visto como um pouco restritivo devido ao tamanho pequeno das fases. A maioria das runs sequer durará dez minutos. Isso pode limitar a exploração e tornar a experiência menos diversificada em termos de cenário.
Segundo, apesar de Adore possuir um rico universo de criaturas, algumas delas podem ter habilidades que não são tão únicas ou variadas quanto se poderia esperar. Diversificar ainda mais as habilidades dessas criaturas poderia aumentar a profundidade estratégica do jogo e permitir uma maior variedade de táticas.
Finalmente, a natureza roguelite do título, embora adicione um nível de desafio e imprevisibilidade, também pode tornar o game bastante punitivo, especialmente para novos jogadores ou aqueles que não estão acostumados com o estilo. A perda permanente de criaturas pode ser desanimadora, e os jogadores podem sentir que seu progresso é prejudicado por uma única derrota.
É importante lembrar, no entanto, que todos esses pontos são partes integrantes da experiência que Adore busca proporcionar. Para muitos jogadores, esses aspectos podem realmente aumentar o apelo do jogo, ao invés de diminuí-lo. E considerando que o foi lançado em acesso antecipado em fevereiro de 2020, creio que os rumos do seu desenvolvimento tenham sido tomados com base no feedback da comunidade.
Vale a pena comprar Adore?
Adore é um jogo que brilha por sua inovação e profundidade. Sua mecânica de captura e controle de criaturas, combinada com uma jogabilidade tática em um cenário de ação hack and slash, proporciona uma experiência bastante interessante. A trilha sonora relaxante e a estética visual cartunizada, mas detalhada, acrescentam um charme especial ao título. As opções de personalização e estratégia oferecidas no gameplay, desde o sistema de sinergias e características únicas até a coleta de ingredientes e preparação de pratos, garantem horas de diversão e experimentação.
A narrativa também é um um ponto interessante em Adore, apresentando uma história misteriosa, que se desenrola através de diálogos e pela interação com os NPCs. O universo criado para o game é envolvente, e é provável que os jogadores sintam-se estimulados para explorá-lo ao máximo. A ausência de diálogos dublados, no entanto, acabou me gerando uma certa frustração.
Por fim, a atenção ao detalhe e o cuidado na construção do mundo de Adore evidenciam a dedicação e a paixão da equipe de desenvolvimento. O título mostra que o cenário de desenvolvimento de jogos brasileiro vem evoluindo e merece mais o reconhecimento e apoio dos jogadores ao redor do mundo. Portanto, para os fãs de ação, estratégia, ou para aqueles simplesmente em busca de uma nova e interessante experiência, Adore é uma adição que vale a pena para a sua biblioteca de jogos.
Adore, um game de aventura e captura de monstros, será lançado no dia 3 de agosto para Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Steam.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela QUByte Interactive.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Lucas Soares, Pizza Fria
Atualizado em 1 Ago 2023.