Ghost Song é um jogo de ação e plataforma em 2D, dentro do meu amado e adorado estilo metroidvania, desenvolvido pela Old Moon e publicado pela Humble Games. O título nos coloca no controle (literalmente) de uma armadura espacial que desperta sem saber o que raios está acontecendo e sai andando para frente, pulando e atirando na fauna local. Padrão.
Será que vale a aventura? É o que veremos agora, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
Roupa velha
Olá leitor, cá estamos nós novamente. Se perceber, verá que minha voz está diferente. Bem, ou não, porque está lendo e o som não se passa por aqui. Enfim, use sua imaginação leitora. Ouça minha voz de Darth Vader e trema! Eu me tornei um ser evoluído, e estou usando minha mais nova roupa espacial. Inspirado, devo dizer, pelo jogo da semana: Ghost Song.
Meus sensores indicam, aliás, que estou produzindo um nível surreal de alegria. Afinal, nossa estrela da vez se encaixa dentro dos maravilhosos metroidvanias, um dos meus estilos mais adorados de todos os tempos. Mas o que seria isso, você se pergunta? Ora ora, forma de vida terráquea, para sua sorte já defini em outras análises do tipo, e vou repetir aqui:
Ele se resume, basicamente, em uma exploração de plataforma com combate e habilidades que são destravadas ao longo do tempo que concedem acesso à novas áreas. Além disso, conta com elementos de RPG como níveis, equipamentos e afins. Pode, ou não, incluir elementos souls ou roguelite/like.M47, Moonscars
Falemos um pouco da história. Ghost Song conta as desaventuras de Deadsuit, uma armadura/roupa espacial que acorda em um belo dia (ou noite, vai saber) com o maior problema de qualquer protagonista de videojogos: amnesia. Tão frequente. Será que o plano de saúde cobra isso? De todo modo, nossa roupinha camarada decide sair correndo em um plano 2D atirando contra a fauna e flora em busca de respostas.
E a coisa de desenvolve daí, de forma interessante até. Gostei muito das interações entre a protagonista e os outros gatos pingados que se encontram perdidos pela lua de Lorian. Sejam sobreviventes em busca de uma saída do lugar, ou caçadores em busca de presas, todos possuem motivações e pontos interessantes para adicionar. Além de tudo, ver o “coração”(?) de nossa Deadsuit descongelando conforme lida com outras formas de vida é adorável.
Grande parte das falas é narrada, o que também é muito legal. Tudo considerado, acredito que Ghost Song consegue criar uma narrativa suficientemente interessante para compelir o jogador na busca pelo desfecho, e também humaniza a personagem através de seus pares, cada qual com suas próprias necessidades, medos e esperanças. Curti.
A jogabilidade de Ghost Song, como citei acima, cai dentro do bom e velho Metroidvania. Interessante notar que ele puxa mais para o lado Metroid, em minha opinião, do que Castlevania. Nossa protagonista conta com um canhão de mão, estilo Megaman, que atirar de forma rápida e frenética até sobrecarregar. A temperatura alta faz com que ele fique consideravelmente mais lento, mas o calor do barril faz com que nossos ataques físicos fiquem mais fortes.
Isso cria uma dinâmica interessante, principalmente porquê possibilita que criemos estratégias e builds de acordo com o que queremos. Por exemplo, equipar alguns modificadores de armadura podem fazer com que o canhão chegue ao limite mais rápido, por exemplo. Somado aos diferentes modelos de armas de contato que temos, seus custos de stamina para uso e os diversos especiais que achamos, isso resulta em uma experiência bem variada.
Matar os inimigos concede experiência, ou gel como chamam, que pode ser gasta para melhorar diversos atributos da personagem. Poder de tiro (apertar o gatilho com mais força, talvez?), mais mana para especiais, mais vida, stamina, essas coisas. Podemos escolher “perfis” de habilidade que influenciam quanto cada um deles aumenta. Isso é bom, principalmente por permitir que tenhamos uma Deadsuit do nosso jeitinho,
Ghost Song conta com controles precisos, firmes e uma jogabilidade bem fluída e divertida. É fácil desviar, pular e dar tabefes em qualquer bisonho que aparecer pela frente. E isso é bom, porque boa parte do jogo será passada pulando em pequenas plataformas, desviando de inimigos, tiros e toda sorte de atentado claro ao nosso bem-estar. Ah, e certas habilidades fazem a casadinha de útil tanto na treta quanto na exploração.
E explorar iremos, em boa quantidade. Muitos dos upgrades que precisamos para avançar estão em áreas inacessíveis até termos um poder x ou y. Aí entra uma das minhas birras com Ghost Song. Muita coisa está escondida atrás de paredes difíceis de perceber, principalmente quando estão cobertas por algo que pode ser destruído. Além disso, é fácil ficar perdido sem saber o que buscar, e onde.
Isso me frustrou demais. Ficar indo e vindo pelo mapa tentando achar um lugarzinho que pode conter o tão sonhado avanço é um porre. Piorado, ainda, pelo fato de que os pontos de viagem rápida são suficientemente espaçados para que ficar zanzando pelas áreas seja mais demorado do que o devido. Matou a experiência? Jamais, leitora. Me fez praguejar? Definitivamente, leitor.
Sons e Visuais
Ghost Song conta com visuais 2D agradabilíssimos, com modelos bem animados e desenhados. Mas, o que mais agradou foram os cenários e como constroem um ambiente de desolação e depressão. Deadsuit caminha por uma lua quase abandonada, habitada apenas por meia dúzia de gatos pingados e uma sorte de insetos e alienígenas que desejam sua carcaça para o jantar. O jogo passa uma melancolia quase poética, e esse departamento foi essencial para que isso se realizasse.
A trilha sonora é boa, mas sinto que poderia ter sido melhor utilizada. Muitos momentos contam apenas com os sons dos monstros e tiros, o que também é bom e gera tensão. Mas, ouvir um pouco mais das músicas também seria legal. Os tracks são legais, e deveriam ser mais exibidos. Os sons são competentes, com muitos dos monstros soando como perigos perturbadores. E o barulho dos tiros do canhão é the tops.
Vale a pena comprar Ghost Song?
Bem chefias, devo dizer que meu plano de me tornar uma máquina falhou. Ao ver o preço dos combustíveis e peças necessários para manter minha forma evoluída rodando, percebi que tudo estava muito acima de minha faixa salarial. Que droga. Bom, ao menos tive a oportunidade de conhecer o lado das máquinas e ter mais uma história pra contar. Falemos de Ghost Song, então.
O jogo é um Metroidvania competente, com uma atmosfera bem construída e cheia de charme. A personagem controla bem, temos muitas opções de habilidades e armas e pular e realizar movimentos é preciso e agradável. Por outro lado, é fácil ficar perdido e sem saber o que fazer. Isso é bem frustrante, e acaba desanimando em alguns momentos. Mas, nada que um pouco de paciência não resolva.
Ao fim e ao cabo, Ghost Song é uma pedida certa para qualquer fã do gênero. O jogo realiza com folga tudo a que se propõe, entregando uma experiência bem fundamentada e divertida. Frustrações e xingamentos por estar perdido à parte, devo dizer que o tempo despendido na jogatina foi muito bem utilizado, obrigado. Por fim, até aqueles que não são fans do melhor estilo vão achar o que curtir aqui. Recomendo tranquilamente.
Ghost Song será lançado no dia 3 de novembro para Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4 , PlayStation 5 e PC, via Steam. Ainda não há preço definido em todas as plataformas.
*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce GTX, com código fornecido pela Humble Games.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 31 Out 2022.