Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg é um JRPG , com um forte elemento de gerenciamento de tempo, desenvolvido e publicado pela KOEI TECMO GAMES CO., LTD. O título é um remake da versão que foi lançada, originalmente, no longínquo e esquecido ano de 1997 para o então super quente e maneiro PlayStation 1. Como o tempo passa, não é mesmo?
E aí, será que compensa revisitar esse clássico de tempos menos complicados e problemáticos? É o que veremos agora, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
Synthesis!
Se aproximem com cuidado, leitores e leitoras, pois decidi aprender a milenar arte da alquimia. E, como podem ver pela minha ausência de sombrancelhas e o cheiro de queimado do lugar, essa empreitada vêm se provando muito mais difícil do que eu poderia imaginar. Que coisa, não é mesmo? Será que oferecer um braço e uma perna em troca do conhecimento supremo facilitaria o processo? Ouvi dizer que um certo alquimista baixinho com um braço de metal o fez e obteve resultados fascinantes! Ideias, ideais.
Meu objetivo nesse momento é juntar uma cópia de Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg, uma representação abstrata das minhas experiências e mais uma gotinha de amor para obter uma análise objetiva e com a qualidade de sempre. Aliás, esse nome não me é estranho. E não deveria ser, de fato. Como o nome remake leva a acreditar, o jogo que estamos falando no momento é uma reimaginação completa de um título que foi lançado, originalmente, cerca de 26 anos atrás.
Admito que meu apreço pela série Atelier tem crescido constantemente, em muito devido às boas experiências que tive com Atelier Ryza 3: Alchemist of the End & the Secret Key e Atelier Sophie 2: The Alchemist of the Mysterious Dream. Contudo, ainda que tenha o mesmo enfoque em uma protagonista feminina que usa alquimia, o título do momento é bem diferente dos outros de sua família. E não pensem que isso é um negativo, muito pelo contrário.
A trama de Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg também é bem legal, ainda que seja simples. Controlamos a nada espetacular Marlone, ou Marie para os íntimos, que se encontra levemente enrolada com seus estudos. Nossa amiga está muito enrolada com os estudos, e em vias de não conseguir sua certificação da Royal Academy of Magic.
Contudo, nem tudo está perdido. Uma professora com um coração bondoso dá uma última chance para nossa chegada: a missão de gerenciar um atelier e, dentro de cinco anos, se tornar uma alquimista boa a ponta de criar itens que deixarão todos da academy de queixo caído. Realmente impressionante, não é mesmo? Nos meus tempos de faculdade, o remédio para se salvar de uma reprovação era muito estudo, desespero e súplicas junto aos professores por um pontinho a mais. Os bons tempos, não é mesmo?
Eu achei a história bem divertida, ainda que a premissa seja simples. Marie pode interagir com diversos NPCs ao longo de suas aventuras, muitos dos quais podem se tornar seus amigos, dividindo aventuras e suas próprias vivências. Todos são escritos com carinho e cuidado, o que ajuda a criarmos vínculos com eles e termos vontade de os levarmos em nossas aventuras. Me lembrei de um de meus JRPGs favoritos, Radiata Stories, que possuía um sistema parecido e tão adorável quanto. Se houver uma divindade dos remakes, espero que ela ouça minhas preces e me enviem um dele e de Godhand.
O ciclo de jogo de Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg se divide entre coletar recursos, sintetizar itens, realizar missões e, mais importante de tudo, gerenciar o tempo. Temos cinco anos para salvar a pele de Marie de uma reprovação, e cada dia é precioso. O jogo lida com tempo através da passagem de dias para cada ação que realizamos. Viajar entre lugares, sintetizar, batalhar, colher ingredientes, essas coisas. Acreditam que Marie leva um dia para pegar um cogumelo do chão? Com tanta enrolação, não é de surpreender que esteja tão encrencada com os estudos.
Tudo que fazemos é pensando em sintetizar o item mágico que nos salvará, e esse objetivo chega mais perto com cada coisa que fazemos. Esse é um ponto positivo da experiência, pois sentimos que a cada dia que passa Marie se torna uma alquimista melhor. Por exemplo, realizar missões e conversar com pessoas faz com que nosso atributo de knowledge aumente, permitindo a leitura de livros complexos na biblioteca da academy para aprender novas receitas para fazer. Essa noção de progresso é sensacional.
Contudo, as poções não se criam do nada. Precisamos viajar para uma série de pequenos mapas nos quais buscamos os ingredientes para os nossos trabalhos, que podem ser obtidos através de batalhas com monstros ou coleta em pontos específicos. É muito importante pensar com cuidado para onde vamos e o que queremos fazer, pois o tempo sempre está correndo e ele não nos espera.
Outro trabalho que temos em Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg é o de realizar quests, para ganhar dinheiros, conhecimento e reputação. Elas podem ir de coletar ingredientes até entregar produtos sintetizados ou partes de inimigos, e possuem a função maior de servir como fonte de renda e atributos para nós. Elas são simples de fazer, sendo a data de entrega o único problema a ser levado em conta. Afinal, prometer fazer algo e falhar no último segundo faz a reputação de Marie cair, o que não é nada desejado.
Outra mecânica muito legal de Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg é a de aventureiros. A cidade em que Marie vive possui uma série de personagens que podem ser recrutados, até um limite de duas pessoas, para compor o time que viaja conosco para nossas aventuras. Tudo mediante pagamento, é claro. O interessante é que vencer batalhas e viajar, além de fornecer experiência e atributos, também faz com que cada um deles se torne mais próximo de nossa protagonista, formando uma amizade a cada monstro derrubado e passo dado.
É muito interessante ver esses personagens, e outros da vila, se abrindo com Marie e pedindo ajuda para resolver seus problemas pessoais, tudo isso enquanto evoluem e crescem enquanto indivíduos. Esse foi um dos pontos altos do jogo para mim, e por muitas vezes me peguei viajando mais para ser mais amigo do velho cavalheiro de lança e da moça tímida que usa uma vassoura como arma, do que parar coletar rochas e plantas para fazer poções e bombas.
Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg também possui um combate no estilo clássico do gênero, com cada personagem agindo durante seu turno e tendo um tempo de espera entre eles ligado ao tipo de habilidade que se usa. Salvo o fato de que podemos usar muito do que criamos como consumível ou item de ataque, ele é bem simples e sem sal. E, diria, até um pouco fácil demais. Não que seja ruim, nada disso, mas acredito que seja mais uma formalidade do que um diferencial.
Em suma, Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg apresenta um ciclo de jogo bem maneiro. Um único problema é que, talvez, possa se tornar levemente repetitivo no começo, visto que não temos nem dinheiro nem ingredientes, muito menos conhecimento para as receitas mais fortes. Contudo, passado esse ponto, o título voa. Outra coisa que devo adicionar é que esse remake inclui um modo que não possui limite de tempo, o que ajuda muito na hora de obter amizade máxima com todos os personagens, e presenciar todos os eventos que a história possui. Jogar nele corta boa parte da frustração e do desespero do prazo dos cinco anos.
Sons e Visuais
Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg recebeu visuais novinhos em folha, mesclando a lembrança do original com um olhar contemporâneo. E, salvo por algumas texturas de terreno meio estranhas e pouca variedade em cenários, foi bem sucedido. Os modelos e artes são fofos demais, e achei cada um mais lindo que o outro. É um dos pontos mais importantes e bem feitos, em minha opinião.
A trilha sonora segue sendo maravilhosa, como de praxe na série Atelier. O título nos permite selecionar tanto a versão original de 1997 quanto a feita agora, e qualquer uma agrada. Temos faixas divertidas e relaxantes, que combinam muito com a estética e premissa do jogo, além de tornar a jogatina muito mais agradável.
Vale a pena comprar Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg?
Agora é que são elas, leitores e leitoras. Vamos sumarizar nosso papo sobre Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg para tentar entender se ele vale nossos suados ingredientes ou não. Bem, posso começar falando que o título é um remake bem feito do original, trazendo para a era moderna com todas suas comodidades, enquanto fornece opções para aproximá-lo o máximo possível da experiência noventista.
A história é bobinha, mas divertida, e os personagens fofos e bem construídos faz com que se envolver seja facinho, facinho. O sistema de tempo é meio pesado demais, independente do modo escolhido, mas nada que sugue a diversão de caçar ingredientes e criar itens enquanto vemos Marie se tornando mais habilidosa e cada vez mais querida pela vila de Salburg. O combate é meio bobinho e simples, mas acaba sendo rápido o suficiente para não ser um incômodo muito grande. Por fim, o começo do jogo pode ser um pouco lento e maçante, mas quando ele pega ritmo não para mais.
Em suma, Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg é um jogo muito divertido e leve, perfeito para aqueles momentos em que queremos nos perder em um mundo fofo sem passar raiva. Ainda que ele possua algumas arestas que poderiam ter sido aparadas, os novos confortos adicionados pelo remake e todo o resto do pacote faz com que ignorá-las seja trivial. Portanto, posso falar com tranquilidade que Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg mantém o padrão de excelência da série, sendo uma boa pedida tanto para seus fãs quanto para apreciadores do gênero no geral.
Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg será lançado digitalmente em 17 de julho de 2023 para Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Steam.
*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela Koei Tecmo.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 12 Jul 2023.