Guia da Semana

Os Battletoads estão de volta! Depois de um hiato de 26 anos desde seu último título, o grupo de anfíbios tem uma nova aventura no melhor estilo beat n’ up. Desenvolvido pela Rare e Dlala Studios, o jogo chega nesta quinta-feira, 20, para Xbox One e Windows 10. Nós tivemos acesso antecipado ao jogo e contamos tudo em mais uma resenha do Pizza Fria.

Uma volta em estilo (?)

Enquanto as desenvolvedoras investiram em manter o gameplay parecido com os último títulos da série, o estilo artístico apresenta grande mudança. Optaram por um design mais cartunesco, com cores vibrantes e traços simples. Há de se imaginar que se torne um ponto divisivo entre fãs antigos. É inegável, porém, que as animações são bem feitas.

Isso é verdade tanto durante a execução dos estágios quanto nas cenas que contam a história da aventura e são exibidas após completar alguma etapa. A dublagem tem qualidade, embora fique o desejo por um trabalho de voz nacional.

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Os Battletoads e a Dark Queen tem um novo estilo. (Imagem: Divulgação)

Os movimentos dos personagens, mantendo outra marca da série, continuam parecendo que saíram de um desenho animado. Entre evocar uma maquina de fliperama que explode e se transformar em múmia, os golpes se beneficiam do novo estilo e se mantém fluidos.

A história não é nenhum enredo vencedor de prêmios, mas diverte com um humor que surpreende em certos momentos. Nota-se a preocupação em agradar a fãs antigos com o retorno da vilã original, a Dark Queen, combinada à ideia de movimentar a franquia com novos antagonistas e personagens.

Três sapos, um grande combo

Battletoads mantém o trio de protagonistas da série intacto, oferecendo variedade ao jogador. Podemos assumir o papel do líder do grupo, Zitz, que se vale de apetrechos tecnológicos e combos demorados, Pimple, que serve como o brutamontes da equipe e possui sequencias menores, com mais dano em cada golpe, ou o estiloso Rash, que se firma como o personagem mais balanceado.

A quantidade de manobras disponíveis a cada um dos protagonista não é muito numerosa, mas é, ainda assim, decente. Os sapos possuem alguma variedade de combos, combinando dois botões de ataque diferente, além de golpes aéreos e um ataque de língua que puxa os adversários ao alcance de seus punhos anfíbios.

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A ação sempre envolve muitos inimigos na tela. (Imagem: Divulgação)

Naturalmente, durante o multiplayer, que tem capacidade para até três jogadores, a ideia é se juntar ao seu companheiro para produzir o combo com maiores acertos possível, combinando os ataques únicos dos três sapos.

Mas o jogo traz uma mecânica interessante que permite combinar os talentos individuais dos personagens também no single player.
Com um apertar de botão, é possível substituir um protagonista pelo outro no meio da sequência. O sapo da vez já chega com um golpe próprio, único para cada um dos personagens. Assim, o combo continua com outro personagem, e a variedade concede pontos extras.

A medida é criativa e interessante, aliviando a chatice comum de jogar um beat n’ up sozinho, ao mesmo tempo que estimula conhecer cada um dos personagens a fundo e faz uma lista de golpes pequena se tornar três vezes maior.

Jogar sozinho, inclusive, talvez seja uma realidade mais frequente do que deveria, pois Battletoads não conta com opção de jogo online. Realmente um pecado, considerando que estamos em pleno 2020.

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Os personagens contam com golpes especiais repletos de humor e cores. (Imagem: Divulgação)

Dificuldade ou frustração?

Sem dúvida, uma das características que fez o Battletoads original se tornar famoso (ou infame), foi sua elevada dificuldade. Aqui, ela volta viva e bem. Deixo claro que a nova versão não é, nem de longe, tão cruel quanto a original. O Battletoads atual contém uma grande dose de desafio. A terrível fase da moto aérea está de volta, e é bem garantida de presentear o usuário com alguns game over. Felizmente, o número de continues é infinito e existem check points. Também é possível ajustar a dificuldade.

O problema é que nem sempre o desafio vem desacompanhado de alguma frustração. Uma grande variedade de adversários com armadura, que precisam ser golpeados com um ataque forte antes de poderem ser atacados, combinados a ataques em área, inimigos que lançam projeteis e não podem ser puxados, culminando naqueles que se recuperam em meio ao seu combo e te interrompem. Isso tudo torna aquelas sequências enormes utilizando vários personagens, que falamos com tanta empolgação na seção anterior acabam sendo usados menos do que gostaríamos.

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A notória fase da moto está de volta. (Imagem: Divulgação)

O dano recebido também é alto, e acaba que, em muitos casos, passamos a batalha batendo estrategicamente e fugindo do contra-ataque. Cada sapo tem uma vida e, se nocauteado, devemos esperar alguns segundos até que ele esteja disponível novamente. Perdendo os três protagonistas, o jogo termina. Assim, acaba que passamos muito tempo somente correndo e evitando conflito, até que nossos companheiros estejam disponíveis novamente.

A recuperação também é complexa. Na maioria dos jogos do gênero, oferece itens de cura que aparecem em meio ao cenário, e basta passar sob eles, às vezes pressionar um botão, para ter sua vida recuperada. Não em Battletoads.

Aqui, devemos nos alimentar de moscas. Para tanto, é necessário apertar uma combinação de botões para disparar sua língua e pegar o inseto. Devemos, ainda, pressionar a direção correta, em meio a manobra. Pode parecer até simples, mas em meio a luta pela sobrevivência, com vários inimigos atacando, é uma complicação desnecessária.

Vale a pena comprar Battletoads?

Battletoads faz jus ao original, no que se diz respeito a ser um beat ‘n up de qualidade. Os controles são responsivos e a mecânica dos combos trocando personagem é criativa e bem divertida. Infelizmente se torna um desafio usá-la em meio às frustrações do combate. A aventura não é muito longa, mas certamente maior que a maioria dos jogos do gênero, o que é um atrativo.

Fãs do original certamente encontrarão a essência da franquia aqui, mesmo com uma apresentação gráfica totalmente distinta. Fãs dos beat n’ ups, que querem enfrentar um desafio e não se incomodam com alguma frustração, definitivamente aprovarão o título.

*Review elaborada em um PC equipado com GeForce GTX, com código fornecido pela Microsoft.

Pizza Fria

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Por João Gabriel Marques, Pizza Fria

Atualizado em 20 Ago 2020.