Gungrave G.O.R.E é um jogo de tiro em terceira pessoa, misturando ação e shoot’em up, desenvolvido pela Iggymob Co. Ltd. e distribuído pela Prime Matter. O título nos coloca no controle de Beyond the Grave, um hitman da máfia trazido de volta dos mortos, que faz parte de uma organização responsável por caçar uma série de monstros e outras aberrações criadas pelo homem. E matar alguns velhos desafetos, obviamente.
Será que vale a pena encarar esse rojão? É o que veremos agora, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
O que levas em vosso caixão?
Dezoito anos, leitor(a). Muita coisa pode acontecer em dezoito anos. Relacionamentos começam e terminam, impérios surgem e desmoronam. Memes aparecem e, rapidamente, se tornam obsoletos. Dancinhas que ontem eram super quentes no Fortnite, hoje, passam a ser tããão cringe, mano. E, além disso, esse pode ser o tempo necessário para que uma velha franquia renasça das sombras.
Entra, triunfalmente, Gungrave G.O.R.E. Eu lembro de ter jogado e amado na época do PS2, e depois esquecido dos jogos da série. Lembro de ter muitos tiros e estilo, de ser desenhado pelo lendário autor de Trigun (assistam), e ter um protagonista porreta. Imaginem minha surpresa, então, ao saber que o último título, lançado em 2004, teria uma sequência.
Hoje, ao fazer meu passeio matinal de trinta segundos, vi um caixão enorme cair na entrada de casa. Nada de novo, depois da nave de Star Ocean. Bem, mais incrível ainda foi ver um caubói de dois metros sair dele, me entregar um código e seguir andando como se nada houvesse ocorrido. Realmente, esse bairro está cada dia mais bizarro. Enfim, após digitar a dita e cuja sequência em minha Steam, tive acesso ao nosso jogo da vez: Gungrave G.O.R.E.
Como sou um cara esperto, leitor(a), irei aproveitar o que falei lá em minha preview para contextualizar esse rolê. A trama começa com nosso pistoleiro zumbi favorito, Grave, indo para uma cidade chamada Scumland para dar cabo do que restou da organização de seu rival do jogo anterior. Junto de sua companheira Mika, também de longa data, nosso camarada precisa quebrar tudo e todos para desmantelar a organização que domina o local e por um ponto final em seus assuntos inacabados. A história se desdobra por outras bandas ao longo de sua duração, mas nada que vá ficar na memória ou marcar sua vida. Ela é tão boa quanto necessário em um jogo no qual atiramos 1000 balas por minuto, podemos dizer.
E é isso, em suma. Seja como for, ainda achei bem interessante a premissa, em se tratando do universo da obra, e da maneira com que as cenas são apresentadas. Gungrave G.O.R.E tem um estilo muito interessante, tanta na animação quanto no design dos personagens. Grave está the tops, e o look atual somado aos óculos de grau que usa me remeteram muito ao anime. Bons tempos.
Mas devo admitir, leitor. Me julgue se quiser, leitora. Não me importo. Eu não fiquei empolgado com o conto do pistoleiro zumbi. Pelo contrário, o que realmente me fez ficar empolgado foi a ação.
Mas, como já sabemos, a promessa de balbúrdia e loucura nos atraiu para Gungrave G.O.R.E. Como falei acima, o título é um passeio pelo gênero shoot em’ up com pitadas de ação. Por isso, entende-se: nosso chegado pode atirar uma quantidade absurda de projéteis em um curto espaço de tempo, enquanto desvia de uma barragem de toda sorte de civilidades lançadas por seus inimigos. Suave!
Grave conta com suas pistolas, que possuem o abençoado dom dos pentes infinitos, que atiram em uma velocidade absurda. Além disso, ele carrega um caixão (o ataúde funesto) que pode ser utilizado tanto como arma de contato quanto apoio para lançar diversos golpes especiais como tiros de foguete, rajadas de metralhadora ou munição de calibre grosso. Um deles, inclusive, faz nosso camarada utilizar a mesma pose vista pelos mariachis no filme homônimo, estrelado por Antônio Banderas. Um clássico moderno, de fato.
Atirar é uma alegria, principalmente pelos sons dos tiros e pelo que podemos fazer. Atirar em sequência faz nosso camarada começar a pular e atirar muito rápido, aumentando consideravelmente o dano. Mas, precisamos ficar ligados para não estacionar por muito tempo e virar um alvo fácil. Saber quando utilizar as habilidades que tiram a mobilidade e quando correr, esquivar e pegar inimigos como escudo humano (enquanto o nosso recarrega) é essencial. Essa dinâmica é interessante, e faz com que precisemos sempre estar considerando quais inimigos enfrentamos e qual a melhor forma de agir.
Além disso, Gungrave G.O.R.E conta com uma boa quantidade de inimigos. Muitos deles nos obrigam a estar sempre desviando e pulando, e nunca podemos marcar bobeira. Os chefes, também, são bem divertidos e desafiadores. Uma coisa que me incomodou, no entanto, são os capangas que nos empurram com ataques. Levando em conta que muita coisa necessite que fiquemos estacionados, ser empurrado para trás a todo momento é bem irritante.
As fases são variadas, com pegadas diferentes e, inclusive, com algumas delas nos dando controle de outros heróis. Isso é um plus, e ajuda a variar as coisas. Uma pena, no entanto, que certas ideias dependam de mecânicas pouco polidas. Tudo que envolva saltar ou correr contra o tempo, por exemplo, é frustrante demais. A ponto de, em vários momentos, me fazer deixar o jogo de lado.
Gungrave G.O.R.E tem boas intenções, mas uma certa falta de refino geral faz com que certas coisas que, em tese, deveriam ser banais se tornem esforços hercúleos. Como falei acima, o jogo não foi construído, ao menos em minha experiência, para nada que exija muita finesse. Portanto, espere se irritar consideravelmente em algumas vezes. Não mata a diversão, jamais. Mas a torna o conjunto da obra um pouco menos palatável.
Sons, Visuais e Performance em Gungrave G.O.R.E
Gungrave G.O.R.E entrega gráficos competentes, mas sem exceder. Os modelos são muito bem-feitos, em grande parte devido ao estilo clássico de Yasuhiro Nightow. Contudo, as texturas são bem básicas. Inclusive, muitas delas falham em carregar em diversos momentos. Além disso, as animações são simplórias e, me parece, careciam de alguns frames a mais. Certos movimentos são muito acelerados, fazendo parecer que o gigante Grave está indo na velocidade da luz, ou se movimentando como um robô.
A sonoplastia, no entanto, já é bem melhor. Os tiros são barulhentos, as explosões são altas e a trilha sonora é pauleira. O constante passeio entre o eletrônico e o rock pesado ajudam a colocar ainda mais lenha na fogueira nos combates mais caóticos e acirrados. Eu curti muito, e definitivamente foi algo que enriqueceu minha experiência de jogo
Gungrave G.O.R.E , infelizmente, não tem uma performance muito boa. Stuttering é algo que vemos sempre, mesmo em configurações baixas. Até girei a manivela de meu PC com mais afinco, mas nada funcionou. O que é de se surpreender por dois motivos. Primeiro, porque tenho força no braço. Segundo, porque minha máquina tem especificações mais do que suficientes para jogar liso em alta fidelidade. A meu ver, isso acaba dando uma impressão de que faltou mais algum tempo no forno para o título. É notável que foi feito com esmero e bem pensado. Mas, no momento da escrita, ainda antes do lançamento, ele ainda está um pouco cru.
Vale a pena comprar Gungrave G.O.R.E?
Hora de sacar e acertar bem na mira de Gungrave G.O.R.E, leitora. Observe o mestre, leitor. Bom, recapitulemos o que vimos até agora para ver o que pensar dessa nova escapada de meu velho compadre Beyond the Grave. O jogo tem uma trama bem básica, quase como se fosse um anime de temporada, que serve para botar as coisas para andar, mas não vai entrar para nenhuma lista de mais apimentadas do ano.
O jogo tem uma performance bem aquém do esperado, e a experiência sofre por isso. Seja no gameplay ou visual, tudo trabalha para tornar a obra bem mais crua do que deveria. Isso também ocasiona certas frustrações com qualquer coisa que necessite de movimentos refinados e rápidos. Ainda, o estilo de jogo pode fazer com que se torne repetitivo após algum tempo. Contudo, eu não senti isso.
Por outro lado, o tiroteio é divertido demais. Ficar parado atirando e pulando como um coelho necrótico da vida é um deleite, principalmente com a trilha sonora embalando a balbúrdia. Por mais que tenha me irritado em alguns momentos, eu estava me divertindo tanto que nem praguejei o tanto que poderia ter feito. E isso, por si só, já é um feito.
Ao fim e ao cabo, Gungrave G.O.R.E é uma boa porta de entrada para quem quiser conhecer a série. E, inclusive, uma boa motivação para que compilem os jogos antigos em um pacote arrojado e relancem para a nova geração. A experiência pode ser meio turbulenta, male que pode ser amenizado com patches, e o estilo de jogo pode cansar alguns. Mas, fãs de jogos de tiro em terceira pessoa, no geral, e apreciadores de uma boa ação desenfreada e caótica poderão se agradar um bocado com o que temos aqui. Basta ter um pouco de paciência na hora de mirar.
Gungrave G.O.R.E chega nesta terça, 22, para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC, via Steam.
*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce GTX, com código fornecido pela Prime Matter.
Pizza Fria
Reviews, notícias e tudo sobre o mundo dos gamesPor Matheus Jenevain, Pizza Fria
Atualizado em 22 Nov 2022.