AEW: Fight Forever é um jogo de wrestling, vulgo telecatch, desenvolvido pela Yuke’s Co., LTD e distribuído pela THQ Nordic junto da All Elite Wrestling, LLC. Sim, meus caros – a mesma Yuke’s responsável por desenvolver uma penca de bons jogos do gênero ao longo dos anos. Com a proposta de diferenciar de sua maior competição direta, a série WWE 2K, o título promete trazer de volta o estilo mais arcade e rápido que não vemos com tanta frequência hoje em dia.
E aí, será que vale a pena entrar nesse ringue e levar a metafórica cadeirada em nossas carteiras? É o que veremos agora, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria.
Lute por um tempo adequado
Me acerte na cabeça com um taco de beisebol em chamas, leitores e leitoras, se não estivermos em frente do segundo jogo de wrestling esse ano, e ainda nem chegamos em dezembro! O Papai Noel veio mais cedo, distribuindo clotheslines, suplexes e tombstones para todos os amantes da adorável arte do telecatch. Que tempo para se estar vivo, não é mesmo?
AEW: Fight Forever chegou, assim como a empresa de mesmo nome, com a proposta de quebrar a hegemonia da WWE no segmento, tanto no mercado local dos Estados Unidos quanto no mundial. Não me entendam mal, temos muitas promoções indies de qualidade. Muitas das quais, diga-se de passagem, fecharam parcerias com a AEW ao longo dos anos. Mas, é inegável que a casa que Vince construiu era, ou ainda até pode ser, a detentora do cinturão dentre todas elas.
Passando para o mundo dos videojogos eletrônicos, os títulos da empresa eram quase a única pedida para nós amantes do esporte. Salvo jogos como o belo Fire Pro Wrestling, ou alguns meio estranhos como os da TNA/Impact, não tínhamos como ir muito longe dos Smackdown vs Raw ou WWE 2K da vida. O que não é ruim, veja bem. Salvo o desastre de WWE 2K20 e bizarrices como WWE Battlegrounds, os títulos da marca geralmente eram até que bem divertidos. Tendência essa que, como notei em minha análise do 2K23, parece ter chegado para ficar.
Antes de continuarmos falando de AEW: Fight Forever, farei uma proposta. Para evitar repetir o nome da WWE constantemente, sempre que precisar falar nela usarei o nome de algum golpe de luta-livre. Acredito que, assim, deixarei nosso papo mais agradável e mostrarei para todos minha inegável criatividade, carisma e humildade. De acordo? Então vamos lá.
Na mesma veia de outros jogos do estilo, como aqueles da série northern lights suplex, AEW: Fight Forever nos oferece um modo histórias (chamado Road to Elite), no qual podemos colocar um personagem criado ou já existente no roster para viver um ano de correrias, alianças e rivalidades nos shows e pay per views da AEW em busca do título.
Esse modo é dividido em blocos de quatro semanas, na qual podemos alocar uma para qualquer atividade desde treinar para obter mais pontos de habilidade para fortalecer nosso boneco, jogar minigames, visitar lugares para nos deixar com mais empolgação e um bônus nas lutas seguintes, essas coisas. Se tivermos sorte, até podemos tirar fotos com alguns lutadores da companhia. Eu, por exemplo, exibo com orgulho uma que tirei com o Luchassaurus, um dinossauro humanoide que dominou a arte do wrestling. Sim, ele é um dinossauro, não questione.
Contudo, AEW: Fight Forever não faz muito com sua trama. Temos pequenos lampejos de rivalidades aqui e ali, com traições e tudo mais, mas nada que vá muito além. Além disso, nenhuma das cutscenes (a maioria em texto) possui voz, o que dificulta ainda mais a conexão do jogador com seu personagem e suas dores. Ao comparar com o que vemos em suplex powerbomb, por exemplo, essa simplicidade e desperdício fica ainda mais nítida.
AEW: Fight Forever nos fornece diversos modos de jogo, sendo que tudo gira em torno do ringue. Podemos criar nossos lutadores, arenas, arrumar os golpes da forma que quisermos, entradas e tudo mais. Temos desafios diários para completarmos em troca de dinheiro do jogo, que pode ser utilizado na compra de novos customizáveis, modos online, enfim. A coisa toda.
Um ponto negativo aqui é que as opções de customização não são tão robustas. Por exemplo, temos poucos tipos de tatuagens, variações de roupas, cabelos e coisas do tipo. Talvez eu tenha ficado mal acostumado com russian legsweep backbreaker e sua suíte impressionante, mas acredito que uma das grandes diversões desses jogos é criar um boneco do nosso jeito, com tudo que quisermos. E aqui, infelizmente, somos um tanto quanto limitados.
Uma das primeiras coisas que ouvimos falar sobre AEW: Fight Forever, que me lembre ao menos, foi o fato do título se inspirar em WWF No Mercy. Para os que não conhecem, ele foi lançado nos anos 90 para o saudoso Nintendo 64, sendo considerado por muitos um dos melhores jogos de wrasslin já desenvolvidos. De fato, dadas as limitações, o título entrega uma jogabilidade divertida, rápida e relativamente simples. Posso dizer que a inspiração é valida e, no geral, foi bem executada.
A pancadaria em AEW: Fight Forever funciona através de golpes e agarramentos, basicamente. Temos dois botões para bater, soco e chute, um para agarrar e um para correr. Podemos segurá-los para usar variações mais fortes, e cada agarre pode ser usado de 4 formas diferentes, dependendo de onde apontamos o direcional. Além disso, podemos executar golpes pulando das cordas, dos corners do ringue, por cima das cordas, enfim. Tudo de bom que já esperava. E tudo isso feito de forma simples e intuitiva, sem dor de cabeça. Exceto com a defesa de ataques e agarres, que é meio chata de acertar.
Eu realmente gostei do que fizeram com AEW: Fight Forever. As lutas tendem a serem bem rápidas, muito devido ao fato de que nossos bonecos não ficam caídos eternamente quando apanham ou tomam um finisher na lata. Vejam só, temos uma barra de momentum que enche conforme lutamos, acertando golpes e provocando a oposição. Quando ela enche, podemos usar dois golpes fortes que diminuem o momentum do adversário e facilitam dar um pin para vencer. Levando em conta que não é difícil sair de um pin, bastando metralhar os botões, e que soltamos especiais direto, não é surpresa notar que as luta são sempre bem divertidas e bombásticas.
Além disso, temos uma boa seleção de golpes para utilizar e lutadores para escolher, todos membros da AEW e suas parceiras. Pensem o que quiserem do booking da empresa, mas é inegável que ela possui um elenco invejável. Kenny Omega, Moxley, Orange Cassidy, Darby Allen, o lendário Chris Jericho. E Danhausen, obviamente. Very Elite, Very Evil. Clássico.
O gameplay de AEW: Fight Forever tem seus problemas, não me entenda mal. Os golpes são meio travados às vezes, e as animações meio agarradas. Defender pode ser frustrante, e tomar uma série de suplexes na cara é um saco. Mas as lutas são tão rápidas e divertidas, e os moves acertam com tanto impacto, que perdoar essas pequenas faltas se torna algo trivial.
Sons e Visuais
Os visuais são o ponto em que AEW: Fight Forever mais peca, em minha opinião. Inclusive trabalhando para que o título passe uma impressão pior que o devido em um primeiro momento. Os lutadores até que são legais, lembrando muito bem os de carne e osso e tendo um jeitão cartunesco bem maneiro. Mas as texturas são bem grosseiras, e as animações como um todo deixam muito a desejar. Levando em conta que caminhamos cada vez mais para experiências mais polidas e realistas, um passo na direção oposta como esse não ajuda.
A sonoplastia é boa, com gritos da torcida embalando as lutas e muitas músicas para escutar. Uma coisa legal que fizeram foi adicionar uma jukebox que toca as músicas da trilha sonora enquanto lutamos, dando ainda mais aquela cara de arcade para a coisa toda. Um negativo que notei foi que, em muitas lutas, não temos narradores. Levando em conta que poderiam ter utilizado Taz, Excalibur ou até o JR, a baixa frequência se torna até estranha.
Vale a pena comprar AEW: Fight Forever?
É tempo, leitoras e leitores. Vamos sumarizar o que foi falado sobre AEW: Fight Forever, adicionando mais o que me vier na mente, para tentarmos numerar o conceito abstrato do valor da experiência e diversão de um jogo. Bom, posso começar dizendo que a AEW conseguiu entregar uma experiência notadamente diferente de sua concorrente direta, para o bem e para o mal.
Temos um jogo com lutas rápidas e frenéticas, de fácil aprendizado e adaptação. Muitos modos de jogo, tipos de luta (todos com a cara da AEW), um roster muito bom de lutadores, e um modo história que até tenta recuperar aqueles mais focados em luta e gerenciamento que víamos antigamente. Além disso, a introdução da jukebox foi uma boa sacada que melhora a experiência como um todo. Por fim, os desafios diários são uma boa para manter a galera jogando, ainda que a loja não possua muitas coisas que valham comprar. Mas isso pode ser apenas a minha visão.
Por outro lado, os visuais pobres e a escassez de opções de customização são falhas gritantes. O modo história pouco inspirado, somado a falta de vozes, também não ajuda em nada. Por fim, podemos citar os controles que quando decidem fazer raiva o fazem com força. Não é nada que torne o jogo inviável, mas certamente pode afastar em alguns momentos.
Em suma, eu julgo que o saldo de AEW: Fight Forever foi positivo. Por mais que seja quase natural compará-lo a sua concorrência direta, os estilos de jogo são suficientemente diferentes para que cada um possa agradar seu nicho específico da galera do wrestling. Apesar de algumas coisas em falta, principalmente na customização, a jogabilidade divertida é o que vence aqui. Não creio que AEW: Fight Forever terá uma posição de carinho entre os fãs como ocorreu com WWF No Mercy, mas acredito que irá agradar de todo modo.
AEW: Fight Forever tem o lançamento agendado para esta quinta-feira, 29 de junho, para PC, via Steam, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch, com textos em português do Brasil.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela THQ Nordic.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 27 Jun 2023.