Até hoje, Final Fantasy VII é o jogo mais popular de uma das mais famosas franquias de videogames. Lançado há mais de 25 anos, ainda para o PS1, o título da então Squaresoft marcou uma geração de jogadores por trazer uma narrativa incrível, uma jogabilidade à frente do seu tempo e gráficos que dispensavam apresentações: após seis jogos em 2D, o sétimo jogo da saga principal da foi o primeiro em 3D.
O sucesso foi enorme, e por conta disso, a Square resolveu expandir a lore do jogo com lançamentos de novas mídias, incluindo o Final Fantasy VII: Advent Children, popular filme lançado em 2006 no Ocidente, que se passou dois anos após os acontecimentos do jogo. No entanto, dois anos após o filme, os jogadores puderam conhecer um pouco mais sobre os eventos que precedem o jogo, com Crisis Core: Final Fantasy VII.
Quatorze anos após o lançamento original, Crisis Core -Final Fantasy VII- Reunion, um remake fiel, mas com melhorias pontuais em gameplay e gráficos, chega para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One, PC e Nintendo Switch, e dá ao jogador o controle de Zack, o SOLDIER que é citado várias em FF7 em flashbacks. Mas antes de adiantarmos, eu preciso confessar: essa é a minha primeira experiência com Crisis Core, já que não tive a oportunidade de jogar o original! Quer saber o que achei? Vem aí mais uma review do Pizza Fria!
“Embrace your dreams!”
Crisis Core: Final Fantasy VII foi lançado em um momento de transição da indústria de jogos, em que os jogos com batalhas de turno não cativavam mais o público como em outra hora. Em 2007, quando o jogo foi lançado no Japão, RPGs como BioShock, Mass Effect e The Witcher também estreavam nas principais plataformas da época. No ano anterior, em 2006, a própria Square já havia lançado Dirge of Cerberus: Final Fantasy VII, que se passa após o jogo original, como um RPG de ação para PlayStation 2, e alcançou um relativo sucesso. Faltava o que aconteceu antes. Assim surgiu a proposta de Crisis Core.
O jogo nos apresenta à Zack Fair, um SOLDIER 2nd Class, que trabalha para a Shinra Electric Power Company, a megacorporação já conhecida do jogo original. Apesar de termos um começo meio dúbio, nossa missão é encontrar Genesis, outro SOLDIER que está desaparecido. Para isso, contamos com a ajuda de Angeal, também um SOLDIER, mentor e melhor amigo do protagonista, além de Sephiroth, o lendário antagonista do jogo base.
A história de Crisis Core -Final Fantasy VII- Reunion é dividida em dez capítulos, que não são longos. Eu levei cerca de 20 horas para terminar o jogo, e não cheguei a fazer 50% das missões opcionais (falarei mais sobre elas abaixo). Estimo que a história principal possa ser concluída com bem menos tempo do que isso, o que é um ponto interessante, já que trata-se de um RPG de ação, focado principalmente no combate, e com uma duração bem aceitável se considerarmos a época em que foi lançado.
O fato é que a narrativa de Crisis Core: Final Fantasy VII é boa e conta com um final emocionante, o que já vale alguns pontos extras pra mim. Ela preenche algumas lacunas do título original, como o que realmente aconteceu com Sephiroth em Shinra Manor, entre outros detalhes interessantes sobre o passado de Cloud. Além disso, há ainda informações adicionais que chegam através do e-mail do protagonista, que adicionam alguns extras. Por fim, também fica a impressão de que Zack é o verdadeiro herói de Final Fantasy VII, mas isso pode ser papo pra um outro artigo, quem sabe?!
“Activating combat mode”!
Como disse acima, Crisis Core: Final Fantasy VII era um RPG de ação em tempo real, ao contrário do seu jogo “base”, que é um RPG de turnos. Mas a repaginada para a versão Reunion ficou ainda melhor. Apesar da Square Enix considerá-lo uma remasterização completa, eu diria que o jogo foi é refeito mesmo, ao menos pelo conceito que a indústria estabeleceu. Não há meros filtros ou gráficos melhorados. O jogo está completamente diferente.
A primeira mudança significativa é na identidade visual, que é bem semelhante à de Final Fantasy VII Remake. Mas não para por aí: o game passou por uma repaginação completa, desde cenários completamente refeitos, até modelos de personagens, cutscenes, dublagem completa (em inglês) e afins. E pela minha pesquisa, a história ainda é essencialmente a mesma, somente com todas as melhorias gráficas e de gameplay que a modernidade nos proporciona. Legal, né? Talvez essa ideia de remaster seja expandida para outras produtoras. Assim, Crisis Core -Final Fantasy VII- Reunion é muito mais um jogo de 2022 do que um jogo de 2008 com filtros bacanas.
E o gameplay de Crisis Core foi feito justamente para aqueles que gostaram de Final Fantasy VII Remake, pois funciona de uma forma bem semelhante. O único personagem que controlamos em todo jogo é Zack, então podemos focar nossos esforços somente em aprender como ele funciona, assim como as Materias que temos disponíveis. No começo, podemos usar apenas quatro tipos de Materias e equipar dois acessórios, mas o número sobe para seis e quatro, respectivamente, conforme avançamos na história e nas missões secundárias.
Os controles também são bem familiares: atacamos com quadrado, nos defendemos com R1, mas podemos usar itens selecionando-os com L2/R2 e confirmando com O, ou ativar uma roda de Materias equipadas ao pressionar L1. Todos os golpes são de fácil acesso, e o mapeamento de qual Materia equipar é livre, cabendo ao jogador decidir e memorizar. As Materias evoluem conforme são usadas e, à medida que progredimos no jogo, ganhamos a habilidade de fundir Materias, inclusive com Itens, para desbloquear novas magias.
Também é importante frisar que Crisis Core -Final Fantasy VII- Reunion conta com um tipo diferente de evolução dos personagens, bem como do uso dos tradicionais summons e golpes especiais da série. Através de algo chamado de DMW, durante as batalhas, temos três slots correndo sequencialmente e ficamos à “mercê da sorte” sobre o benefício que teremos. Podemos tirar desde algo que não gasta MP/AP, invocar um summon, dar um golpe especial ou mesmo fazer o 7-7-7 e subir de nível, já que não há ganho de experiência nas batalhas. Dito isso, só me resta orientar você a equipar Materias de magia, evoluí-las para ganhar tempo, tornando as batalhas o mais curto possível.
“Conflict resolved!”
Falando um pouco mais sobre o sistema de combate de Crisis Core -Final Fantasy VII- Reunion, os jogadores terão, além de missões de história, diversas missões secundárias para cumprir. Elas são acessíveis através do menu principal, em um save point, ao clicar em Missions. São várias opções, mas elas contam com um problema crônico: são extremamente repetitivas.
Todas elas consistem em ir para determinadas áreas – que também se repetem muito – e derrotar um inimigo em específico, marcado no mapa. Pelo caminho, podemos encontrar baús com itens que vão nos auxiliar na jornada. Progredir por elas vale, principalmente, para obter itens que ultrapassam o Limit Break, além de serem uma boa oportunidade para evoluir o nível do personagem, como dito anteriormente. Explorar essa linha de missões secundárias nos leva também para o boss mais difícil do jogo: Minerva, que requer uma evolução praticamente ao máximo para ser derrotada.
“Come and Get It!”
Agora falaremos sobre a parte audiovisual de Crisis Core -Final Fantasy VII- Reunion. O jogo é bonito, bem construído, mas talvez até para manter um “charme” de remaster, não há tanto detalhamento gráfico nos modelos de personagens. Ainda assim, são consideravelmente melhores dos que o de 2008, mas inferiores aos apresentados em Final Fantasy VII Remake. O mesmo vale para os ambientes abertos, que são mais bonitos, mas deixam a desejar. Por outro lado, ambientes internos, como salas e o próprio prédio da Shinra, parecem que ganharam mais atenção. Isso não é um problema, principalmente quando a proposta de remaster foi ultrapassada com sobras.
Já a parte audiovisual merece elogios pela inclusão da dublagem em todas as falas e cenas do jogo. Desde uma simples conversa com um NPC, até as cutscenes, tudo ganhou dublagem. Um recurso que dá mais vida ao jogo. Porém, fica minha crítica para a ausência de localização em português, que em pleno 2022, inexplicavelmente ficou de fora. A trilha sonora é boa, mas limitada e com algumas ressalvas, ao meu ver. Longe de ser esquecível, mas é repetitiva ao longo do jogo.
Vale a pena comprar Crisis Core -Final Fantasy VII- Reunion?
Falando para quem jogou Final Fantasy VII original e, assim como eu, não teve a oportunidade de jogar Crisis Core, Reunion é um título que vai te deixar bem satisfeito. O jogo conta com um gameplay atualizado e divertido, não alongando a narrativa em tempo mais que necessário. A história é boa, e complementa bem as lacunas deixadas. Como um fã de FFVII, fica difícil não recomendá-lo, pois mesmo com o problema de missões secundárias muito repetitivas, sua narrativa principal compensa.
Além disso, a Square Enix mostrou que é possível fazer um novo tipo de remasterizações, sem apenas aplicar novos filtros e melhorar a performance, trabalhando em uma completa atualização de modelos de personagens, gráficos, dublagem e interface visual. Esse ponto, por si só, merece ser citado, pois é algo que gostaria de ver mais vezes, inclusive em títulos populares da própria empresa. Ao meu ver, já que mexeram em tantos elementos visuais, poderiam ter incluído ao menos legendas em português, como alguns dos títulos mais recentes da franquia contam.
Por fim, Crisis Core -Final Fantasy VII- Reunion está disponível para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One, PC, via Steam, e Nintendo Switch. No Metacritic, o game conta com uma média de 78 pontos na versão avaliada.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Square Enix.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Lucas Soares, Pizza Fria
Atualizado em 21 Dez 2022.