Chorus foi anunciado oficialmente durante um Inside Xbox em 2020. Após isto, o game recebeu grande destaque ao receber novidades em eventos que promoviam o poder do Xbox Series X|S, fazendo com que uma expectativa em relação aos visuais do título fossem criadas. Particularmente, este não foi o aspecto que mais me chamou atenção no game. Pois, além da promessa de belíssimos gráficos, a obra tinha a diferente premissa de ser um jogo com foco narrativa, mas com uma gameplay de naves.
Portanto, toda a jogabilidade do game é dentro de uma nave chamada Forzaken, que possui uma conexão forte com a protagonista. Assim sendo, será que está premissa tão intrigante consegue realmente entregar um resultado excelente e memorável? Confira agora em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
Nara, a guerreira mais mortal do Círculo
Chorus começa introduzindo a protagonista, Nara. Ela é uma guerreira criada por uma força de opressão chamada o Circulo, uma organização cujo objetivo é dominar e destruir planetas e civilizações que se neguem a aceitar o seu domínio. Durante a narração inicial da protagonista, ela diz que se tornou a melhor entre os soldados do Circulo, ao lado de sua nave chamada de Forsaken, ela destruiu civilizações, matou pessoas e causou diversos ataques pela galáxia, tudo em nome da organização opressora que ela seguia.
Entretanto, um dia ela foi comandada a destruir um planeta inteiro que se recusou a obedecer o Circulo. Embora tenha ficado receosa inicialmente, ela cumpriu sua missão. Após este evento, ela foi consumida pela culpa e fugiu, jurando nunca mais causar nenhuma atrocidade em nome da organização.
Assim sendo, ela abandonou sua nave Forsaken, e assumiu uma nova identidade, deixando seu passado e os seus pecados para trás. Ela se junta a uma pequena comunidade que buscava ajudar os necessitados em meio aos problemas da galáxia. Entretanto, em determinado momento, o circulo retorna e ameaça todos aqueles que estão a sua volta. Então, Nara precisa decidir se ela irá continuar fugindo ou enfrentar a organização opressora em uma batalha mortal que colocará em risco toda a Galáxia.
Uma narrativa que é pouco explorada
Embora o conceito inicial de Chorus seja interessante, ele acaba não desenvolvendo convincentemente diversos elementos na narrativa. Para começar, temos Nara, que embora seja introduzida de uma forma excelente, acaba não tendo um desenvolvimento interessante durante a história, o que faz com que o jogador não consiga se conectar com ela. Isto acontece porque o game não apresenta muitos momentos no qual realmente compreendemos o que a protagonista está sentindo.
Chorus foca muito em diálogos a bordo de nossa nave. Enquanto estamos navegando com nosso veículo pelos locais do game, Nara conversa com os personagens importantes, já que, normalmente, eles nos auxiliam durante as missões. Entretanto, estas conversas nunca são interessantes o suficiente para prender o jogador, o que torna o elemento de jogabilidade sempre o foco principal.
Este elemento ocorre porque o jogo depois de um tempo não explora interessantemente o passado de Nara, sendo que eles se resumem em diálogos com Forzaken, que diz de forma jogada alguns acontecimentos do passado da protagonista. Este mesmo problema está presente nos personagens que interagem conosco durante a campanha. Pois, nunca conseguimos nos apegar a eles, pois falta carisma, portanto, mesmo em momentos que deveríamos sentir algo em relação a eles, isto acaba não acontecendo.
Uma jogabilidade divertida
O grande forte de Chorus é a jogabilidade. Durante todo o game, controlaremos uma nave que podemos usar para nos locomover por diversos locais. Além disso, teremos combates insanos contra inimigos, normalmente o Circulo, no qual teremos que usar os armamentos presentes na nave para combate-los.
Ao assumirmos o controle de nossa nave, Forsaken, podemos atirar usando uma metralhadora acoplada no veículo, atacar usando um tiro especial que desabilita escudos e até mesmo atirar misseis. Além disso, ao decorrer do game iremos desbloquear habilidades, elas nos forneceram algumas vantagens em combate. A skill que mais foi eficaz durante o meu gameplay é uma que permite que a nave de Nara se teletransporte imediatamente para trás de um inimigo. Assim sendo, está habilidade em combinação com o poder de fogo de Forsaken, fornece uma forma de ataque poderosa contra os inimigos.
Os principais antagonistas que iremos encontrar no game são naves do Circulo, sendo que ao decorrer da campanha iremos nos deparar com inimigos cada vez mais difíceis de lidar. No começo do título, temos apenas naves que irão atirar contra Nara, logo surgirão vilões com escudos, bombas, misseis e assim progressivamente, tornando necessário que o jogador melhore suas habilidades e evolua sua nave.
Sistema de upgrade
Chorus apresenta um sistema de upgrade no qual podemos comprar upgrades para nossa nave. Para isto, temos que coletar recursos enquanto exploramos o mundo. Além disso, podemos usar sonar, que indica os objetos de interesse próximos da protagonista, função esta que ajuda na coleta de recursos e na busca por objetivos. Após termos coletado itens suficientes, é possível irmos na base da protagonista e adquirirmos algumas melhorias para Forzaken. Isto inclui, mais defesa, dano e até novas armas, porém, o custo de todas estás melhorias é bem caro e irá exigir que o jogador realize um certo farming pelos cenários.
Um mundo grande, mas com pouco a se explorar
Embora o mapa de Chorus seja relativamente grande, não temos muita variação nas missões. Portanto, sempre estaremos atacando naves inimigas, protegendo veículos aliados ou levando itens de um ponto A até ponto B. Está repetição faz com que o jogador não sinta a história realmente avançando, situação está que se agrava em conjunto com a narrativa pouco explorada que citei anteriormente. Portanto, chega um momento do título, que eu simplesmente estava focando apenas nas missões principais, pois os objetivos das secundárias acabam sendo praticamente os mesmo, porém fornecendo recursos em vez de fazer a história avançar.
Além disso, o game também força o jogador a farmar em alguns momentos. Pois, principalmente em cenários mais avançados no game, os desafios serão grandes demais para uma nave pouco equipada.
Puzzles extremamente frustrantes
Outro elemento que encontraremos durante a exploração, são pequenos quebra cabeças que teremos que resolver. Estas foram as partes mais frustrantes durante a minha experiência, pois, os desafios propostos exigem que o jogador acerte alvos ou atravesse obstáculos num timing extremamente curto.
Para exemplificar, temos uma situação na qual temos que atravessar alguns alvos e acerta-los rapidamente em um curto período de tempo. Para isso, devemos acelerar com a nave e fazer curvas atirando de forma rápida em cada alvo. Este desafio foi extremamente frustrante, pois o tempo para acertamos os alvos é muito curto, sendo que o jogador precisa acertar de forma 100% correta o timing ou simplesmente não irá avançar. Portanto, fica evidente que este elemento foi introduzido em Chorus apenas para ser um desafio a mais para o jogador, sendo que em outros aspectos, não existe função nenhuma para estes desafios.
Visuais e trilha sonora
Uma das promessas de Chorus, é que o título entregaria visuais que mostrariam o poder da nova geração. Infelizmente, eu não tive essa sensação durante a minha experiência. Pois, embora tenhamos uma grande variedade de cenários, que vão desde ao espaço, cavernas e planetas, em relação aos gráficos, não temos nada de novo ou revolucionário. Além disso, o game deixa a desejar nas expressões faciais da protagonista, sendo que fica difícil simpatizar com os sentimentos dela. Pois, mesmo em momentos que deveriam ter uma alta carga emocional, as expressões de Nara não transmitem isto convincentemente.
Por outro lado, a trilha sonora do game consegue entregar um resultado extremamente satisfatório. O título foca em trilhas originais e apresenta uma música mais calma durante a exploração, sendo que nos momentos de combate a música se intensifica para causar o sentimento de impacto no jogador. Este elemento é usado de forma acertada, pois a trilha realmente torna os combates verdadeiramente intensos e divertidos.
Desempenho
Minha experiência foi no Xbox Series S. Portanto, o game apresenta dois modos gráficos, desempenho e qualidade. No modo qualidade, temos uma resolução mais alta, e uma qualidade maior de texturas e efeitos, entretanto, com os FPS travados em 30. Já no modo desempenho, sendo este o que joguei, nos é apresentado uma qualidade um pouco menor nos efeitos e na resolução, porém temos 60 FPS sem quedas. Além disso, o game apresentou tempos de carregamentos extremante rápidos e nenhum problema envolvendo travamentos ou crashs.
Vale a pena comprar Chorus?
Chorus apresenta uma jogabilidade extremamente divertida, porém falha em entregar uma narrativa cativante. Além disso, o desenvolvimento dos personagens deixa a desejar, sendo que não temos o sentimento que tanto Nara, quanto os personagens ao redor dela estão evoluindo ao decorrer da campanha. Em relação aos visuais do título, temos uma grande variedade de cenários e uma boa qualidade gráfica, porém longe de termos visuais impressionantes ou revolucionários.
Por fim, a obra entrega uma experiência diferente do comum, e consegue divertir com sua jogabilidade responsiva e rápida, entretanto, os jogadores que esperam uma narrativa com um desenvolvimento minimamente profundo, podem se decepcionar.
Chorus foi desenvolvido pela Deep Silver Fishlabs e chega hoje, 3 de dezembro, para Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Steam.
*Review elaborada em um Xbox Series S, com código fornecido pela Deep Silver.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Leandro Paiva, Pizza Fria
Atualizado em 2 Dez 2021.