Company of Heroes 3, game da Relic Entertainment que será lançado para PC, via Steam no dia 23 de fevereiro, é um dos jogos de estratégia em tempo real mais aguardados do ano, prometendo novas e intensas e experiências para os fãs da franquia, que chega repleta de ação e muitas novidades! E, finalmente, podemos falar da versão final, após participar das duas previews feitas, que podem ser acessadas aqui e aqui. Enfim, chega de papo e vamos para o front em mais uma review antecipada do Pizza Fria!
A ocupação de Bengasi e a campanha no norte da África
Company of Heroes 3 traz como uma das grandes novidades a mudança de perspectiva das narrativas da guerra, trazendo as batalhas do Eixo e dos Aliados em uma outra localização, indo para o Mediterrâneo, indo desde as montanhas italianas até os desertos áridos do norte da África e suas belas vistas da costa. Assim, o game traz um lado do conflito pouco abordado pelas narrativas dos jogos, mais focadas em clichês de heroísmo. Desta maneira, temos o desenvolvimento de narrativas inéditas e cativantes, sendo uma delas, a do norte da África, baseada em acontecimentos reais, sendo o rigor histórico do título uma preocupação explicitada pelos desenvolvedores ao longo dos eventos de preview.
Como historiador e estudioso dos conflitos ocorridos ao redor do globo, senti que a ideia de abordar uma parte pouco conhecida da guerra foi uma jogada incrível da Relic, apresentando uma campanha intensa baseada nas batalhas ocorridas ao norte da África, colocando os jogadores no controle dos Deutsches Afrikakorps de Erwin Rommel, a “Raposa do Deserto”, em uma interessante campanha, que aborda os dois lados do conflito, mostrando através de cutscenes a situação de uma família judia de Bengasi. Isso torna a experiência mais imersiva e interessante aos jogadores, que poderão observar o conflito com novos olhares. Neste aspecto, Company of Heroes 3 foi certeiro, trazendo um pouco da humanidade da guerra.
Concluindo este ponto, os desenvolvedores buscaram trazer uma história de guerra mais robusta, com certa acurácia história, tentando se afastar de falsas narrativas como a “guerra sem ódio”, e a “Wehrmacht limpa”, apresentando uma rica camada narrativa, seja ao longo da gameplay, ou pelas cutscenes que, embora feitas de maneira simples, nos colocam diante das experiências de um homem judeu berbere lutando ao lado de britânicos e os efeitos da ocupação de Bengasi em sua família.
A grande novidade: a campanha dinâmica
Outro ponto maravilhoso de Company of Heroes 3, é a sua campanha dinâmica, diferente de todos os jogos anteriores. Ela se passa na Itália, colocando em ação britânicos e estadunidenses, além da resistência italiana, os Gurkhas (indianos) e os SSF (canadenses). O grande destaque, é que ela inova totalmente, apresentando uma série de novidades advindas do novo motor gráfico da Relic, o Essence Engine 5. Através do mapa dinâmico desta campanha, temos o controle de forças terrestres, aéreas e navais, que podem ser aprimoradas com diferentes habilidades.
E, para aumentar o nível da estratégia, jogada em turnos e missões de RTS, somos obrigados a construir linhas de abastecimento, além de tomar uma série de decisões que farão toda a diferença na jogabilidade. A ideia apresentada em Company of Heroes 3 nesta campanha, possibilita diferentes interações do jogador com três subcomandantes principais: Buckram, Norton e Valenti, cada um com suas próprias agendas e objetivos. Portanto, a cada escolha executada durante as missões, diferentes possiblidades surgirão, exigindo sua atenção.
Com isso, os jogadores terão a tarefa de controlar o esforço de guerra no front italiano, gerenciando diferentes pontos, além da velha e maravilhosa ação em tempo real. Portanto, a jogabilidade em Company of Heroes 3 toma uma nova e importante camada, acrescentando desafios que tornam a experiência em algo ainda mais completo e imersivo.
O multiplayer
O multiplayer de Company of Heroes 3 é desafiador, e confesso não ser o maior fã do gênero, sobretudo por ser muito apegado aos detalhes. Porém, o modo segue entregando um ótimo conteúdo. Trazendo as opções de jogo 1v1, 2v2, 3v3 e 4v4, é possível escolher quatro facções disponíveis: as Forças Americanas (EUA), a Wehrmacht (Alemanha), as Forças Britânicas e os Afrika Korps. Cada grupo conta com uma série de habilidades e unidades específicas, sendo cada uma delas adequadas a diferentes estilos de se jogar, algo que o jogo possibilita muito bem, diga-se de passagem.
Com uma série de novidades e até 8 jogadores em um mesmo mapa, Company of Heroes 3 nos coloca em cenários e condições muito próximas de uma simulação, sobretudo se levarmos em conta a preocupação com detalhes como coberturas, táticas, gerenciamento de recursos, criação de bases, um sistema de blindagens presente nos tanques e demais unidades móveis e muito, muito mais. Todos esses pontos tornam a experiência do jogador em algo imersivo e desafiador, tendo que lidar com tantas coisas além da peleja em si. Muito bom!
Vale a pena comprar Company of Heroes 3?
A partir da experiência ao jogar a versão final, foi possível reforçar as percepções obtidas nas previews anteriores e ver realmente o que Company of Heroes 3 se propõe a fazer. Meus destaques vão para a jogabilidade e os aspectos narrativos, muito bem articulados pela equipe de desenvolvimento, enfatizando aqui a grande ideia de se trazer diversas histórias para as campanhas, possibilitando ver os dois lados da guerra, com a Wehrmacht e os Afrika Korps e o povo judeu de Bengasi, apresentado na campanha no Norte da África.
Reforçando o que citei anteriormente, conhecer melhor as perspectivas da guerra, tanto de maneira sócio-histórica, mas também bélica e estratégica, é algo essencial e muito enriquecedor ao público, acostumado com algumas narrativas mornas e repleta de clichês de heroísmo e afins. Particularmente, a preocupação com a narrativa sempre me chamou muito a atenção na construção de um jogo, justamente por ver que há toda uma preparação por trás de uma mídia que também nos traz diversão. Concluindo, a narrativa das duas campanhas de Company of Heroes 3, que apresentam uma gama enorme de novidades, merece o devido destaque.
Outra questão positiva em Company of Heroes 3 foram os gráficos mais aprimorados, perfeitos para a proposta de um jogo isométrico de estratégia. Além disso, o cuidado com a jogabilidade, refinando algo que a franquia já tinha de bem concreto, apresentando também a pausa tática, muito útil nos modos offline, tornou tudo ainda melhor. Como destaque, cito aqui a questão do posicionamento das unidades e tanques, que contam com pontos fracos que, se não forem bem defendidos, podem mudar os rumos da partida, sendo uma questão estratégica extra para o jogador refletir sobre.
No quesito bugs e glitches, o game apresentou pequenos problemas como unidades presas em edifícios e alguns glitches gráficos, corrigidos após reiniciar o jogo. Ou seja, nada que um patch logo, logo resolva.
Desta forma, se você gosta de desafios e de jogos de estratégia, Company of Heroes 3 pode ser exatamente o que você está procurando. Se você curtir então a história da Segunda Guerra, melhor ainda. Concluindo, o título traz uma experiência de jogo simplesmente incrível, repleta de novidades que agradarão aos fãs da franquia e aos jogadores de títulos de estratégia em tempo real. Com um novo motor gráfico, IA aprimorada, clima dinâmico, personalização de unidades e campanha dinâmica, este é um título que não pode ser ignorado pelos fãs do gênero, sendo uma excelente pedida para o primeiro trimestre de 2023.
*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela SEGA.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Álvaro Saluan, Pizza Fria
Atualizado em 16 Fev 2023.